EUA: uso de energia limpa vira tática de guerra da Marinha
Utilizar recursos renováveis como fonte de energia não é apenas uma questão de economia e sustentabilidade: para o exército americano, é um ponto de gestão estratégica para o campo de batalha. O custo de transporte de combustível, bem como a dificuldade de garantir a segurança da carga são as principais preocupações logísticas dos militares. Por isso o foco do 3° ExFOB (Experimental Forward Operating Base, em inglês, ou Base operacional experimental avançada, em tradução livre), em 2011, foi no uso de energia solar e táticas de eficiência de consumo de combustível veicular.
Ao todo, 13 fornecedores estiveram na base de Twentynine Palms, na Califórnia, para apresentar tecnologias de ponta em tal ponto de desenvolvimento que possam ser rapidamente fabricadas e utilizadas para ajudar os soldados em campo. A Marinha americana sugeriu a demonstração de sistemas concentrados de captação, como painéis com lentes e placas térmicas que movem motores Sterling (com ciclo termodinâmico), e unidades energéticas removíveis e fáceis de conectar, além de chassis e motores mais eficientes. Sistemas de controle a temperatura dos automotores em climas muito frios ou quentes - funções que consomem combustível em veículos comuns - também são bem vindas.
Em combate, segundo os oficiais norte-americanos, é comum que os veículos fiquem parados e com os motores ligados para gerarem energia elétrica para outros aparelhos, como sistemas de rádio, laptops e rastreadores. Porém, a quantidade de combustível gasta por tanques e similares é muito alta em relação à quantidade de energia que geram. Por isso, o interesse dos militares é em sistemas que garantam eletricidade aos equipamentos reduzindo o uso de diesel e afins, ou utilizando outras fontes de energia, como o sol.
Uma das empresas presentes à exibição, a Cogera fez demonstração de um sistema de captação concentrada solar que produz energia elétrica e funciona serve também para o aquecimento da água. Segundo a empresa, até 80% da energia do sol consegue ser capturada pelo equipamento, e o que não é usado na conversão em eletricidade fica para esquentar a água.
A israelense Essence Solar Solutions apresentou uma placa de captação concentrada que utiliza germânio, em vez do tradicional silício, nas células fotovoltaicas. O sistema PowerDish, da Infinia Corporation, também aposta em materiais diferentes dos comuns: um pistão gera energia elétrica a partir da pressão criada com o aquecimento e resfriamento do gás em seu interior. A estratégia da SBM Solar é a portabilidade: uma manta fotovoltaica de apenas seis kg - diferente dos 45 kg em média dos equipamentos de recarga de dispostivos -, que libera peso e espaço nas mochilas dos soldados.
Outra companhia selecionada, a Nest Energy Systems apresentou o sistema Vipur, que reduz em até 75% o consumo de combustível em tanques militares, quando o motor está em baixas rotações. Isso porque usa um alternador extra, conectado a uma bateria de fosfato de ferro-lítio, para gerar eletricidade. A conexão ao veículo leva cerca de 30 minutos, e o mecanismo é automático, ou seja, não precisa que ninguém o acione para começar a funcionar. Ao Vipur, foi acoplado para a demonstração um painel solar de 430 Watts.