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Indústria de games lidera pesquisas na área de 3D

1 mar 2011 - 11h06
(atualizado às 11h54)
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Rafael Maia

Uma dos conceitos que regem os caminhos imediatos e futuros da tecnologia no dia a dia é o da terceira dimensão. Uma ideia aparentemente simples - uma vez que todos os seres humanos enxergam com profundidade -, na realidade, levou décadas para ser transposta para o mundo virtual. Ainda assim, o resultado não substitui o resultado da visão, mas, para especialistas e usuários de jogos feitos em 3D, isso é somente uma questão de tempo. De acordo com Rodolfo Calabrezi, proprietário da Quantix Games, desenvolvedora de jogos e simuladores sediada em São Paulo, é a indústria de games que lidera as pesquisas na área e é responsável pela disseminação da tecnologia para outros produtos do cotidiano.

A imagem é um frame do game Tron:Evolution, em 3D. Um dos destaques do jogo é a alta velocidade de movimento das câmeras
A imagem é um frame do game Tron:Evolution, em 3D. Um dos destaques do jogo é a alta velocidade de movimento das câmeras
Foto: Divulgação

A imagem em 3D não é uma tarefa fácil. A partir do momento em que o jogo começa a explorar uma terceira dimensão da imagem, o da profundidade, os ambientes virtuais tornam-se mais ricos, tanto no que se refere aos detalhes quanto aos equipamentos usados para sintentizar e renderizar a imagem. Inicialmente criada em 2D, a imagem passa para 3D e, então, surge o desafio de projetar uma imagem com profundidade, ainda que não palpável, em uma tela sem profundidade. Conforme o coordenador do Departamento de Entretenimento Digital da Unisinos, em São Leopoldo - RS - , João Bittencourt, a base desta técnica é praticamente a mesma desde 1940, quando foi criada a computação gráfica por necessidades impulsionadas pela II Guerra Mundial. A área lida com a construção de imagens com a intenção de reproduzir o mundo físico no formato de associações de pontos no mundo virtual. O que mudou de então até hoje não foram só as imagens, mas também a necessidade do homem moderno de enxergar, no mundo virtual, uma cópia do mundo em que ele anda, conversa, se alimenta e, principalmente, toca objetos.

Para Calabrezi, reproduzir imagens 3D nos videogames traz desafios diversos que a cada dia se tornam menos complexos, graças a ferramentas mais avançadas e acessíveis a desenvolvedores amadores ou profissionais. No entanto, produzir jogos 3D é sempre mais trabalhoso que produzir jogos 2D. "Antigamente estas ferramentas, a que chamamos no mercado de engines, eram apenas licenciadas por publicadoras devido ao alto custo. Quando trabalhei na Eleven Cells uma empresa de desenvolvimento de jogos, em 2005, tínhamos a licença de um engine que custava algo em torno de US$ 100 mil justamente para não perder tempo nestes passos. Hoje, você tem acesso praticamente gratuito a engines que custavam cerca de US$ 1,5 milhão", afirmou Calabrezi.

Quando o assunto é com os desenvolvedores, a história muda da cabeça aos pés. Simuladores industrias específicos e desenvolvedores de games que usam plataformas que não suportam tais ferramentas, como o Xbox Live Indie Games, passam por um processo mais elaborado. É preciso usar um software particular para esta tarefa, como o 3DMAX, Maya, Softimage, Lightwave ou Blender, para modelar o objeto em três dimensões. De modo geral, o processo é o seguinte: desenho conceitual, mockup (uma espécie de maquete em tamanho real do desenho, se necessário), modelagem 3D em tesselagem alta, otimização da malha para um número aceitável de triângulos dependendo da aplicação, geração e mapeamento de textura, texturização e pintura. Depois, é preciso fazer um processo de modelagem orgânica da peça.

A visão do usuário

Para o consultor imobiliário de Campinas João Carlos Canuto da Silva, de 44 anos, usuário de jogos 3D e aficcionado pelo Call of Duty para PS3, a discussão se a tecnologia 3D utilizada nos jogos faz mal à visão é ultrapassada e se deve mais pelo medo daquilo que é desconhecido do que propriamente por uma característica dessa tecnologia. "Não sinto absolutamente nada com o 3D. Não me sinto exausto, não me dá dores de cabeça. É como usar fones de ouvido para ouvir música. Isso vai incomodar alguns, mas não é uma regra", contou ao Terra. Para ele, jogar em 3D oferece a abertura de uma dimensão invisível, porém sensível aos sentidos humanos, de interação com o mundo.

Segundo Canuto, na visão do usuário, a grande e basicamente única vantagem do 3D é desvendada de maneira muito simples: é melhor jogar assim. Para ele, não se trata somente de melhores rescursos e melhor definição ou de trazer o mundo virtual dos games para mais próximo da realidade - fatores que, claramente, deixa o jogador viciado. A tecnologia 3D é uma evolução que entretém e que, na medida em que insere o jogador em uma falsa realidade quase real, transporta-o para uma espécie de universo paralelo em que, pelo menos por alguns minutos ou horas, ele tem o controle sobre tudo que o cerca.

Para isso, existe um trabalho em conjunto, no qual fatores como qualidade de hardware dos computadores, ferramentas cada vez mais específicas e a criatividade de desenvolvedores e artistas da computação gráfica precisam andar de mãos dadas. Para Bittencourt, o desafio de tornar a imagem virtual idêntica à do olho humano não parece um sonho distante, muito menos irrealizável. "Com o aumento da capacidade de processamento, mais imagens realistas podem ser criadas em tempo real. Refiro-me à simulação de corpos flexíveis, como tecidos e fluídos - fogo, água, gases - cada vez mais reais", afirmou.

Fonte: Terra
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