BlackBerry terá "foco" em crianças e adolescentes para sobreviver
23 mai2012 - 21h01
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Rafael Maia
Direto de Cartagena das Índias, Colômbia
A companhia canadense RIM, fabricante do BlackBerry, funciona claramente sob uma política de focos. Com a nova linha Curve, anunciada para a América Latina nesta quarta-feira em Cartagena das Índias, na Colômbia, a história se repete, mas com um olhar diferenciado: as crianças e os jovens de 16 a 25 anos. O objetivo, de acordo com Matthias Glanz, vice-presidente global de produto da divisão para smartphones da RIM, é explicitamente expandir para servir a demanda. O que está implícito, no entanto, é que a expansão acontece para a sobrevivência no mercado.
Os smartphones Curve 9320 e 9920, pensados localmente para a América Latina, são dispositivos "low-end", com alta demanda e preço relativamente baixo em comparação com os gigantes da telefonia móvel iPhone, da Apple, e produtos de diversas fabricantes da grife do sistema operacional Android, do Google. Eles são, no entanto - ou talvez por isso mesmo - , aparelhos com teclado físico - e não o virtual com tela touchscreen.
Mas como pensar em dispositivos com foco no público jovem e infantil com um teclado físico em vez justamente de uma tela touchscreen? A resposta, para Glanz, está na experiência do usuário. "Há estudos usados pela RIM que mostram que, na verdade, um dos maiores usos para os smartphones 'low-end' por jovens é para mensagens de texto", afirmou o vice-presidente, evidenciando que a linha Curve, que não teve preço nem data de chegada às lojas confirmados, é feito para quem quer "conversar bastante".
"Eu acredito que haverá uma adoção muito alta desses produtos", previu Glanz, ressaltando que a vocação dos aparelhos é a facilidade da comunicação, o acesso às redes sociais e a integração do Facebook e do Twitter por meio da galinha dos ovos de ouro do BlackBerry, o BlackBerry Messenger - comumente conhecido como BBM.
Chegou a hora de ter um BlueBerry, WhiteBerry e um PinkBerry?
Os nomes de fato não existem, mas as cores que eles representam, sim. Acompanhando o foco em crianças e adolescentes dos novos dispositivos "low-end" - obviamente direcionados para um público com menor poder aquisitivo - a BlackBerry quer fazer diferente.
O que poderia ser uma estratégia arriscada - já que a marca está necessariamente relacionada ao mundo dos negócios - pode ser, afinal, a sobrevivência no mercado. "Existe uma demanda. Continuaremos a desenhar dispositivos onde houver uma demanda", justifica Glanz na defesa da mudança de foco da fabricante canadense.
Há, também, um outro fator nesta jogada de mercado. A tela touchscreen, como lembra Glanz, é direcionada para aparelhos "premium", como o iPhone da Apple e Galaxy S III da Samsung, por exemplo, equipado com Android. O preço de ambos no Brasil pode ultrapassar facilmente a barreira de R$ 2 mil. Embora seja um software, a tecnologia touch requer uma tela especial, um preparamento diferenciado e uma finalização física com mais camadas - o que significa, em tecnologia, mais dinheiro gasto.
Vale lembrar que, ao atingir crianças e jovens com baixo poder aquisitivo, a RIM pretende também conquistar uma fatia de mercado que a Apple e os "top de linha" que usam Android não têm. A jogada deve significar mais do que o aumento de portfólio. Ao conquistar um público "excluído" da revolução dos dispositivos móveis com um nome que carrega confiança e prestígio, a RIM pode, por tabela, garantir a própria sobrevivência.
Já disponível para o iOS e para o Android, o 360 Panorama permite fazer fotos panorâmicas do celular. A chegada ao BlackBerry 10, segundo a companhia que desenvolve o aplicativo, se deve ao fato de a nova plataforma ter câmera, sensores e processadores capazes de habilitar a criação dos panoramas
Foto: Divulgação
O BlackBerry 10 já chega com uma série de aplicativos especiais, disponíveis e para chegar "em breve". O Mashable relacionou alguns dos melhores, em uma lista que começa com o Encomondo, um app para quem pratica exercícios físicos, com funções de medição de distância, planejamento de rota e integração com amigos. Segundo a desenvolvedora, o aplicativo chega à nova plataforma da Research in Motion porque muitos dos usuários são fãs do BlackBerry
Foto: Divulgação
A função de cascatas é desinada a desenvolvedores, e permite incluir facilmente elementos dinâmicos em itens como botões, check-boxes e campos de preenchimento. Compatíveis com diferentes linguagens de programação, as animações são automáticas e fazem parte dos elementos: a RIM descreve que a check-box não só aparece, ela "floresce" na tela. A cereja do bolo é um plugin das cascatas para Photoshop
Foto: Divulgação
Para os que passam muito tempo usando aplicativos, a nova função de monitoramente de bateria de modo individual por cada aplicativo pode salvar vidas. Ela permite que um app não só avise ao usuário sobre pouca carga, como previna-o de que rodar o app pode acabar com a bateria. O aplicativo ainda pode se auto-configurar para, com baixa carga, diminuir o brilho da tela, por exemplo
Foto: Divulgação
Novidade também é o "time-shifiting camera", função da câmera que faz várias fotos antes e depois de o usuário apertar o botão de disparo. Assim, se alguém de mexeu ou fechou o olho, é possível escolher alguma das outras opções registradas. Para ver se há uma alternativa melhor, usuário pode usar uma espécie de lente de aumento para analisar uma parte específica da imagem - como, por exemplo, o rosto da pessoa que piscou
Foto: Divulgação
Outro destaque é função a "glance back", que permite ver quais outros apps estão abertos sem precisar sair do aplicativo am uso no momento. O menu mostra, lateralmente, o que está "atrás" do programa sendo usado
Foto: Divulgação
Das novas funções anunciadas para a plataforma BlackBerry 10, lançada na terça-feira, uma das que chama a atenção, segundo o Mashable, é o teclado QWERTY virtual, uma diferença em relação às anteriores, que trabalhavam com teclado físico. A função tem predição de palavras antes de o usuário começar a digitá-las, além da opção de deslizar o dedo como forma de apagar uma palavra inteira escrita na tela
Foto: Reuters
O quinto app da lista para o BlackBerry 10 é o Poynt, de geolocalização. A promessa do aplicativo é ser "tudo-em-um", conectando o usuário a "negócios da região, lojistas locais e eventos", em cada lugar que o dono do smartphone estiver
Foto: Divulgação
Nativo, o PixelMags vai oferecer ao usuários do BlackBerry 10, como já faz a donos de telefones com outras plataformas, acesso a revistas digitais. A desenvolvedora, que promete querer levar as publicações periódicas ao maior número possível de canais de distribuição, diz que quer proporcionar a experiência a "uma taxa módica mensal"
Foto: Divulgação
O Tru, também chamado Truphone, é um aplicativo que clama uma "batalha" contra as taxas de conexão em roaming, e oferece conexão wireless global. A desenvolvedora elogiou o suporte a código aberto no BlackBerry 10, e diz que foi ele quem permitiu "a construção de forma rápida e com bom custo-benefício", para estar disponível aos primeiros usuários da plataforma
Foto: Divulgação
Basta apontar a câmera do celular para uma paisagem ou objeto e o Wikitude faz o resto do trabalho, mostrando informações da Wikipédia sobre o que o celular está "vendo". A companhia que desenvolve o aplicativo garante que teve acesso ao BlackBerry 10 e que a plataforma suporta e experiência da realidade aumentada
Foto: Divulgação
Não exatamente um app, o Mippin é mais uma ferramente móvel de criação de aplicativos. Em minutos, promete a desenvolvedora, é possível criar softwares para dispositivos móveis. Como o Mippin em si funciona em diferentes plataformas, a compatibilidade com o BlackBerry 10 é "inevitável", segundo o Mashable
Foto: Divulgação
A lista termina com o NOVA 3, que lançou um novo trailer no YouTube com a promessa de estrear logo no BlackBerry 10. O segundo app da lista é outro game, o Shark Dash, que também ainda não está disponível mas deve chegar logo à loja de aplicativos