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Polícia

vc repórter: família de músico baleado faz campanha no Facebook

5 dez 2012 - 18h41
(atualizado às 19h09)
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Um ano e nove meses após Paulo César Perrone Júnior, baterista da banda Estakazero, ser vítima do golpe da 'saidinha de banco' em Salvador, na Bahia, a família do músico iniciou pelas redes sociais uma campanha para que o banco Bradesco financie seu tratamento. Paulo levou um tiro na cabeça e perdeu a coordenação dos movimentos.

Em menos de um dia, mais de 45 mil pessoas já compartilharam pelo Facebook a mensagem que pede ao banco que se responsabilize pelos custos hospitalares do tratamento do músico.

Paulo foi vítima do golpe quando saía de uma agência do Bradesco no bairro Pituba, em 19 julho de 2011, após sacar R$ 3 mil. De acordo com a família, as câmeras de segurança do banco mostram que, enquanto Paulo conversava com a atendente do caixa, um homem sentado em um banco posicionado em frente enviava mensagens pelo celular.

"Em nenhum momento os seguranças questionaram o homem, que estava sentado, sem fazer nada, apenas mexendo no celular", afirma Thalita Perrone, prima de Paulo. Em Salvador, desde setembro de 2010, a lei municipal proíbe o uso de telefones celulares dentro de agências bancárias, justamente para evitar golpes como o da "saidinha".

Depois de sacar o dinheiro, Paulo deixou a agência e foi seguido pelo homem. O músico entrou no carro, e ao parar em um semáforo, em uma região conhecida como Caminho das Árvores, foi abordado por assaltantes, que roubaram o dinheiro e efetuaram disparos. Um deles atravessou a cabeça do músico, que perdeu massa encefálica e ficou cerca de oito meses internado em estado grave.

Com as sequelas causadas pelo tiro que levou, o músico hoje tem dificuldades de se comunicar e, apesar de não ter perdido o movimento dos membros inferiores e superiores, não consegue andar, nem se alimentar ou realizar qualquer atividade sozinho. Ele recebe a ajuda dos integrantes da banda, "que nunca deixaram de dar apoio ao amigo", segundo a família. Os gastos chegam a cerca de R$ 13 mil por mês com enfermeiras, fraldas, fisioterapia e remédios.

Thalita conta que a família entrou na Justiça para pedir que o banco se responsabilize pelo tratamento do músico. "Estávamos tentando nos manter. Mas R$ 13 mil por mês não é brincadeira. Já que o Bradesco não pôde cumprir o papel de dar segurança, que pelo menos arque com o papel de entender o caso e pagar pelo tratamento dele", argumenta.

A imagem publicada na rede social pela irmã de Paulo, Lidiane Roriz, mostra duas fotos cantor. Uma antes do acidente, e outra depois. Junto a ela, uma mensagem pede ao juiz responsável pelo caso que decida a favor da família. "O objetivo da mobilização é pedir que o juiz analise o caso perante a lei e nos dê uma resposta. Não estamos pedindo nada demais, é o básico".

Apesar disso, Thalita confessa que a família ficou surpresa com a rápida repercussão da campanha. "A gente esperava a adesão da família e dos amigos. Mas em poucos minutos, a imagem já tinha mais de 2 mil compartilhamentos. Quando vimos, começamos a chorar, foi uma grande emoção. Isso prova que a sociedade está alerta, e quer segurança. Existem muitas famílias de Perrones, Oliveiras e Silvas que devem estar na mesma situação".

Procurado pelo Terra, o Bradesco limitou-se a responder que "o assunto está sub judice", ou seja, corre em justiça, e que não comentaria o caso.

Mudanças na lei

Em julho de 2011, após o caso de Paulo César e de outros dois ataques a caixas eletrônicos - um na praia do Forte e outro em Trancoso - o prefeito João Henrique Carneiro sancionou a Lei 8.042, que obriga as instituições bancárias a instalar câmeras também do lado de fora das agências, podendo causar advertência e, em caso de reincidência, multa de R$ 5 mil.

A internauta Lidiane Diniz, de Salvador (BA), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Paulo, que era baterista da banda Estakazero, levou um tiro na cabeça e perdeu a coordenação dos movimentos
Paulo, que era baterista da banda Estakazero, levou um tiro na cabeça e perdeu a coordenação dos movimentos
Foto: Facebook / Reprodução
vc repórter
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