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Facebook ganha 1 bilhão de usuários, perde milhões de dólares em 2012

18 dez 2012 - 13h02
(atualizado às 13h41)
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Uma das maiores apostas do Facebook para 2012 se mostrou a grande furada. A IPO da rede social, que prometia o surgimento de "mil milionários", e uma oferta de US$ 100 bilhões pelo site, não conseguiu manter o preço inicial, e ofuscou o brilho de um dos marcos históricos da empresa - 1 bilhão de usuários.

Zuckerberg veiu sua empresa ser criticada na entrada na bolsa no mesmo ano em que comemorou recorde de usuários
Zuckerberg veiu sua empresa ser criticada na entrada na bolsa no mesmo ano em que comemorou recorde de usuários
Foto: Getty Images

Um dos IPOs mais aguardados de todos os tempos teve um primeiro mês considerado desastroso por analistas. O dia 18 de maio foi de festa para os funcionários da rede social, com o tradicional toque do sino na bolsa de Nova York, e até um vídeo em que um touro, como o que é símbolo de Wall Street é montado. Em pouco tempo, as ações caíram na bolsa e o entusiasmo, do cavalo. Trinta dias depois, em 18 de junho, a negociação acumulava perdas de cerca de 20% com relação aos US$ 38 da estreia. Em 31 de julho, as ações foram para a mínima recorde - 40% da oferta. No mês de agosto, na segunda quinzena, os papeis apresentaram uma recuperação de 10 pontos percentuais, ou metade do valor inicial do IPO.

Junto com as quedas, veio a debandada de acionista. Nomes como Peter Thiel, um dos primeiros investidores do Facebook e administrador da rede social, e Dustin Moskovitz, um dos fundadores do Facebook, se desfizeram de papeis. Thiel, de mais de 20 milhões de ações, e Moskovitz, 450 mil.

Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, foi uma das últimas a vender papéis, com o total de US$ 7,4 milhões em ações da rede comercializados.

Bono sem bônus

Os prejuízos causados pela IPO se tornaram processos judiciais. Em pelo menos 33 das ações, investidores solicitaram a tribunais dos EUA que responsabilizem a empresa e os bancos organizadores do IPO pelos prejuízos causados. A investidora Uma Swaminathan, por exemplo, pede uma indenização de US$ 1,9 milhão por perdas que sofreu em função da IPO. Chegou a se cogitar que o banco UBS teve perdas de US$ 350 milhões na IPO do Facebook.

Na onda de prejuízos, sobrou até para o vocalista do U2, Bono Vox, que só não é bilionário porque sua fortuna foi afetada pela participação que tem na empresa, segundo levantamento do site Celebrity Networth.

Sobrevida com um bilhão

Em setembro, o cofundaroe e CEO Mark Zuckerberg veio a público para amenizar as baixas. O primeiro passo foi comprometer-se a não vender suas ações, sinalizando que, apesar do apoio que se escoava, ele mantinha sua aposta no site. No mesmo mês, uma entrevista concedida em evento do site Techcrunch teve efeito positivo sobre os papéis. O CEOnegou que estivesse enfrentando instabilidades e defendeu a empresa. Na manhã seguinte à entrevista, a empresa teve alta de 6% na bolsa, e o site chegou à valorização de US$ 6,8 bilhões.

Em outubro, o mês da divulgação dos números. Além do 1 bilhão de usuários, o Facebook anunciou 1,18 trilhão de likes (curtidas), 140,4 bilhões de conexões enter amigos, 219 bilhões de fotos publicadas e 17 bilhões de check-ins desde o lançamnto.

Um país "do mal"?

Se fosse um país, o Facebook seria o terceiro maior do mundo, atrás da China (1,34 bilhão) e da Índia (1,21 bilhão), e à frente dos Estados Unidos (314,5 milhões). O marco serviu também para refletir sobre as polêmicas de privacidade da rede social, já que, segundo especialistas, a população não é o único ponto em comum do serviço de Zuckerberg com países. Lori Andrews, professora de Direito da Chicago Kent-College of Law, por exemplo, declarou à época que o Facebook vigia usuários como muitos países gostariam de fazer com seus cidadãos.

Com mudanças que deixaram o controle de privacidade confuso> o site sofreu não só com pressos dos usuários, mas também judiciais. Processos milionários por por violação de privacidade e desativação de recursos pautaram o ano. Em novembro, o Facebook propôs encerrar as votações para alterar políticas de privacidade levantou preocupações entre os usuários, inclusive a proliferação de "correntes" de mensagens por usuários.

Infográfico: Veja mudanças na privacidade padrão do Facebook desde 2004

Em sua defesa, a empresa explicou que "qualquer pessoa que use o Facebook é dona dos conteúdos e das informações que publica, e as controla, tal qual especificam nossos termos de utilização. Elas controlam como essas informações e conteúdos são compartilhados". Em seus "Direitos e Responsabilidades", a rede social diz que o usuário retém os direitos de propriedade intelectual dos conteúdos que posta, mas ao publicá-los em seu perfil, dá ao Facebook uma licença para usá-los e mostrá-los dentro de seu sistema. Mesmo assim, grupos de defesa de direitos autorais já protestaram e pediram que o Facebook reconsidere seus planos.

Tais polêmicas com privacidade e baixas na bolsa, para Erik Qualman, autor do livro Socialnomics: como as mídias sociais transformaram o jeito que vivemos e fazemos negócios (tradução livre), pode resultar numa queda de usuários. "As pessoas sempre querem ficar perto do que é legal, do que está na moda. Essa publicidade negativa já está afastando os seguidores. A percepção funciona como a realidade nesse caso. Com certeza eles devem rever o modelo de negócio", disse em entrevista ao Terra.

Se os efeitos das tormentas de 2012 serão sentidos com mais força, o ano que vem dirá.

Fonte: Terra
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