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Conheça o professor que tem 26 milhões de alunos

31 jan 2015 - 21h14
(atualizado em 2/2/2015 às 09h03)
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O americano dirige o site Codecademy
O americano dirige o site Codecademy
Foto: BBC News Brasil

Zach Sims tem apenas 24 anos. Abandonou uma das mais prestigiadas universidades do mundo antes de se formar. Hoje, é conhecido como o professor de 26 milhões de estudantes. O americano dirige o site Codecademy, lançado há três anos, que permite a usuários aprender seis linguagens de programação através de uma interface simples e gratuita.

Mas o que levou o jovem de Nova York a abandonar a Columbia, uma das maiores universidades do mundo? Um fenômeno no mercado de trabalho conhecido como "déficit de habilidades" – ou "skills gap", no chavão em inglês.

"Quando eu estava à procura de um estágio no meu primeiro ano, em empresas como Goldman Sachs e McKinsey, percebi que ninguém que estava na faculdade tinha qualquer habilidade que seria relevante nesse contexto", diz ele. "Passávamos os dias aprendendo sobre mitologia grega e as noites estudando livros gigantes de finanças." 

"Nós achamos que, se os alunos da Columbia – uma entre as cinco melhores escolas do país –, não conseguiam encontrar emprego quando se formavam, provavelmente havia um problema."

Sims, começou, então, a estudar códigos de informática. "Construímos a primeira versão do Codecademy para mim", diz. Com a ajuda de um amigo, Ryan Bubinski, ele expandiu o site. Bubinski tornou-se cofundador e, juntos, lançaram o portal em agosto de 2011. No primeiro fim de semana, mais de 200 mil pessoas utilizaram o produto.

O site, agora, chega a quase 26 milhões de alunos em mais de 100 países, e está ajudando pessoas de todas as classes econômicas a melhorarem suas habilidades, incluindo moradores de campos de refugiados africanos e mães solteiras nos EUA.

Sims foi uma das novidades do Fórum Econômico Mundial em Davos, que terminou no sábado passado. Mas aquele, claramente, não era o ambiente dele. O jovem se desculpou ao usar clichês como "cruzamento" e fez aspas no ar de maneira sarcástica ao citar o slogan "novo contexto digital" do fórum.

'Nova moeda'

Parece haver um consenso entre especialistas sobre as causas deste déficit de habilidades – métodos de ensino e programas de cursos ultrapassados, além da falta de formação num contexto de trabalho. Mas há dúvidas sobre o que precisa ser feito, ou quem deverá liderar as mudanças.

Um relatório sobre a "competitividade global de talentos", divulgado na semana passada pela escola de negócios Insead e a empresa de recrutadores Adecco, enfatizou que talento é a "nova moeda da economia global".

O estudo disse que cerca de 8,4 milhões de postos de trabalho não estariam sendo preenchidos devido a "divergências em termos de competências e geografias". Durante um evento sobre educação em Davos, um empresário alertou que empresas não podem "continuar com o pressuposto de que você aprende por 25 anos e, depois, trabalhar por 45 anos".

Outro membro do painel, o magnata americano Stephen Schwarzman, disse que melhorar a formação era uma maneira de lidar com a desigualdade de renda.

Apesar de um consenso estar em formação, atrair investimentos continua sendo tarefa difícil. Apenas 13% do dinheiro gasto pelas 500 principais empresas dos EUA para o desenvolvimento social em 2013 foi direcionado para projetos de educação, de acordo com um relatório.

E, enquanto é crescente a demanda por uma formação mais focada no trabalho, o desejo das empresas para proporcionar essas oportunidades está diminuindo, dizem alguns. A mensagem de Sims é que as empresas precisam assumir "um pouco de responsabilidade", e que a ânsia por aprendizagem está em alta.

"É uma loucura que duas crianças possam criar algo num apartamento de um quarto na Califórnia, e educar mais pessoas num fim de semana do que uma instituição formal poderia em anos", diz. "A educação está tendo o seu momento (de atenção)".

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