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Testamos o RockMelt, navegador grudado em redes sociais

15 nov 2010 - 10h54
(atualizado em 16/11/2010 às 08h37)
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Ismael Cardoso

Na última semana, a chegada de um novo navegador fez muito barulho na internet. E não é para menos. O RockMelt foi lançado já com a assinatura de Marc Andreessen, criador do Netscape, navegador que revolucionou a internet na metade da década de 90. Desenvolvido todo em cima do Chromium, mesmo motor utilizado para o desenvolvimento do Chrome, o RockMelt torna-se bastante amigável para quem já está familiarizado com o navegador do Google, já que a interface é praticamente igual.

Navegador foi criado pensando que usuários navegam compartilhando conteúdo nas redes sociais, fazendo buscas no Google e monitorando os sites favoritos
Navegador foi criado pensando que usuários navegam compartilhando conteúdo nas redes sociais, fazendo buscas no Google e monitorando os sites favoritos
Foto: Reprodução

Os criadores do navegador partiram da ideia de que atualmente os usuários navegam na internet basicamente de três formas: compartilhando conteúdo nas redes sociais, fazendo buscas no Google e monitorando seus sites favoritos. E se é isso mesmo que os internautas querem hoje em dia, o RockMelt veio mesmo para revolucionar a navegação, já que tudo isso pode ser feito em uma única janela do browser.

A concorrência não ignorou o lançamento do navegador. Coincidência ou não, o Firefox lançou, dois dias depois da aparição do RockMelt, a extensão F1, que permite dividir com os amigos impressões sobre a página aberta no navegador usando o Twitter, Facebook ou Gmail, tudo sem precisar abrir outra aba ou pop-up.

Essa não é primeira tentativa de se fazer um navegador social. O Flock, baseado no Firefox, integra diversos recursos para facilitar o acompanhamento de rede socias e tenta há anos buscar seu espaço. Mas por que o Flock não conseguiu fazer tanto estardalhaço quanto o RockMelt? O primeiro motivo é a integração do novo navegador com o Facebook, que tem mais de 500 milhões de usuários em todo o mundo. O segundo é o nome por trás de tudo isso, Marc Andreessen.

Andreesseen revolucionou a internet com a criação do Mosaic em 1993, em um projeto da Universidade de Illinois que procurava criar um software que permitisse aos cientistas navegarem pelos trabalhos e páginas uns dos outros. No ano seguinte, Andreessen criou a fundação Mosaic, que posteriormente passou a se chamar Netscape, e no fim de 1994 lançou a primeira versão do Netscape.

O browser chegou a ser usado por 90% dos internautas, mas perdeu espaço para o Internet Explorer, que chega aos computadores integrado ao Windows, até que teve o suporte encerrado em 2008. Apesar de ter perdido a primeira guerra dos browsers, o código do Netscape derivou o Firefox e Andreesseen continua sendo um importante empresário do Vale do Silício.

É certamente o apoio de Andreessen que faz do RockMelt um foco de atenção. A maior parte dos US$ 10 milhões em financiamento recebidos para produzir o navegador vieram da empresa de Andreesseen. Ele afirmou que todas os recursos do RockMelt teriam sido usados no Netscape se ele soubesse como as pessoas iriam usar a internet. Mas, afinal, o que o RockMelt tem de diferente?

Navegador social
A ligação entre o RockMelt e o Facebook é tão grande que o navegador não funciona sem uma conta na rede social. Logo depois de logar, uma lista dos seus amigos aparece em uma barra à esquerda do browser. Isso permite que você acompanhe as atualizações dos seus contatos ou inicie uma conversa com eles com apenas um clique.

O que mais chama a atenção é a facilidade de compartilhar conteúdo com as pessoas com quem você se relaciona. Gostou de um vídeo, de uma foto ou de um link e quer que algum de seus amigos saiba disso? O recurso arrastar-e-soltar facilita - e muito - essa tarefa. Basta clicar no que você quer compartilhar, arrastar até o seu contato na barra lateral e soltar. Você decide se quer que esse conteúdo seja compartilhado por chat, mensagem ou pelo mural do Facebook.

Mas não é só com o Facebook que o RockMelt se relaciona. O botão "Share" entre a barra de endereços e a barra de buscas permite a atualização, além do seu mural no Facebook, da sua timeline no Twitter. E o mais interessante é que o navegador encurta o link automaticamente, sem você precisar se preocupar em ir atrás desse serviço em outro site.

Barra de aplicativos
Mas de nada adianta postar facilmente no Twitter sem saber o que os seus amigos estão postando. Por isso, na barra da direita é possível adicionar aplicativos, entre eles sua timeline do Twitter. A exemplo de outros aplicativos da rede social, o aplicativo mostra fotos e vídeos compartilhados embedados na timeline.

Mas essa barra não traz só as atualizações do microblog. Feeds RSS e extensões que podem surgir futuramente também ficam ali, logo à mão. Assim, as atualizações do seu site de notícia favorito ou dos blogs que você acompanha aparecem na janela do seu navegador, em menus flutuantes que não atrapalham a visualização da página por onde você está navegando.

Buscas no Google e tudo na nuvem
Outra grande novidade do RockMelt é a criação de uma barra de buscas. O diferencial da busca no browser é que os resultados do Google aparecem em um menu flutuante. Isso faz com que você possa visualizar os resultados sem precisar abrir o buscador em outra aba ou sair da página em que você está navegando. A busca mostra ainda resultados para os seus contatos no Facebook.

Mas o que merece destaque no RockMelt além da conexão com as redes sociais é o fato do browser registrar toda a sua navegação na nuvem. Todas as suas configurações, favoritos, aplicativos, bookmarks e histórico ficam armazenadas online. Assim, quando você fizer o login no navegador em outra máquina todas as suas informações e preferências de navegação vão junto com seu login do Facebook.

As primeiras impressões
Apesar de estar ainda em uma versão beta, o RockMelt se mostrou bastante estável. Problemas comuns em navegadores recém-instalados, como a ausência de plugins e dificuldade em navegar em alguns sites não apareceram. Mesmo com tantos recursos, o RockMelt é um navegador leve e rápido, a exemplo do seu irmão mais velho Google Chrome.

Por outro lado, o browser apresenta alguns problemas. O primeiro deles é a demora na inicialização, já que o navegador só abre depois de enviar as informações para o Facebook. Outra falha que se mostrou constante foi um certo atraso na atualização dos feeds. Os RSS de sites e a timeline do Twitter ficaram algumas vezes mais de dez minutos sem atualização, além de o feed do Twitter ter ficado indisponível durante um tempo.

Outra falha é a apropriação de atalhos de teclado muito utilizados para funções o navegador. Quem está acostumado a selecionar um texto na barra de endereços pelo teclado, usando Shift + Ctrl + seta, precisa perder essa mania. Esse atalho é usado no RockMelt para ocultar as barras laterais do Facebook e de aplicativos.

Além disso, as bordas dos contatos do Facebook e de feeds e aplicativos tornam a interface do navegador carregada à primeira vista. É preciso de um tempo para se acostumar com tantas informações se atualizando em volta da página que você está visitando. Por mais que os recursos do RockMelt facilitem a navegação, é preciso disciplina para não se distrair de um trabalho importante que está sendo realizado na internet com tantas atualizações acontecendo ao mesmo tempo à sua volta. É importante lembrar que o objetivo de um navegador é, exatamente, navegar.

A questão da privacidade
Os problemas de privacidade envolvendo o Facebook podem preocupam alguns usuários. As informações que ficam disponíveis na nuvem - seu histórico de navegação, seus sites favoritos, os feeds que você assina - falam muito sobre você. Alarmistas temem o que pode ser feito com essas informações se elas pararem nas mãos erradas. Mais ou menos o que aconteceu com o surgimento do Chrome, o medo do Google saber tudo que é feito na internet agora se estende ao Facebook.

De qualquer forma, a estabilidade do RockMelt, mesmo com uma semana de lançamento, mostra que vale a pena testar o navegador. Quem é um usuário viciado em redes sociais pode até arriscar torná-lo seu navegador padrão.

Infelizmente, por enquanto o RockMelt só pode ser baixado por quem for convidado. Se você quiser testar, corra atrás de um amigo que já use o navegador ou acesse www.rockmelt.com, se registre com a conta do Facebook e aguarde ser convidado para conhecer o browser.

Fonte: Redação Terra
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