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Instagram veta foto de garota menstruada e gera polêmica

Rede social reconheceu o erro e voltou a permitir a publicação da imagem, já que ela não fere as políticas da empresa

27 mar 2015 - 21h35
(atualizado em 28/3/2015 às 12h26)
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Foto: BBC

Uma garota aparece deitada na cama. Ela está de pijama e parece estar com dor. Sua calça e os lençóis têm manchas de sangue, indicando que ela está menstruada. Uma cena habitual na vida de uma mulher, mas que foi censurada no Instagram.

A jovem da foto é Rupi Kaur, uma poeta paquistanesa que vive em Toronto (Canadá) e que, juntamente com sua irmã Prabh, decidiu mostrar esse momento em uma série fotográfica chamada Period (menstruação, em inglês). Inicialmente, a artista publicou as fotos na rede Tumblr, mas, segundo contou Rupi à BBC Mundo, o problema começou quando a foto foi colocada no Instagram.

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As fotos foram borradas duas vezes, de acordo com ela, porque estariam desobedecendo a política da empresa. Rupi argumenta que seu trabalho não tem nenhum conteúdo que fosse contrário às diretrizes do Instagram e põe o dedo na ferida: “O problema é que a menstruação é um tabu na nossa sociedade.”

O Instagram reconheceu à BBC que havia ocorrido um erro e mudou de posicionamento em seguindo, permitindo que a foto fosse postada. No entanto, a polêmica já estava lançada.

Mulher sexualizada

“Não parece importante que as mulheres apareçam nuas ou com poucas roupas, como meros objetos sexualizados. Esse tipo de conteúdo passa sem problemas nas redes sociais – especialmente no Instagram”, afirmou Rupi.

“No entanto, algo tão natural como a menstruação feminina causa incômodo e se transforma em algo proibido", completou.

Foi justamente para chamar atenção para essa situação que a artista resolveu fazer essa série, que , segundo ela, é uma “homenagem a um processo natural de grande beleza”.

“Sangro todo mês para ajudar que a humanidade seja possível. Meu ventre é um lugar divino. Uma fonte de vida para a nossa espécie”, disse. Segundo ela, na Antiguidade, o sangue da menstruação era considerado sagrado, mas que, estranhamente, esse processo natural passou a ser rechaçado pela maioria da sociedade.

“Algumas pessoas parecem estar mais cômodas com a ‘pornoficação’ da mulher”, diz. A artista também critica autocensura das mulheres, que se sentem pressionadas pelo tabu social. “Nos apressamos a esconder nossos absorventes quanto acordamos sangrando”, falou.

Rupi lembra que muitas mulheres pedem que seus parceiros chequem se suas calças estão marcadas quando estão em público – uma situação que, segundo ela, tem de acabar. “Meu desejo é que a sociedade se pergunte sobre o porquê de o tema da menstruação causar tanto incômodo. Quero mostrar a ignorância e a misoginia que o cerca.”

Para a artista, a reação do Instagram corrobora a intenção de seu trabalho.

“As fotos provocaram um tipo de resposta que era exatamente o que eu estava tentando criticar: uma reação de ódio. Meu desejo é apenas é que algo normal seja encarado como é: algo normal.”

Ainda assim, sua polêmica com o Instagram teve um final feliz, já que a empresa admitiu o erro. “Assim que ficamos sabendo do erro, restauramos o conteúdo”, disse a empresa.

Foto: BBC

Leitores

De qualquer jeito, a série das irmãs Kaur não deixaram ninguém indiferente – a começar pelos leitores da BBC Mundo, que opinaram sobre o tema no Facebook.

“Não é tabu. É privacidade. Uma coisa é todo mundo saber que manchamos o lençol, outra muito diferente é que todo mundo veja”, disse a leitora Anee Paredes. Já para Lydia Muñiz Domínguez, a menstruação é algo natural, mas que deveria ser preservada.  "Para mim é natural como ir ao banheiro. Então, alguém faria um ensaio fotográfico sobre isso? Claro que não. É algo íntimo", disse.

"É grotesco. Para que mostrar isso? O Instagram fez bem em tirar essas fotos do ar.A favor", disse Miriam Vasilescu.

A favor

Paloma Sánchez Banda: "Achei as fotos retratam a mais pura verdade. Me vi refletida totalmente nesse ensaio. As pessoas acham ruim ver sangue. Igual ocorrido com uma foto de uma mãe com um bebê que acabara de nascer e, claro, havia sangue. É algo natural!

Roscie Maravi: "Só estamos aqui hoje porque nossas mães menstruavam. O mundo está cheio dessa moralidade absurd. Sangue é sinal de vida, e não a sua ausência.

Sergio Rojas: "Não sou mulher para saber o que sentem. Mas o importante é que essa jovem está lutando por mais respeito às mulheres nessa parte do mundo e essa é uma maneira justa de se expressar.

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