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Celebridades instantâneas da web sofrem com ciberbullying

4 jun 2010 - 15h20
(atualizado às 15h25)
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Alexandre Rodrigues

A história: um garoto aparece brandindo descontroladamente um bastão como se fosse um sabre de luz em um vídeo visto por cerca de um bilhão de pessoas. O vídeo se torna o maior viral da história da internet, sendo visto por cerca de um bilhão de pessoas. É até homenageado em um episódio da série de TV Arrested Development.

Raza, oito anos após o vídeo que o deixou famoso como o 'garoto star wars'
Raza, oito anos após o vídeo que o deixou famoso como o 'garoto star wars'
Foto: CrunchGear / Reprodução

Sucesso? Não para o canadense Ghyslain Raza. Oito anos depois do vídeo (http://bit.ly/b0jNQ) torná-lo mundialmente conhecido, sua história é um exemplo de que a fama instantânea online às vezes tem um preço amargo. Ridicularizado, sofrendo bullying dos colegas e de desconhecidos, ele se sentiu embaraçado, caiu em depressão, teve que abandonar a escola onde estudava, na cidade de Quebec, e passar por um tratamento psiquiátrico.

Somente agora Raza parece estar superando o trauma. Aos 20 anos, reapareceu como presidente da Patrimoine Trois-Rivieres, uma entidade para a conservação da herança cultural de sua cidade-natal, Trois-Rivieres.

Os percalços trazidos pela reputação de "Garoto Star Wars" renderam um processo judicial de Raza contra os pais de três garotos que puseram na internet o vídeo, gravado em um teste de estúdio. Ele queria uma indenização de US$ 250 mil, mas o caso terminou em um acordo por um valor não relevado.

O caso mostra o alcance e os efeitos do chamado ciberbullying. A tendência a compartilhar cria "celebridades" com velocidade e alcance inimagináveis em qualquer outra época. "É muito mais difícil agora porque as mídias sociais reduziram os graus de separação entre as pessoas", diz Cheryl Stein, especialista em carreiras de Montreal, ao site GlobeLife. "Com uns poucos cliques eu posso saber o que quiser sobre alguém".

Nos Estados Unidos, a perseguição pela internet está associada a três suicídios de adolescentes. Não são raros os casos em que a perseguição chega a níveis surreais. Quando Mitchell Henderson, um estudante de Minnesota, se matou com um tiro no próprio rosto, o drama de seus pais ganhou um capítulo adicional na internet. O memorial criado por colegas de Mitchell no MySpace foi tomado de mensagens que debochavam da sua morte. A página foi hackeada e alguém modificou a foto de Mitchell para parecer um zumbi. Fotos de Mitchel foram usadas em animações com iPods dançantes e até mesmo inserida numa cena pornô.

Um documentário - How I Got Famous on the Internet (Como Fiquei Famoso na Internet) - conta a história de alguns protagonistas de vídeos que a web tornou famosos e mostra que algumas histórias também terminam bem. O menino Dave, dopado de anestesia depois do dentista (http://bit.ly/mdeLw), o turco Mahir (http://bit.ly/Wg5Zk), e o gato tecladista de Charles Schmidt (http://bit.ly/bCyw0i) estão lá. Mahir Çağrı, uma das primeiras celebridades da internet, aproveitou a fama mundial. Depois de surgir na web em 1999, apareceu na TV, foi parodiado no programa de David Letterman e ganhou dinheiro participando de anúncios. Tem muitas semelhanças com um personagem da TV britânica Kristo, o ponto de partida para Sacha Baron Cohen criar o famoso Borat.

Fonte: Terra
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