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Campuseiros avaliam edição 2012: "cresceu e não se preparou"

12 fev 2012 - 18h53
(atualizado em 25/1/2013 às 10h40)
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Ismael Cardoso
Direto de São Paulo

Se no ano passado as polêmicas envolvendo a Campus Party Brasil foram as quedas de energia e da internet, neste ano o destaque ficou por conta da sensação de insegurança durante o evento, que terminou neste domingo. O Terra ouviu alguns campuseiros, que relataram o que de melhor e de pior foi oferecido em termos de estrutura, segurança e alimentação para os participantes que vêm todos os dias para o Anhembi ou que acampam no parque.

Segundo a organização, edição 2012 teve 7,5 mil participantes, sendo que 5,5 mil acamparam no pavilhão
Segundo a organização, edição 2012 teve 7,5 mil participantes, sendo que 5,5 mil acamparam no pavilhão
Foto: Ismael Cardoso / Terra

Galeria de fotos: Star Wars, protesto e diversão: veja 170 fotos da Campus Party 2012
Infográfico: Veja o pavilhão da Campus Party 2012 em foto 360°

"Está uma bagunça. A gente não confia em ninguém. Nas outras edições a gente ficava mais à vontade e confiava mais na estrutura", afirmou a funcionária pública e blogueira Luciana Mayumi Ueda, 30 anos, que está acampada e participa pelo quarto ano seguido da Campus Party Brasil. "Entrei mais de duas vezes sem ninguém sequer olhar na minha cara ou verificar meu crachá", disse. "O evento cresceu muito sem se preparar para isso. A estrutura de limpeza e segurança não conseguiu acompanhar", avaliou.

Mesmo com o registro dos equipamentos eletrônicos que impede - na teoria - que eles saiam do evento com uma pessoa que não o seu dono, Luciana manteve o notebook preso a um cadeado na sua bancada. "Até comida que você deixa na mesa some", disse.

Já o estudante de Sistemas de Informação Maykon Perin dos Reys, 22 anos, disse que depois da prisão de um homem por furtar três notebooks, todos ficaram em alerta. "A gente ficou mais de olho, um participante da caravana sempre cuidando do outro", afirmou o campuseiro que participa pela primeira vez do evento e integra uma caravana da Universidade Federal de Cuiabá (MT).

O técnico em informática Erick Mosca de Oliveira, 21 anos, de Bauru (SP), veio pela primeira vez à Campus Party e lamentou os furtos em barracas. "Logo que eu vi no Facebook e no Twitter o pessoal reclamando, fui correndo ver a minha barraca", contou. "É uma pena, porque o evento é excepcional", disse. Ele comprou durante o evento um cadeado para o notebook, e afirmou que manteve sempre cadeados em sua mochila, mala e barraca.

O temor de novos furtos foi o motivo para que o estudante Lucas Graboski, 17 anos, de Uberlândia, interior de Minas Gerais, resolvesse deixar a Campus ainda no sábado à tarde. "Depois de tudo que aconteceu essa semana, alguém pode aproveitar a confusão da desmontagem e roubar alguma coisa", afirmou.

Até a sexta-feira, a Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista (Deatur) tinha registrado 78 ocorrências por furto durante o evento. Furtos em barracas motivaram protestos de campuseiros durante a tarde de sexta, chegando a interromper a palestra do gerente de Produto e Desenvolvimento de Negócios da Rovio, empresa criadora do Angry Birds, Julien Fourgeaud.

Filas x segurança
Para Maykon, o plano de segurança para entrada e saída do evento, que envolve máquinas de raio-X e detectores de metais, além da verificação de um código de barras na credencial e no equipamento dos participantes, é insuficiente. "A fila é grande e só é feita uma avaliação visual. É um evento de tecnologia, tem outras soluções melhores para resolver o problema da segurança e agilizar a entrada e a saída, como o RFID (etiqueta de identificação automática por radiofrequência)", sugeriu.

Já para a psicóloga Ana Teresa de Castro Martins Bonilha, 36 anos, que participa do evento há três edições, este foi o melhor ano. "Melhorou o espaço, é mais agradável. Teve calor mas deu para suportar", disse. Maykon concordou: "o calor foi suportável". Ao contrário dos campuseiros que acampam no evento, Ana Teresa ia todos os dias ao Anhembi e não reclamou da segurança. "Eu me sinto segura. Furto pode acontecer em qualquer lugar", disse. Para ela, que saía da Arena no fim da noite, as filas no raio-X eram grandes, mas são um "mal necessário". "É pela questão da segurança, a gente tem que entender. Não tem fórmula mágica", disse.

Para quem acampou no evento e não saía da Arena nos horários de pico, a fila era menor. Mas a campuseira Luciana reclamou que a agilidade da fila comprometeu a segurança. "As filas estão fluindo bem, mas eles querem acelerar a fila e não checam tudo direito", disse.

Camping
Na área de camping, os campuseiros que dormiram no Anhembi durante esta semana elogiaram a limpeza. "Os banheiros estão sempre limpos", disse o estudante de Ciências da Camputação Hebert Bonicen, 21 anos, de Vila Velha (ES). Na hora do banho, apesar de alguns chuveiros que quebraram durante a semana, os campuseiros afirmaram que não houve fila.

A única reclamaração foi com relação às cortinas. No evento do ano passado, no Centro de Convenções Imigrantes, os banheiros do camping tinham um box com portas, que foi substituído por cortinas nesta edição. "A gente não tem privacidade, e as roupas que a gente deixa em uma cadeira ao lado do chuveiro molham", reclamou Luciana.

Alimentação
As opções de alimentação com relação à edição 2011 aumentaram, com um restaurante e duas barracas de lanche na Arena - além do catering para campuseiros que compraram o pacote - e uma praça de alimentação com diversas opções do lado de fora, na Zona Expo. O que assustou, segundo os participantes, foi o preço. Um almoço ou jantar no restaurante dentro da arena custava, em média, R$ 30. "É difícil para quem come aqui todos os dias", disse Ana Teresa.

"Eu acabo saindo e pegando a van (que é gratuita) até o Terminal do Tietê. É mais barato e acabo me alimentando melhor", afirmou Maykon. "Tem bastante opção, mas é caro", concordou Ana Teresa. "As barracas eram mais baratas, mas é lanche, não refeição", disse.

Parágrafo padrão ao final das matérias

Campus Party 2012

A Campus Party, o maior evento geek do planeta, realizado em mais de sete países, aconteceu entre os dias 6 e 12 de fevereiro de 2012. A sede foi o Pavilhão de Exposições do Anhembi Parque, na zona norte de São Paulo (SP). Pelo quinto ano consecutivo no Brasil, a edição de 2012 já começou batendo recordes: todas as entradas foram vendidas em 22 dias em setembro do ano passado.

Com 7,5 mil participantes, sendo 5,5 mil acampados no local, a Campus Party ofereceu neste ano mais de 500 horas de conteúdo. Os principais nomes desta edição foram Michio Kaku, conhecido como o "físico do impossível", Sugata Mitra, pesquisador e professor de Tecnologia Educacional da Newcastle University, Julien Fourgeaud, gerente de produtos e negócios da Rovio e Vince Gerardis, co-fundador da Created By, entre outros.

A programação do evento teve transmissão ao vivo pelo http://live.campus-party.org e aqueles que quiseram interagir com a transmissão pelas redes sociais puderam enviar perguntas para os palestrantes. As hashtags exclusivas para cada uma das áreas de conteúdo eram: Ciência - #cpbrCI; Cultura Digital - #cpbrCD; Entretenimento Digital - #cpbrED; Inovação - #cpbrIN e Palco Principal - #cpbrMainStage. A hashtag oficial do evento é #cpbr5.

O Terra cobriu o evento direto do Anhembi Parque, e, além do canal especial Campus Party 2012, os internautas puderam acompanhar as novidades pelo blog Direto da Campus.

Fonte: Terra
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