EUA: decisão sobre a China é só do Google
O governo dos Estados Unidos garantiu nesta terça-feira que a ação do Google de fechar seu portal em idioma chinês foi uma decisão de negócios e que não se envolveu na decisão.
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"Foi uma decisão empresarial do Google", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, P.J. Crowley, a repórteres.
"Em relação à liberdade na internet e ao fluxo de informações em todo o mundo, incluindo o fluxo de informações envolvendo a China, trata-se de algo que vamos continuar a discutir com a China", acrescentou.
A decisão do Google anunciada na segunda-feira veio em um momento de tensões entre Pequim e Washington não apenas sobre a liberdade na internet como a taxa do iuan, sanções econômicas ao Irã e vendas de armas dos EUA à Taiwan.
"Em última instância, as empresas farão seus julgamentos sobre as oportunidades de investimento na China", disse Crowley.
"Nós consideramos a relação econômica entre os EUA e a China", afirmou ele. "Isso posto, se eu fosse a China, eu consideraria seriamente as implicações quando uma das mais reconhecidas empresas do mundo decide que é muito difícil fazer negócios na China", acrescentou.
Entenda a crise
Na segunda-feira, o Google anunciou que havia fechado o site Google.cn e que as buscas seriam desviadas para o Google.com.hk, baseado em Hong Kong e livre da censura imposta pelo governo chinês desde 2006. Hong Kong, uma ex-colônia britânica, pertence à China, mas conta com maior liberdade - incluindo internet não censurada - do que o resto do país.
O Google mantém no ar uma página em que mostra quais de seus serviços ainda estão disponíveis e aqueles completa ou parcialmente bloqueados na China.
A censura da internet se tornou uma fonte de tensões entre China e Estados Unidos, com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, lançando um chamado em janeiro pela defesa da liberdade na internet em todo o mundo, citando a China, entre outros países, como exemplo.
Em 12 de janeiro, o Google anunciou ter sofrido um ataque de hackers. A Contas do Gmail pertencentes a vários ativistas chineses de direitos humanos foram violadas. Na sequência dos acontecimentos o gigante da internet anunciou que deixaria de censurar os resultados das buscas em sua versão em mandarim. Desde a chegada do Google à China, em 2006, temas como o Massacre da Praça da Paz Celestial, a seita Falun Gong e a luta pela libertação do Tibet eram censurados no serviço de buscas e também em concorrentes, como o Bing.
Além do Google, os ataques tiveram como alvo outras 31 empresas, além do Google. O governo americano participou das investigações, que apontaram duas escolas chinesas como a fonte. O governo de Pequim nega as acusações.