Próximo Facebook pode vir de um mercado emergente, diz especialista
- Bruna Saniele
- Direto de Manchester (Inglaterra)
O próximo Facebook pode vir de mercados emergentes, como o Brasil, afirma o escritor e pesquisador Erik Qualman, autor do livro "Socialnomics: como as mídias sociais transformaram o jeito que vivemos e fazemos negócios (tradução livre)". Para o autor, o surgimento de um novo site de relacionamento capaz de fazer frente aos quase 1 bilhão de usuários do Facebook não deve demorar.
" Com certeza vai aparecer um concorrente com um serviço melhor e não deve demorar. Mais e mais pessoas estão interessadas em criar e aprender. O próximo concorrente pode vir dos mercados emergentes, espero que não saia do Vale do Silício", disse o autor em entrevista ao Terra.
Enfrentando problemas na bolsa de valores desde a sua IPO, em maio, o Facebook deve começar a amargar perdas de usuários em breve, prevê Qualman, abrindo espaço para a concorrência. Para o escritor, a publicidade negativa trazida pela queda no preço das ações e pela intensiva cobertura da mídia sobre o assunto deve afastar os usuários da principal rede social em atuação no momento, com cerca de um bilhão de cadastrados.
"As pessoas sempre querem ficar perto do que é legal, do que está na moda. Essa publicidade negativa já está afastando os seguidores. A percepção funciona como a realidade nesse caso. Com certeza eles devem rever o modelo de negócio", disse.
Para o autor, a dificuldade da rede social em mostrar que é um negócio viável economicamente deve continuar causando inconvenientes para o crescimento da empresa, mas não surpreende. "Estava tudo escrito na carta que ele (Mark Zuckerberg) apresentou em Wall Street, que ele manteria o controle do negócio e que o objetivo não era ganhar dinheiro, mas fazer uma revolução social", relembra o autor.
Alternativas de renda
Agora que o IPO foi lançado, Qualman propõe soluções para aumentar a rentabilidade do site. Uma delas é cobrar uma porcentagem por transações financeiras efetuadas por meio do Facebook, melhorar a busca através dos contatos e estimular a criação de páginas de pequenas empresas, que deixariam de lado seus sites e colocariam todas as transações financeiras na rede social, mediante pagamento.
"Eu quero saber o que os meus amigos pensam sobre os serviços e não perder tempo pesquisando novamente. Se os meus amigos já testaram eu não preciso testar. Essa busca eficiente poderia impulsionar o Facebook, porque ninguém faz isso de forma ideal hoje", diz. "Muitas empresas pequenas gastam muito para criar um site e não conseguem fazer uma manutenção correta. O Facebook poderia fazer isso por meio de uma ferramenta e as empresas iam preferir usar esse serviço", completa.
Qualman aponta ainda outra alternativa. Para o autor, a rentabilidade do Google, que segundo ele ganha "uma fortuna" com páginas anunciadas, não consegue suprir a carência por um sistema de busca eficiente. "A busca do Google não é perfeita, ela te indica resultados que não te levam exatamente aonde você quer chegar. O Facebook deveria tentar aprimorar esse sistema de busca e ganhar dinheiro com isso, usando a rede de amigos como indicação de produtos e serviços de forma efetiva."
A vantagem do Facebook, para o autor, é que Zuckerberg ainda está em contrato na rede social. "Acho que se ele eliminar as pesquisas redundantes, se conseguir fazer com que eu não tenha que testar o que o meu amigo já testou, vai ser uma forma de ganhar dinheiro e de dar mais tempo para o usuário."
Lançado na bolsa em 18 de maio, o Facebook tem sofrido com a queda nas suas ações, que giram em torno de US$ 18, cerca da metade do valor de estreia. Além disso, investidores pioneiros do site e até um cofundador têm vendido grandes quantidades de ações.
(A repórter viajou a convite da EF Cursos no Exterior)