PUBLICIDADE

Lojas da Apple usam escuridão como metáfora da tristeza

6 out 2011 - 09h07
(atualizado às 11h17)
Compartilhar

A Apple decidiu homenagear seu fundador, Steve Jobs, e demonstrar a tristeza por sua morte apagando as luzes de todas as lojas oficiais durante o dia de hoje, informaram nesta quinta-feira fontes da companhia. Apesar do tributo, a filosofia da empresa da maçã é "valorizar as tecnologias e não as pessoas", por isso, várias homenagens foram adiadas.

A Apple decidiu homenagear Steve Jobs apagando as luzes de todas as lojas oficiais durante toda esta quinta-feira
A Apple decidiu homenagear Steve Jobs apagando as luzes de todas as lojas oficiais durante toda esta quinta-feira
Foto: Tyrone Siu / Reuters

Além de diminuir a iluminação das mais de 300 lojas oficiais do mundo todo - nas quais também está projetada a imagem de Jobs nas telas de seus dispositivos -, a Apple incluiu uma imagem em preto e branco do fundador da empresa acompanhada das datas de seu nascimento e morte.

De Nova York à Austrália, fãs da tecnologia e dos computadores compareceram a lojas Apple do mundo todo para homenagear Steve Jobs, destacando o seu caráter visionário que transformou o cotidiano de milhões de pessoas. Na sede da empresa que Jobs fundou em 1976 - na Infinite Loop, 1, Cupertino, Califórnia -, bandeiras tremulavam a meio mastro. Abalados, fãs da Apple deixavam flores, e um homem tocava gaita de fole.

"Na minha cabeça, não existe diferença entre ele e Pasteur", disse Chitra Abdolzadeh, que trabalha no setor da saúde em Cupertino, numa referência ao ilustre químico francês. Ben Chess, de 29 anos, engenheiro em uma empresa de internet e ex-estagiário da Apple, viajou depois do expediente de trabalho de San Francisco até o QG da Apple para deixar um ramo de flores. "É a coisa certa a fazer", disse.

Os "geeks" chineses pareciam especialmente comovidos. "Vim aqui ver como eles vão operar no primeiro dia depois de perderem Steve Jobs", afirmou Jin Yi, de 27 anos, na maior loja da Apple na China, em Xangai, que abriu no mês passado. "É uma pena o dia de hoje. Ele criou todos esses aparelhos que alteraram as percepções das pessoas sobre as máquinas. Mas não conseguiu testemunhar o último passo, pelo qual, por meio dos seus equipamentos, as vidas das pessoas poderão ser efetivamente unidas a essas máquinas", completou.

Em Hong Kong, Charanchee Chiu deixou um solitário girassol e uma rosa branca em frente a loja local da Apple. "Estou triste. Acho que ele deveria ter vivido mais", afirmou, dizendo que também enviou a Jobs mensagens aconselhando-o sobre saúde e a prática do tai-chi.

"Odeio o câncer"
Na loja Apple do centro de San Francisco, as pessoas seguravam imagens de Jobs nas telas dos iPads, e grudavam cartões e bilhetes na vitrine, dizendo "Obrigado Steve" e "Odeio o câncer". No lado de fora havia velas e maçãs vermelhas. Cory Moll, funcionária da loja, disse que Jobs era uma inspiração para ela. "Temos sorte por tê-lo tido enquanto o tivemos", afirmou, segurando um iPad com uma citação em homenagem ao empresário. "O que ele fez para nós como cultura ecoa de forma ímpar em cada pessoa. Mesmo que elas nunca usem um produto da Apple, o impacto que eles tiveram é abrangente demais", concluiu.

No outro lado do país, em Nova York, um memorial improvisado com folhetos exibindo imagens de Jobs foi montado em frente à loja 24 horas da Apple na Quinta Avenida. Transeuntes usavam seus iPhones para tirar fotos. "Vamos sentir a sua falta, Steve, descanse em paz. Obrigado pela sua visão", dizia um folheto. O professor de administração Gary Hamel disse que decidiu ir à loja assim que soube da morte de Jobs. "Vi lágrimas nos olhos de algumas pessoas", afirmou, segurando um cabo que havia acabado de comprar por lá.

Em frente a uma loja da Apple no bairro do Soho, dois homens seguravam velas, buquês de flores e uma maçã. Por alguns instantes, deixaram um iPod Touch no chão. Numa loja de Boston, o estudante Angelos Nicolaou disse que Jobs "nos inspirou a sermos rebeldes e desafiarmos o status quo. Espero que haja mais líderes como ele". "Parece que o mundo está ficando carente deles", concluiu.

Em Sydney, na Austrália, o advogado George Raptis, que tinha cinco anos na primeira vez em que usou um computador Macintosh, foi até a loja envidraçada da Apple ao saber da notícia. "Ele mudou a fase da informática. Só haverá um Steve Jobs", comentou.

Steve Jobs morre aos 56 anos

O cofundador e ex-presidente do conselho de administração da Apple morreu nesta quarta-feira aos 56 anos, vítima de um câncer no pâncreas que vinha tratando desde 2003. Perfeccionista, criativo, inovador e ousado, ele ajudou a tornar os computadores mais amigáveis e revolucionou a animação, a música digital e o telefone celular. Jobs marcou o mundo da tecnologia ao apresentar produtos como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad. Afastado da empresa desde 17 de janeiro para cuidar da saúde e sem prazo para voltar, o executivo renunciou ao cargo em 24 de agosto. "Sempre disse que, se chegasse o dia que eu não pudesse mais cumprir minhas funções e expectativas como CEO da Apple, seria o primeiro a informar. Infelizmente, esse dia chegou", dizia a nota à época.

A saúde de Jobs virou notícia em 2004, quando ele anunciou que passara por uma cirurgia para remover um tipo raro de câncer pancreático, diagnosticado em 2003, e que a operação fora bem-sucedida. Depois, em 2009, Jobs fez um transplante de fígado e ficou afastado da companhia que fundou ao lado do engenheiro Steve Wozniak por vários meses. Mesmo com as licenças, Jobs continuou ativo na tomada de decisões da empresa, chegando se reunir a portas fechadas com o presidente americano, Barack Obama, em fevereiro, e lançar o iPad 2, em março, surpreendendo ao subir ao palco para apresentar o produto.

Detalhes do estado de saúde de Jobs sempre foram um mistério. Uma fotografia que mostrava o executivo muito magro e com aparência debilitada (sobre a qual recaíram suspeitas de manipulação) foi publicada pelo site americano de celebridades TMZ dois dias após ele ter deixado o cargo de presidente-executivo da Apple. Em fevereiro, Jobs foi fotografado pelo jornal americano The National Enquirer na mesma clínica onde o ator Patrick Swayze, morto em setembro de 2009, recebeu tratamento para câncer de pâncreas.

Com informações da EFE e da Reuters

Fonte: Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade