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Em ato contra a censura, RSF libera 10 sites inacessíveis em 11 países

12 mar 2015 - 02h48
(atualizado às 02h48)
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Dez meios de comunicação digitais, bloqueados pelas autoridades em 11 países como Cuba, China e Rússia, estão acessíveis a partir desta quinta-feira graças a uma ação da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) para comemorar o dia internacional contra a censura cibernética.

Por meio de um sistema de réplica dos endereços de internet, a organização conseguiu que essas páginas, censuradas pelos governos desses países, considerados todos eles "inimigos da internet", sejam acessíveis aos internautas.

A campanha "Liberdade colateral" pôs à disposição dos usuários de Cuba, China, Rússia, Irã, Vietnã, Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Bahrein, dez sites que até o momento estavam vetados pelas autoridades.

Os cubanos poderão consultar a página da agência independente "Hablemos Press", fundada em 2009 e que graças seus 30 correspondentes em 15 províncias do país pôde denunciar "as violações dos direitos humanos" cometidas pelo regime, o que provocou sua censura em 2011", segundo a organização.

O site está baseado no exterior e seus jornalistas exercem seu trabalho "em um contexto difícil", com permanentes confiscos de material e telefones grampeados, acrescentou a RSF.

O Departamento de Segurança Interior de Cuba lhes convocou para pedir-lhes que mudassem de linha editorial e, como não aceitaram, recebem permanentes ameaças e intimidação, afirmou a Repórteres Sem Fronteiras.

Durante algum tempo, a edição digital do jornal espanhol "El País" também estará aberta na China, onde foi bloqueada pelo regime após a publicação em janeiro de 2014 de um relatório que revelava as contas em paraísos fiscais de funcionários próximos ao presidente, Xi Jinping.

A RSF escolheu de forma simbólica o jornal espanhol, já que a informação foi publicada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, no qual também estavam "Le Monde", "The Guardian" e "Süddeutsche Zeitung", cujos sites também foram bloqueados.

A organização defensora da liberdade de imprensa também desbloqueou nesse país as páginas do "Mingjing News", referência do exílio chinês, e do tibetano "The Tibet Post", defensor da independência desta região.

O site "Grani.ru", primeira vítima, no ano passado, da nova lei de meios da Rússia, após sua cobertura da crise ucraniana, também será desbloqueado.

O mesmo acontecerá com o portal da agência de imprensa em russo "Ferghana", que reaparecerá nas telas dos cazaques, uzbeques e turcomanos, cujos governos o mantêm censurado pela independência de suas informações.

Inacessível no Vietnã desde 2009, a RSF desbloqueou o "Dan Lam Bao", onde os internautas do país compartilham opiniões.

A campanha também chegou ao mundo árabe, outra das regiões onde os governos se mostram mais restritivos com a liberdade de expressão na internet.

Os iranianos, por exemplo, poderão acessar pela primeira vez desde o ano 2000 o site "Gooya News", um meio marcado pelo pluralismo, já que divulga notícias da oposição e do regime, mas que é proibido no interior do país pelas autoridades.

Esse é o mesmo caso do "Gulf Center for Human Rights", organização de defesa da liberdade de expressão na região e cujo acesso a RSF permitirá nos Emirados Árabes Unidos, onde foi bloqueada em janeiro deste ano.

Criado em plena revolta em Barein em 2011, o "Barein Mirror" está vetado nesse país um mês após sua criação e será reaberto tanto nessa nação como na Arábia Saudita.

A RSF destacou que para reabrir estes meios criará "espelhos" abrigados em grandes servidores, como Amazon, Google e Microsoft, cujo bloqueio por parte das autoridades desses países provocaria graves prejuízos econômicos às empresas, que não poderiam acessar o serviço destes gigantes.

"O custo do bloqueio destes 'sites espelhos' seria econômica e politicamente muito elevado para estes países 'inimigos de internet", afirmou a organização, que manterá as réplicas em funcionamento durante vários meses.

EFE   
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