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Os submarinos russos podem deixar o mundo sem internet?

Militares ouvidos pelo New York Times expressaram preocupação com o aumento da atividade naval russa perto de importantes cabos submarinos

3 nov 2015 - 19h11
(atualizado em 4/11/2015 às 09h20)
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Presidente russo Vladimir Putin
Presidente russo Vladimir Putin
Foto: Spencer Platt / Getty Images

Os Estados Unidos temem que a Rússia esteja desenvolvendo planos para cortar redes de internet chave para guerras futuras, segundo fontes militares ouvidas recentemente pelo jornal New York Times - que expressaram sua preocupação com o aumento da atividade naval russa perto de importantes cabos submarinos.

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"Tenho uma preocupação diária sobre o que a Rússia pode estar fazendo", disse recentemente Frederick J.Roegge, comandante da frota de submarinos americanos no Pacífico.

Segundo o jornal, várias fontes confirmaram a informação. "Elas informam que, do Mar do Norte ao nordeste da Ásia – inclusive em águas próximas à costa americana – há registros de um aumento significativo da atividade russa ao longo de rotas conhecidas de cabos vitais para as comunicações em nível mundial".

Mas os submarinos russos poderiam realmente estar investigando uma maneira de cortar esses cabos?

Analistas especializados em Rússia conhecem a ameaça há muito tempo, segundo afirmou à BBC Keir Giles, investigador associado ao Programa de Rússia e Eurásia do centro de estudos Chatham House.

Contudo, segundo ele, cortar completamente a conexão de internet americana é provavelmente impossível, devido ao número enorme de conexões que entram e saem do país. "Isso só funcionaria em lugares onde a geografia particular pressupõe uma vulnerabilidade de suas comunicações por internet".

Um exemplo desses lugares é a Crimeia, península que estava sob controle ucraniano mas foi tomada pela Rússia.

Ucrânia

Os provedores de telecomunicações da Ucrânia reportaram interrupções no serviço de internet durante a atividade militar russa na península em 2014.

Esse episódio é mencionado em um informe da Chatham House sobre as táticas de guerra russas, que será publicado no fim do ano. "Podem interferir na infraestrutura de internet com a finalidade de tomar o controle (da informação disponível) em regiões específicas", disse Giles. "Faz sentido, dado o intenso programa de construção de submarinos, que incluem alguns navios muito especializados."

Sabe-se que alguns países desenvolveram capacidades para intervir em cabos de locações submarinas. Os Estados Unidos já fizeram isso na década de 1970.

Mesmo assim, os documentos dos serviços de inteligência que o ex-funcionário da NSA (agência de segurança nacional americana) Edward Snowden vazou afirmam que agências interceptaram comunicações por exemplo na Cornuália (Grã-Bretanha), em um ponto onde passa um dos maiores cabos transatlânticos.

O forte da internet

Cortar a conexão por completo seria outra coisa. A internet foi projetada com base na "resiliência", de modo que não precise de todos os seus pontos de conexão para funcionar. Ou seja, mesmo que alguns pontos sejam cortados, o tráfego de dados pode chegar por outras partes.

Mas, dito isso, há muitos pontos em que a internet seria mais vulnerável à ruptura de um cabo, segundo o correspondente da BBC Chris Baraniuk. Cabos de fibra ótica atravessam oceanos inteiros, por exemplo, levando imensas faixas de tráfego de internet de todo o mundo. Algumas das zonas mencionadas com mais atividade naval da Rússia se encontram nesses pontos, segundo as fontes militares.

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