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Empresas de Internet são as grandes vencedoras de conferência NETMundial

24 abr 2014 - 20h56
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Depois de entrar na reunião com cautela, o setor da Internet emergiu nesta quinta-feira como o grande ganhador de uma conferência mundial organizada pelo Brasil para repensar a Web depois do escândalo de espionagem nos Estados Unidos.

Convocada pela presidente Dilma Rousseff depois que reportagens sobre a ampla espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos minaram a confiança na Internet, a NETMundial concluiu que a Web tem de continuar sendo um espaço autorregulado, onde governos, empresas e usuários tenham todos a mesma voz.

E isso é exatamente o que pesos-pesados da Internet, como Google e Facebook, consideram essencial para promover a inovação, expandir as fronteiras da rede e fazer crescer ainda mais o seu negócio.

"Nosso foco é nos assegurar que a rede continue livre e aberta", disse LeJeunesse, diretor global de relações internacionais do Google.

"A reunião foi em geral muito boa porque reconheceu o poder da aproximação multissetorial e falou de direitos humanos e inovação", disse ele à Reuters em uma entrevista durante a conferência.

As empresas de Internet temiam que os governos usassem a conferência para pressionar por maior regulamentação e interferência, o que poderia inibir os investimentos e acabaria afetando os usuários.

"Havia muita ansiedade da parte de todos os grupos na antessala desta reunião", disse David Gross, um advogado que representa uma coalizão de empresas, como Amazon, Microsoft Corp e Telefónica SA.

"Não quero dar a impressão de que tudo é perfeito", disse, "mas o esboço do documento foi surpreendentemente bom em todos os setores".

A NETMundial pediu uma Internet menos influenciada pelos Estados Unidos, mas evitou dar aos governos um maior controle sobre a rede, como queriam a China e a Rússia.

"O setor está satisfeito", disse à Reuters o presidente da conferência, o funcionário brasileiro Virgilio Almeida. "Google e Facebook o veem como um debate muito positivo porque não envolve somente os governos. É um debate que inclui todo o mundo."

E embora seja pouco provável que o encontro de dois dias em São Paulo mude a forma como uma terça parte da humanidade usa a Internet, executivos e funcionários disseram esperar que influencie futuras discussões.

Os participantes da NETMundial voltarão a se ver este ano em conferências mundiais do Fórum Global de Governança em Internet e a União Internacional de Telecomunicações.

"Muitos dos participantes nos falam em aproveitar o ímpeto criado aqui e apoiarmos fortemente essa ideia", disse à Reuters o secretário-adjunto de Comunicações do governo dos Estados Unidos, Lawrence E. Strickling.

E esse ímpeto foi facilitado pela decisão de Washington de suavizar seu controle sobre a ICANN, a organização que determina os domínios e os nomes da Internet. Embora se trate de uma decisão principalmente simbólica, é percebida por muitos governos como um passo na direção da globalização da administração da rede.

Executivos e delegados disseram que mais do que as resoluções e documentos, a conferência será lembrada por ter construído consensos.

"Creio que é um êxito enorme", disse LeJeunesse, do Google. "Demonstra um compromisso com o que estamos tentando conseguir aqui."

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