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Jobs recusou cirurgia para tratar câncer, diz biógrafo na TV

20 out 2011 - 18h17
(atualizado em 21/10/2011 às 15h29)
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Steve Jobs negou-se a princípio a se submeter a uma cirurgia para extirpar o cáncer de pâncreas que acabou com sua vida, optou por tratamentos alternativos e gastou fortunas com pesquisas médicas, segundo sua biografia, que estará à venda a partir desta segunda-feira, revelando aspectos íntimos do cofundador da Apple. É o livro Steve Jobs, de Walter Isaacson.

Biografia autorizada de Steve Jobs chega às lojas na segunda-feira
Biografia autorizada de Steve Jobs chega às lojas na segunda-feira
Foto: Barnes&Nobles / Reprodução

Trechos de uma entrevista com o autor, divulgados nesta quinta-feira, e informes dos jornais que obtiveram uma cópia da biografia, apresentaram detalhes da vida privada de Jobs, falecido no dia 5 de outubro, aos 56 anos.

Em entrevista ao programa de televisão 60 Minutes, da CBS, que será transmitida domingo, Isaacson fala de Jobs, o empresário visionário que mudou o estilo de vida de milhões de pessoas. Segundo o biógrafo, Jobs confessou a ele que, no final, arrependeu-se da decisão de adiar a cirurgia. E recebeu tratamento contra o câncer em segredo, ao mesmo tempo em que dizia as pessoas que estava curado.

De acordo com Isaacson, os médicos disseram a Jobs, em 2003, quando foi diagnosticado com a doença, que a enfermidade "estava entre os 5% dos cânceres de pâncreas que podem ser curados". "Mas Steve Jobs não quis ser operado", lembrou. "Tentou tratar a enfermidade com dieta. Visitou pessoas espirítas. Tentou diversas formas de tratamento macrobiótico".

"Logo todas as pessoas lhe diziam: 'pare de tentar combater a doença com todas essas raízes e vegetais, simplesmente faça a operação'", contou o biógrafo. "Mas só foi fazê-la nove meses depois". "Foi muito tarde porque, no momento da cirurgia, os médicos se deram conta de que o mal havia se espalhado aos tecidos próximos ao pâncreas", contou o autor.

À pergunta sobre o porquê de Jobs ter rejeitado inicialmente a operação, Isaacson afirmou: "Eu mesmo o questionei sobre isso e ele me respondeu que não queria que seu corpo fosse aberto. Não queria ser violado dessa forma". "Mas arrependeu-se", disse o escritor. No final, queria falar sobre isso, sobre quanto o lamentava".

Jobs submeteu-se à cirurgia contra o câncer de pâncreas em 2004 e recebeu um transplante de fígado em 2009. O New York Times, que obteve uma cópia do livro, divulgou que a insistência de Jobs de adiar a cirurgia "angustiou a família, seus amigos e médicos".

Ainda segundo o jornal, quando Jobs decidiu finalmente ser operado não poupou gastos, tornando-se uma das únicas 20 pessoas do mundo, naquele momento, que possuía os genes e o DNA de um tumor sequenciado a um preço de US$ 100 mil.

O livro inclui detalhes da vida privada e romântica de Jobs, conhecido por ser extremamente reservado nesse aspecto, assim como sobre suas relações de trabalho, disse o Times. Assim, Jobs chegou a propor casamento a Laurene Powell, uma corretora do Goldman Sachs, no Ano Novo de 1990, mas não voltou a mencionar o pedido a ela durante meses.

Exasperada, Laurene mudou-se em setembro, mas voltou quando Jobs lhe presenteou com um anel de noivado, de diamantes. Jobs também contou a Isaacson, rindo, que teve de deixar fora do alcance de sua esposa liberal as facas de cozinha, quando convidou para jantar em sua casa Rupert Murdoch, o chefe conservador da News Corp.

Quanto a seus históricos rivais, Jobs brigou muito e recebeu aos gritos, em 2008, os cofundadores da Google, Larry Page e Sergey Brin, por causa do sistema operacional e dos aplicativos Android que concorrem com o iPhone da Apple, segundo o Times. O jornal assinalou que Jobs considerava o Android um "produto roubado" que copiava a tecnologia da Apple.

De acordo com o livro, Jobs começou a se encontrar, na última primavera, com as pessoas que queria ver antes de morrer. Entre essas estava seu eterno rival Bill Gates, cofundador da Microsoft, quem o visitou em casa, em maio, e ficou mais de três horas.

The Huffington Post, que também obteve uma cópia do livro, disse que Jobs ofereceu ao presidente Barack Obama, ano passado, ajuda para a campanha política de 2012. O livro de Isaacson, quem realizou mais de 40 entrevistas com Jobs, criador do Macintosh, do iPod, e do telefone iPhone, além do tablet iPad, estará sendo publicado pela editora Simon & Schuster.

Isaacson, ex-chefe de redação da revista Time e presidente executivo da consultora Aspen Institute, é também autor das biografias de Benjamin Franklin, Albert Einstein e Henry Kissinger.

Steve Jobs morre aos 56 anos
O cofundador e ex-presidente do conselho de administração da Apple morreu em 5 de outubro aos 56 anos, vítima de um câncer no pâncreas que vinha tratando desde 2003. Perfeccionista, criativo, inovador e ousado, ele ajudou a tornar os computadores mais amigáveis e revolucionou a animação, a música digital e o telefone celular. Jobs marcou o mundo da tecnologia ao apresentar produtos como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad. Afastado da empresa desde 17 de janeiro para cuidar da saúde e sem prazo para voltar, o executivo renunciou ao cargo em 24 de agosto. "Sempre disse que, se chegasse o dia que eu não pudesse mais cumprir minhas funções e expectativas como CEO da Apple, seria o primeiro a informar. Infelizmente, esse dia chegou", dizia a nota à época.

A saúde de Jobs virou notícia em 2004, quando ele anunciou que passara por uma cirurgia para remover um tipo raro de câncer pancreático, diagnosticado em 2003, e que a operação fora bem-sucedida. Depois, em 2009, Jobs fez um transplante de fígado e ficou afastado da companhia que fundou ao lado do engenheiro Steve Wozniak por vários meses. Mesmo com as licenças, Jobs continuou ativo na tomada de decisões da empresa, chegando se reunir a portas fechadas com o presidente americano, Barack Obama, em fevereiro, e lançar o iPad 2, em março, surpreendendo ao subir ao palco para apresentar o produto.

Detalhes do estado de saúde de Jobs sempre foram um mistério. Uma fotografia que mostrava o executivo muito magro e com aparência debilitada (sobre a qual recaíram suspeitas de manipulação) foi publicada pelo site americano de celebridades TMZ dois dias após ele ter deixado o cargo de presidente-executivo da Apple. Em fevereiro, Jobs foi fotografado pelo jornal americano The National Enquirer na mesma clínica onde o ator Patrick Swayze, morto em setembro de 2009, recebeu tratamento para câncer de pâncreas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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