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Google: herói ou inimigo do povo chinês?

23 mar 2010 - 09h28
(atualizado às 11h04)
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A decisão do Google de deixar de acatar a censura na China provocou nesta terça-feira debates apaixonados entre os internautas do país comunista, com posturas que vão das críticas nacionalistas contra o gigante americano da informática a perguntas sobre a liberdade de expressão.

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O anúncio do Google desatou uma avalanche de mensagens de apoio na plataforma de microblogs Twitter, censurada na China mas utilizada por vozes críticas ao governo graças a meios que permitem driblar o bloqueio.

"A China é a partir de agora o terceiro país do mundo a não ter o Google, depois do Irã e da Coreia do Norte", lamentava um internauta chinês.

"No Twitter muitas pessoas apóiam o Google", afirmou Ai Weiwei, um artista que adotou a ferramenta para combater a censura imposta pelo governo comunista.

"As pessoas entendem que para o Google, como empresa multinacional, era difícil adotar esta postura e que muitas empresas não teriam agido da mesma maneira". "O fato da China reforçar o sistema de censura e controle afeta os direitos mais fundamentais à liberdade de expressão, o que faz com que a reação do Google seja admirável", completou Ai.

Já os internautas mais nacionalistas voltaram as baterias contra o "inimigo" Google.

"Os imperialistas vão embora com o rabo entre as pernas", escreveu um internauta em um fórum de discussão no site do Global Times, jornal que pertence ao Diário do Povo (órgão do Partido Comunista).

"O Google tem vínculos com os serviços de inteligência americanos", afirmou outro, que retoma as acusações feitas pela agência de notícias oficial Xinhua (Nova China) durante o fim de semana.

"A China pode contar com suas próprias forças: se não temos o Google, podemos contar com o Baidu e o Soso", destacou outra voz nacionalista, em referência às duas grandes ferramentas de busca chinesas.

Opiniões mais comedidas, e às vezes abertamente críticas, foram registradas em alguns dos principais sites no país, apesar da censura.

"A decisão do Google de se retirar fere a vontade de abertura anunciada pela China há anos", afirmou um internauta. Outro usuário manifestou "tristeza" com a saída do Google em seu microblog no Sina.com, um comentário que foi rapidamente retirado do portal de notícias.

Em termos práticos, segundo os analistas, a decisão do Google de transferir a sede para Hong Kong não provocará nenhuma mudança para os quase 400 milhões de internautas chineses.

"As buscas já não serão censuradas pelo Google, e sim pelo "Great Firewall" (uma referência à Grande Muralha da China, com uma ironia sobre a censura), afirmou Kaiser Kuo, consultor de Pequim especializado em internet.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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