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Yoani Sánchez enfrenta protestos em seu primeiro dia no Brasil

18 fev 2013 - 12h04
(atualizado às 12h19)
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A blogueira cubana Yoani Sánchez desembarcou na cidade de Salvador na manhã desta segunda-feira e foi recebida com protestos por parte de um grupo de militantes comunistas, da mesma forma como aconteceu durante a madrugada quando chegou ao país pela cidade de Recife.

Cerca de 20 pessoas vinculadas à União da Juventude Socialista (UJS) esperavam Sánchez no aeroporto Luis Eduardo Magalhães, em Salvador, com cartazes nos quais a tachavam de "mercenária".

Os manifestantes, que também levavam cartazes com elogios ao sistema socialista cubano, gritavam "Cuba sim, ianques não".

Uma situação similar foi vivida durante a madrugada no aeroporto internacional Guararapes, no Recife, onde Yoani chegou em um voo procedente do Panamá e foi recebida pelo cineasta Dado Galvão, seu anfitrião no Brasil, com quem assistirá uma apresentação do documentário "Conexão Cuba-Honduras", no qual ela é uma das entrevistadas, ainda nesta segunda.

"Segundo a Unicef, há 140 milhões de crianças desnutridas no mundo. Nenhuma é cubana", dizia um dos cartazes carregados por militantes de esquerda que rejeitavam as opiniões da blogueira.

Outros grupos pequenos avaliaram sua "luta pela democracia", exigiram "liberdade para Cuba" e entoaram cantos pelo "fim da opressão".

Sobre as reações, Yoani declarou aos jornalistas que "assim é e deve ser a democracia, a mesma democracia que queremos para Cuba".

No Recife, Yoani Sanchéz embarcou em um voo para Salvador, de onde seguiu em um automóvel para Feira de Santana, situada a 116 quilômetros da capital baiana, onde neste noita será apresentado o documentário de Galvão.

Para evitar qualquer incidente com os militantes comunistas, Yoani desembarcou em Salvador por uma porta diferente do resto dos passageiros.

Em suas primeiras declarações no Brasil, Yoani disse que "infelizmente, em Cuba as pessoas são penalizadas por pensar diferente e opinar contra o Governo traz consequências nefastas, prisões arbitrárias e vigilância permanente".

A blogueira confessou, além disso, que viajou "preocupada", porque sua família ficou em Havana, embora tenha dito que acredita que não receberá "más notícias" durante sua viagem de 80 dias por vários países, porque "foram vistos alguns avanços em termos de direitos", como a reforma migratória que permitiu sair de seu país.

Yoani Sanchéz disse, no entanto, que "há diferenças entre as reformas sonhadas e as reformas possíveis, que são as do Governo de Raúl Castro".

Essa "reforma possível" é, em sua opinião, que os cubanos possam "comprar um automóvel novo ao invés de um usado, comprar alguns produtos que antes eram inacessíveis" e inclusive viajar para o exterior.

Nesse sentido, Yoani acrescentou que ainda persistem algumas restrições para as viagens e expressou o desejo que "agora todos" seus amigos "possam conseguir seus passaportes".

Embora tenha avaliado essas mudanças, lamentou que "a reforma sonhada, que é a da liberdade de associação e a liberdade de expressão, aparentemente não vai ser conquistadas tão cedo".

Além de participar da produção do documentário, Yoani dará uma entrevista coletiva em Feira de Santana, terá uma sessão de autógrafos de seu livro "De Cuba com carinho" e participará de um debate sobre liberdade de expressão e direitos humanos.

Na quarta-feira, conhecerá a cidade de Salvador e depois partirá rumo a São Paulo, onde suas atividades se prolongarão até sábado.

A viagem mundial de Sánchez inclui além disso México, Peru, Estados Unidos, República Tcheca, Alemanha, Suécia, Suíça, Itália e Espanha.

EFE   
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