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Ciberguerra: internet é palco de novas ameaças e batalhas

25 jul 2012 - 07h29
(atualizado em 24/1/2013 às 17h35)
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Celso Calheiros

As ameaças de ataques cibernéticos, que podem ser desferidos de diferentes e distantes fronteiras, são um perigo real que já preocupa grandes empresas, instituições militares, usuários e governos. No Brasil, por exemplo, foi criado o Centro de Guerra Cibernética (CDCIBER), sob o comando do Exército. Sua primeira grande missão ocorreu no mês passado, durante o evento Rio+20, destacou o o especialista Sandro Suffert, fundador da Apura CyberSecurity Intelligence, em entrevista ao Terra. "O ciberespaço é hoje visto como um quinto domínio onde batalhas podem ocorrer, além da terra, mar, ar e do espaço", afirmou.

"O ciberespaço é visto como um quinto domínio onde batalhas podem ocorrer", diz Suffert
"O ciberespaço é visto como um quinto domínio onde batalhas podem ocorrer", diz Suffert
Foto: Reprodução / Twitter

A partir do próximo ano, o Brasil será novamente cenário para grandes acontecimentos, como a Copa das Confederações, a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas do Rio (2016). "Nestas ocasiões, agentes interessados em chamar atenção podem se aproveitar para a divulgação da sua mensagem ou ideologia", antevê Suffert. Um grupo extremista, mesmo do outro lado do planeta, pode mirar no Brasil durante as Olimpíadas, em hipótese, e atrair a cobertura da mídia para sua causa. Isso ocorreu antes, em tempos analógicos, e pode ocorrer novamente, em sua versão cibernética.

A cyberwar (na versão inglesa do termo) começou discreta, desde 2006, em uma iniciativa do governo norte-americano de George Bush. Ganhou ares de conflito ao ser aplicada em alguns embates entre a Rússia e a Estônia (2007) e, depois, Rússia e Georgia (2008). Tomou nova dimensão com a identificação do Stuxnet, um sistema malicioso, inteligente, criado com a sofisticada missão de fazer água no programa iraniano de enriquecimento de urânio, rememorou o especialista. Suffert dedica-se à TI há 20 anos, sendo que há 15 fechou o foco em segurança da informação, resposta a incidentes e computação forense.

A ciberespionagem é tão ativa que faz parte da preocupação de todas as grandes empresas, governamentais, privadas, financeiras ou de outro setor. Essa disseminação de furtos eletrônicos, ataques a ideias alheias e mesmo chantagem teve uma resposta das forças de segurança. A Polícia Federal, contou Suffert, tem agentes preparados, investigadores atentos a esse tipo de delito. "A limitação ocorre, às vezes, na dificuldade que as forças da lei encontram em enquadrar alguns crimes não previstos no código penal", contou. Suffert ofereceu mais detalhes. "Em outros casos, como pornografia infantil, estelionato e chantagem, a atuação é contínua e tem mostrado melhorias nos últimos anos".

Privacidade

Os agentes da lei e da segurança na rede, de uma forma geral, têm uma posição contrária à possibilidade de a navegação na internet não ser rastreável. A proibição do rastreamento do usuário é bandeira desfraldada por setores defensores da privacidade,e os policiais argumentam que esse instrumento dificultará a identificação de redes de pedofilia, traficantes de drogas e outros grupos de ameaça. "A privacidade é fundamental mas é importante que haja a guarda de informações que sejam capazes de identificar usuários", argumentou Suffert. "Os rastros são dados preponderantes para que se seja possível identificar a autoria de crimes sérios", afirmou.

Ao se tomar conhecimento dessas informações, as trocas de arquivos, emails e conexões se tornaram arriscadas. É possível se cercar de segurança, mas algumas regras devem ser observadas. Suffert recomendou como leitura obrigatória a cartilha disponível no site do Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil. Estão ali informações básica, para aqueles que até então tinham uma relação, digamos, promíscua na internet, e dados mais sofisticados, para quem trabalha em uma grande empresa e não quer sair na foto como "aquele que abriu a porta para o ladrão".

Ameaças virtuais, cyberwar, cyberwarface, ciberespionagem e outros assuntos de uma área rica e em evolução fazem parte dos temas que Sandro Suffert mantém em seu blog sobre cibersegurança. E que também estarão na palestra que o especialista vai dar na Campus Party Recife, que será realizada de 26 a 30 de julho. A apresentação de Suffert ocorrerá no sábado, 28, às 16h45, no Cenário Pitágoras.

A Campus Party é um evento que reúne interessados em tecnologia, inovação, entretenimento, curiosos e adeptos da cultura digital. A primeira edição ocorreu em 1997, na Espanha. Desde 2008, começou a ser replicada em outros pontos do globo, como São Paulo, Berlim e Cidade do México. A apresentação de Sandro Suffert é parte das 200 horas de conteúdo programados para cinco dias de evento. Aqueles que não puderem se deslocar até a capital de Pernambuco, poderão acompanhar as principais atividades, que terão transmissão em tempo real.

Fonte: Especial para Terra
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