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AM: laboratório de holograma deve atender ribeirinhos

Tecnologia transmite via satélite, em tempo real, imagens tridimensionais de um objeto ou pessoa. Como os dois lados se enxergam, permite, inclusive, que o examinador peça para o paciente se aproximar ou mostrar melhor alguma lesão

25 nov 2014 - 11h38
(atualizado às 12h32)
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Projeto prevê instalação de estaleiros de navios de médio e grande porte em área do rio Amazonas
Projeto prevê instalação de estaleiros de navios de médio e grande porte em área do rio Amazonas
Foto: Elaíze Farias / Agência Pública

Poderia ser uma cena de Star Wars. Mas, em cerca de um ano, deve acontecer em comunidades ribeirinhas da Amazônia. Por meio da holografia, ou a transmissão de imagens tridimensionais em tempo real, os moradores da região devem receber cuidados médicos para diagnosticar, orientar e supervisionar tratamentos a distância.

Por enquanto, só a primeira parte do projeto está pronta - no último dia 10, foi inaugurado o primeiro laboratório holográfico do País, instalado no campus da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Centro de Referência em Assistência à Saúde do Idoso e Serviço de Geriatria (Crasi). O projeto é parte do Programa Telessaúde e do Acordo de Cooperação Técnica, Acadêmica e Científica entre a UFF e a Marinha do Brasil.

Na inauguração do laboratório foi feita a primeira simulação de um atendimento. Para funcionar realmente, é preciso instalar tanto o laboratório do emissor quanto do receptor. A coordenadora técnica do projeto, Jamaci Lima, conta que os testes e pesquisas necessários para fazer a tecnologia funcionar acontecem há três anos e esta é apenas a primeira fase do projeto. Para completar a fase inicial, foram investidos cerca de R$ 500 mil para a montagem da sala, por parte da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

O coordenador acadêmico do programa, Licínio Esmeraldo Da Silva, explica que o atendimento por meio da holografia pode auxiliar no diagnóstico de doenças neurocognitivas como o Alzheimer, além de estabelecer condutas terapêuticas a distância. Mas os usos podem ir além. “Mais adiante, como a Marinha faz missões em outros países, a tecnologia pode auxiliar o intercâmbio na área de saúde com o exterior. Ou até ser utilizado por nossos pesquisadores baseados na Antártida. Estamos estudando a possibilidade”, conta. O professor garante que a holografia é eficiente o suficiente para ser utilizada na medicina. “Ela dá todas as condições de se fazer um atendimento médico e chegamos a essa conclusão por meio de testes e estudos anteriores.”

Para o vice-almirante da Marinha do Brasil e presidente da Fundação de Pesquisa dos Amigos do Hospital Naval Marcílio Dias, também parte do projeto, Edson Baltar da Silva, a utilização da tecnologia avançada em transmissão de imagens é importante para a medicina por permitir que o médio auxilie as populações remotas em tempo real. “As imagens holográficas são muito claras e permitem uma visão detalhada da situação do paciente. Se o médico da região remota precisar de uma orientação de um setor com maiores recursos, como os dois hospitais envolvidos, a holografia supre essa necessidade. Existem imagens transmitidas a distância atualmente, mas não com a qualidade e interatividade da holografia”, afirma.

A tecnologia transmite via satélite, em tempo real, imagens tridimensionais de um objeto ou pessoa por meio de de um ponto gerador do sinal, que passa as imagens para o ponto receptor. Os ambientes precisam estar equipados com iluminação e câmeras especiais, além de computadores apropriados para receber a transmissão. Como os dois lados se enxergam, a tecnologia permite, inclusive, que o examinador que está a distância peça para o paciente se aproximar ou mostrar melhor alguma lesão e interaja com ele para tirar dúvidas. Além da unidade que já está funcionando na UFF, ainda serão instaladas câmaras de holografia no Hospital Naval Marcílio Dias e nos navios hospitais que atuam na Amazônia, prestando atendimento à população ribeirinha.

Da Silva explica que para a Marinha, o leque de utilidades que a tecnologia pode ter no futuro é grande. “O paciente ribeirinho que a Marinha atende tem características de múltiplas patologias. A holografia permite o desenvolvimento de uma série de trabalhos, incluindo a análise e captação de dados de saúde na Região Norte, que teremos quando a parte tecnológica estiver pronta”, adianta. Ele informa que a Marinha está estudando qual seria o próximo passo no projeto, se as próximas câmaras holográficas serão instaladas no hospital naval, que já tem uma área definida para abrigar a tecnologia, ou nos navios hospitais.

Apesar da perspectiva de avanço para a medicina brasileira que a tecnologia traz, segundo Jamaci, não há previsão para o início dos atendimentos aos ribeirinhos. Ela informou que após prestar contas à Faperj sobre a primeira fase do programa, poderá ser feita nova licitação para dar seguimento às fases seguintes, mas sem estimativa do valor necessário. “Esperamos que dentro de um ano a população já possa ser atendida por meio da holografia. Isso será possível dependendo da possibilidade de verba disponível”, diz.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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