Campus Party e fisl superam coincidência de datas com colaboração
- Ismael Cardoso
Foi com colaboração que as organizações do Fórum Internacional Software Livre (fisl) e da Campus Party tentaram resolver uma coincidência que se tornou um problema: dois dos maiores eventos de tecnologia do País acontecem nesta semana e em cantos opostos do Brasil. A Campus Party Recife - em sua primeira edição no inverno e fora de São Paulo - e o fisl - na 13ª edição em Porto Alegre -, apostaram na unificação de programações para diminuir qualquer dano que poderia ser causado pela coincidência de datas.
"A relação do fisl com a Campus Party sempre foi umbilical. O conceito da Campus Party nunca foi substituir os trabalhos das comunidades que integram a Campus, mas ser um guarda-chuva", afirmou o diretor-geral da Campus Party Brasil, Mario Teza, que durante 10 anos também fez parte da organização do fisl, em Porto Alegre. Segundo Teza, a data era a única disponível para a realização do evento, marcado depois do fisl.
Apesar de terem focos ligeiramente diferentes - o fisl se propõe a discutir a tecnologia voltada para temáticas do software livre, enquanto a Campus Party se tornou uma grande festa da tecnologia, internet e entretenimento digital -, grande parte do público participa dos dois eventos. Segundo Rodrigo Troian, coordenador de conteúdo do fisl, os dois encontros apostaram no compartilhamento de palestrantes e atividades desde o começo. "Buscamos o acordo, e não a competição", disse.
Entre as atividade compartilhadas está a presença do fundador do Partido Pirata, o sueco Rick Falkvinge. Além disso, os dois eventos terão uma mesa redonda conjunta, por videoconferência, para discutir software livre. "Estamos organizando uma mesa em um espaço multiuso, com representantes de distribuição da plataforma Linux em ambos os lados", afirma Troian. Ele afirma que a discussão terá dois grandes momentos: um para o ativista do software livre e participante do fisl, outra para o usuário iniciante, que pode tirar suas dúvidas sobre o sistema de distribuição.
Segundo o coordenador-geral da Associação do Software Livre, que organiza o fisl, Ricardo Fircht, mesmo com os dois eventos na mesma semana não houve queda no número de inscritos. Um foco maior na divulgação do evento no Conesul pode ter ajudado a reduzir o impacto de participantes. "Desde o planejamento que nos fizemos desde o fisl11 estamos tentando enfatizar cada vez mais o "i" do fisl, pra que eles (participantes internacionais) estivessem presentes de forma mais intensa, assim como os palestrantes", afirmou.
Outro foco de atuação foi com relação aos patrocinadores: Teza afirma que empresas que costumam apoiar a edição de verão da Campus Party e também o fisl foram incentivadas a seguir apoiando a festa gaúcha do software livre. "Procuramos explorar outros territórios e modelos de negócio", afirma Teza.
Desafios
Mas nem tudo são rosas nessa coincidência: apesar de ainda não haver um levantamento sobre a distribuição geográfica dos participantes, o coordenador de conteúdo do fisl observou uma queda no número de sugestões de palestrantes vindas de participantes do nordeste, o que pode indicar uma queda no número de ativistas do software livre vindos região.
Além disso, mesmo com toda a colaboração entre as equipes dos dois eventos, alguns palestrantes não conseguiram encaixar os dois eventos nas agendas. O caso mais notório é o do presidente da Linux International, Jon "maddog" Hall. Atração certa tanto no fisl quanto na edição paulista da Campus Party, circulando entre os participantes, tirando fotos e trocando ideias sobre tecnologia, estará presente apenas em Porto Alegre. Teza também lamenta a perda de lidernaças do software livre do Nordeste, que viajarão ao sul para o fisl.
A Campus Party Recife acontece no Centro de Convenções Pernambuco entre 26 e 30 de julho. É a primeira edição do evento brasileiro fora de São Paulo. Já o Fórum Internacional Software Livre está na sua 13ª edição, e acontece entre 25 a 28 de julho no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre.
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