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Fundador do Megaupload critica acusações americanas

1 mar 2012 - 06h26
(atualizado às 06h48)
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O fundador do site Megaupload, Kim Schmitz, conhecido como "Dotcom", indiciado por fraude e violação dos direitos autorais, acusou as autoridades dos Estados Unidos de terem montado um caso "enganoso e mal-intencionado" contra ele, e garantiu que não vencerão o processo judicial.

Liberado após o pagamento de fiança na semana passada na Nova Zelândia depois de passar um mês detido, Dotcom demonstrou confiança e disse que vai desmontar as acusações apresentadas contra ele pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos e do FBI.

"Para cada e-mail da acusação deles, tenho outros 100 que os desautorizam", disse ao jornal New Zealand Herald, em sua primeira entrevista desde que deixou a prisão.

A justiça americana acusa os diretores do Megaupload de terem obtido US$ 175 milhões com atividades criminosas. Além disso, afirmam que o site provocou um prejuízo US$ 500 milhões aos proprietários de direitos autorais com cópias piratas de filmes, programas de televisão e outros conteúdos.

Criado em 2005 e com sede em Hong Kong, o site Megaupload, que presumia ter 50 milhões de usuários por dia, foi fechado em 19 de janeiro por ordem da justiça americana.

Mas Kim Schmitz, um alemão de 38 anos, afirma que as acusações ignoram as provas que mostram que ele tentou pessoalmente impedir os piratas de acessar o Megaupload, e que tinha uma equipe de 20 pessoas encarregadas de retirar do site os conteúdos pirateados.

"Como podem selecionar (a informação) de uma forma tão enganosa e mal-intencionada?", questionou. "Eu, sentado na minha cela, dizia: 'por quê estão fazendo isto?' Não podem ganhar", completou o empresário.

O pedido de extradição apresentado pelos Estados Unidos será examinado em 20 de agosto. As autoridades americanas afirmaram que pedirão a pena máxima de 20 anos de prisão, no caso de processo nos Estados Unidos.

Entenda o caso

As autoridades dos Estados Unidos, incluindo o FBI (polícia federal americana), tiraram o Megaupload e outros 18 sites afiliados do ar na noite do dia 19 de janeiro (horário de Brasília) por considerar que o site faz parte de "uma organização delitiva responsável por uma enorme rede de pirataria virtual mundial". O Megaupload teria causado mais de US$ 500 milhões em perdas ao transgredir os direitos de propriedade intelectual de companhias. As autoridades norte-americanas consideram que por meio do site, que conta com 150 milhões de usuários registrados, e de outras páginas associadas, ingressaram cerca de US$ 175 milhões.

Em resposta ao fechamento do Megaupload, o grupo de hackers Anonymous bloqueou temporariamente o site do Departamento de Justiça, do FBI e o da produtora Universal Music, entre outros na noite de 19 de janeiro, horário de Brasília. De acordo com os hackers, foi o maior ataque já promovido pelo grupo, com mais de cinco mil pessoas ajudando.

No dia 20 de janeiro na Nova Zelândia, noite de 19 de janeiro no Brasil, a polícia neozelandesa realizou uma operação na qual confiscou dos detidos e do Megaupload bens avaliados em US$ 4,8 milhões, além de US$ 8 milhões depositados em contas abertas em diversos bancos do país. Nesta operação, Kim Schmitz, mais conhecido por Dotcom, fundador do Megaupload, e os outros três envolvidos, foram presos. Desde então, outros acusados de participar do negócio, alguns fugitivos, vêm sendo presos ao redor do mundo. Dotcom, que teve o pedido de fiança negado, está preso desde o dia 20 de janeiro na Nova Zelândia e deve permanecer até o dia 22 de fevereiro, quando termina o prazo do pedido de extradição para os Estados Unidos.

Megaupload Ltd., e outra empresa vinculada ao caso, a Vestor Ltd, foram indiciadas pela câmara de acusações do Estado da Virgínia (leste) por violação aos direitos autorais e também por tentativas de extorsão e lavagem de dinheiro, infrações penalizadas com 20 anos de prisão. Embora tenham participado da operação, as autoridades da Nova Zelândia não devem apresentar acusações formais contra o site.

O anúncio do fechamento do Megaupload ocorreu em meio a uma polêmica nos Estados Unidos sobre dois projetos de lei antipirataria, o Sopa (Stop Online Piracy Act), que corria na Câmara dos Representantes, e o Pipa (Protect Intelectual Property Act), que era debatido no Senado, contra as quais se manifestou, entre muitos outros, o site Wikipédia, interrompendo seu acesso no dia 18 de janeiro, e o Google mascarando seu logo. O protesto foi chamado de apagão ou blecaute pelos manifestantes.

Mansão Dotcom, casa do fundador do Megaupload Kim Dotcom, vale US$ 30 milhões
Mansão Dotcom, casa do fundador do Megaupload Kim Dotcom, vale US$ 30 milhões
Foto: Reuters
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