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Yahoo! monitora redes sociais para criar o 'meio' do futuro

21 nov 2011 - 13h09
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Anita Arriaga
Direto do Chile

Os meios de comunicação do futuro serão preditivos, comunitários e com notícias "sob medida", de acordo com o vice-presidente do Yahoo! Research América Latina e Europa, Ricardo Baeza Yates, entrevistado pelo Terra na comemoração dos cinco anos do laboratório que a companhia mantém no Chile.

Ricardo Baeza Yates é vice-presidente do Yahoo! Research América Latina e Europa
Ricardo Baeza Yates é vice-presidente do Yahoo! Research América Latina e Europa
Foto: Terra Chile

O pesquisador e acadêmico falou da contribuição que este laboratório está fazendo no estudo das redes sociais e outros temas-chave que permitirão tornar realidade o "quiosque" do futuro sonhado pelo Yahoo! e que tem seu primeiro precedente com o Livestand, um agregador de notícias que a companhia lançou para o iPad da Apple no início deste mês: uma revista viva que agrupa conteúdos do Yahoo! e de outros editores para criar uma experiência digital adaptada aos interesses e gostos de cada pessoa.

Terra - Como vem sendo o trabalho do laboratório que o Yahoo! instalou no Chile nestes cinco anos?

Ricardo Baeza Yates -

Sempre foi focado na busca e na mineração de dados, mas agora se trabalha muito em, por exemplo, mineração de dados em redes sociais. Foi desse tipo de pesquisa que surgiu o estudo do Twitter durante o terremoto no Chile, feito por Bárbara Poblete, Carlos Castillo e Marcelo Mendoza, sobre a confiabilidade da rede de microblogging durante catástrofes. Foi publicado no Congresso Mundial da Web na Índia e ganhou destaque no

The Wall Street Journal

.

Terra - Foi relevante ter um centro de investigação no Chile para gerar um estudo assim?

Ricardo Baeza Yates -

A existência do grupo de estudos e a ocorrência de um evento dessa magnitude no Chile permitiu, através da mineração de dados, estudar o impacto que ele teve nas redes sociais: como a informação era transmitida, rumores verdadeiros e falsos. Basicamente, se usou uma técnica de aprendizagem automática que permite predizer que algumas mensagens são verdadeiras e outras falsas, porque as verdadeiras se difundem mais rápido e para mais pessoas e as falsos chegam a menos usuários, e além disso se contradizem, pois alguém aponta "isto não está certo". Por exemplo, havia um rumor sobre saques em Santiago (

a capital chilena

) que não era verdade.

Terra - Além dos dados e estatística, que outras utilidades tem a análise dessas situações?

Ricardo Baeza Yates -

Na Primavera Árabe, as redes sociais tiveram um papel fundamental em tudo que aconteceu. Com Os Indignados, na Espanha, temos um trabalho que fizemos em Barcelona sobre as pessoas influentes no Twitter, sobre quem gera as tendências ou começa as bolas de neve que se transformam em coisas muito maiores. Também há estudos sobre o que aconteceu em Fukushima: como foi a transmissão de informação no mundo. Todos esses estudos são feitos com casos particulares para aprender se alguém pode predizer eventos no futuro, para dizer: há uma tendência que está ganhando voo, pode ser importante amanhã e queremos saber se é verdadeira ou não. Assim poderemos antecipar uma notícia importante um pouco antes que os meios tradicionais. Além disso, muitas vezes há assuntos que não interessam aos meios de comunicação tradicionais e que para muita gente podem ser importantes, e poderíamos identificá-los.

Terra - Criar meios como o Livestand é uma aposta forte do Yahoo!. Como vocês veem o meio de comunicação do futuro?

Ricardo Baeza Yates -

Uma pessoa com interesses particulares pode receber em uma plataforma como o Livestand apenas o que lhe interessa ou possíveis notícias do dia seguinte. Quer dizer, serão meios "sob medida", preditivos e também comunitários, no sentido de que todos contribuimos para que isso aconteça.

Terra - E qual é a contribuição do centro do Yahoo! no Chile para esses desenvolvimentos?

Ricardo Baeza Yates -

No Chile se estuda uma parte dos meios preditivos e também como conseguir que as coisas sejam feitas rapidamente, de forma distribuída e em tempo real. Porque se vai levar um dia para se realizar já não serve. Ademais, deve ser escalável a milhões e milhões de usuários rapidamente.

Terra - Voltando ao tema da mineração de dados, qual é sua visão como pesquisador considerando a polêmica vivida no Chile pelo monitoramento do governo?

Ricardo Baeza Yates -

Se os dados são públicos, qualquer pessoa tem o direito de ler neles o que lhe interessa. O ponto é o que você faz com essa informação. Os dados do Twitter são públicos e muitos dados do Facebook podem ser públicos de acordo com a configuração do usuário. Agora, se alguém usa essa informação para algo que não deve, não estou de acordo. Mas em geral é normal que as empresas se preocupem sobre o que estão dizendo de suas marcas, se os clientes estão contentes, ou que o governo queira saber os assuntos que interessam às pessoas. Isso pode ser usado para muitos fins muito positivos.

Terra - Falando de dados pessoais, o que você pensa sobre a crítica feita por Marck Zuckerberg que são os buscadores como Google e Yahoo! que infringem a privacidade coletando dados sem que os usuários saibam?

Ricardo Baeza Yates -

Os buscadores têm muito menos dados dos usuários do que as redes sociais porque não têm tudo junto: fotos, identidades, perfis. Sabemos um endereço IP, um cookie, mas muitas vezes correspondem a mais de uma pessoa. Creio que no fim das contas o mais importante é manter a confiança dos usuários e não cometer erros. E nesse sentido há dois tipos de erro: um é de segurança informática, e tivemos muitas notícias nos últimos meses sobre perda de informações; o outro tipo de erro tem a ver com o mau uso dos dados dos usuários ou com más políticas de privacidade. E poderíamos então nos perguntar quem é que mais tem mudado as políticas de privacidade no último tempo.

Fonte: Terra
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