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Internet precisa ser livre, diz cofundador da Apple

22 jan 2011 - 21h35
(atualizado em 23/1/2011 às 12h43)
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Rafael Maia
Direto de São Paulo

O pioneiro da revolução do computador pessoal e cofundador da Apple, junto com Steve Jobs, o engenheiro Steve Wozniak falou a milhares de campuseiros na noite deste sábado da Campus Party Brasil, em São Paulo. A palestra, que fecha o ciclo da quarta edição do maior evento geek do mundo, foi inspiradora e arrancou de Wozniak uma declaração que comumente se acredita ser anti-Apple. Para ele, a internet precisa ser completamente livre para o usuário final.

Campus Party: cofundador da Apple é recebido como herói:

A palestra, que facilmente pode ser chamada de um "discurso frenético", durou cerca de uma hora. Se, por um lado, o incômodo do calor e o cansaço dos campuseiros após mais de 100 horas ininterruptas de evento eram vísíveis, por outro a fala do ex-funcionário da Apple foi de inspiração. "Eu era como vocês, exatamente assim, quando era mais jovem. E pensava: 'um dia eu ainda quero desenvolver meus próprios produtos'", disse.

Para ele, se tratavam de "produtos". Para o resto do mundo, Woz, como é chamado, transformou o aparelho eletrônico em um negócio charmoso, atraente e, o mais importante, pioneiro e diferente de tudo que se tinha visto até então. "Eu sempre fui assim. Nunca gostei de ir a um local em que se deve vestir de uma determinada maneira. Eu nunca gostei de me sentir igual a um grupo e fazer as mesmas coisas que todo mundo faz. Com a Apple ocorreu o mesmo pensamento, naturalmente", afirmou, complemetando que a ideia da empresa era de ser efetivamente uma lançadora de direções.

Wozniak dedicou bastante tempo para explicar que nada foi fácil. Desde quando conheceu Jobs, ainda no colégio, a aproximação aconteceu pelas ideias semelhantes. "Ele era maluco, tinha boas ideias. Eu era um bom desenhista", falou, dando a entender que o destino havia se encarregado de juntar as condições ideias para que uma revolução acontecesse. Sem qualquer arrogância, Wozniak tem razão. Foi a capacidade e vontade de criar computadores menores, no universo dos anos 70, em que uma máquina facilmente era maior que um carro, que dirigiu a Apple ao caminho do minimalismo entre os eletrônicos. "Para mim, diminuir, usar o mínimo necessário, aproveitar ao máximo as capacidades das peças sempre foi um desafio de inteligência", disse.

Em relação a Steve Jobs, Wozniak não poupou palavras. "Nós nos falamos de vez em quando ao telefone. Mas definitivamente não somos amigos." A saída da Apple em 1985, segundo ele, aconteceu sem drama, embora ainda permaneça polêmica. "Eu era um engenheiro estabelecido e a Apple não precisava de mim para andar pelo caminho que havia começado a percorrer. Como não tinha terminado minha faculdade, fui cursá-la", afirmou, em meio a sorrisos, que, durante os aproximadamente 10 anos de Apple, não almejou qualquer cargo maior do que um engenheiro.

Hoje, ele diz acreditar fielmente que a internet pertence ao usuário. Nenhum país tem o direito de tentar regular, como fosse dona da ferramenta. Para assegurar a liberdade na rede, de acordo com ele, é necessário protestar e lutar, de verdade, pelo que ele entende ser um direito do usuário. Para Wozniak, a vontade de procurar o novo, e, principalmente, de andar na contramão da maioria, parece ser a diretriz de sua vida. Na palestra, ele ensinou a todos os campuseiros que começar de novo depois de uma carreira consolidada e bem-sucedida é normal. "O importante é ser feliz", afirmou para os aplausos calorosos dos mais de 6 mil participantes, cuja história no mundo está só começando.

Fonte: Redação Terra
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