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Fotógrafos usam Google Street View para criar obras autorais

14 jul 2012 - 20h25
(atualizado às 21h57)
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Na década de 1960, alguns jogos de tabuleiro prometiam "todas as aventuras" da Fórmula 1 ou do futebol "no conforto da sua casa". Havia até mesmo uma propaganda de cerveja que oferecia "cerveja sem sair de casa". Este desejo de prisão domiciliar voluntária tem sido saciado quase completamente pela internet. Mas, quem diria, ela também pode tornar pessoas "fotógrafos de rua que ficam em casa". A análise é de Geoff Dyer, no site do jornal britânico The Guardian.

A imagem, feita pelo Google Street View, é parte do trabalho de Jon Rafman. Ele diz estar tentando achar o sublime na era da internet
A imagem, feita pelo Google Street View, é parte do trabalho de Jon Rafman. Ele diz estar tentando achar o sublime na era da internet
Foto: Reprodução

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Segundo Dyer, essa descoberta foi evidenciada quando Michael Wolf recebeu uma menção honrosa em 2011 no World Press Photo Awards por uma imagem registrada da frente a seu computador, em casa, a partir de cenas do Google Street View. O fotógrafo descobriu a potencialidade da ferramenta quando se mudou de Hong Kong para Paris e percebeu que a cidade não tinha nada para lhe oferecer visualmente.

Wolf viu, rapidamente, que o olhar da câmera do Street View registrava o que ele chamou, em uma das séries fruto dessas descobertas, de Desventuras: altercações e acidentes, brigas e mortes. Aproveitando a espontaneidade das pessoas - ou o desconhecimento delas - diante da câmera do Google, ele reuniu diversas imagens curiosas, editou-as e fez com que se tornassem fotos autorais. Em uma de suas obras, A cidade transparente, após registrar imagens de arranha-céus em construção, percebeu que, em muitas janelas, era possível ver o que ocorria dentro dos apartamentos.

Depois disso, percebeu-se que muitas pessoas faziam algo parecido - ficavam olhando as imagens da cidade em busca de fatos curiosos. O artista Jon Rafman, por exemplo, que usa métodos semelhantes aos de Wolf, define as imagens como "fotografias que ninguém tirou e lembranças que ninguém tem". "É o enquadramento que dá sentido as coisas. Mas, ao reintroduzir o olhar humano, eu reafirmo a importância, a singularidade do indivíduo", descreve. Ele afirma que as imagens do Street View possuem uma "urgência" presente na fotografia de antigamente.

Fonte: Terra
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