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CEO da Nvidia: "a nuvem é mobilidade e a mobilidade é a nuvem"

16 mai 2012 - 21h53
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Jen-Hsun Huang, da Nvidia, foge do padrão CEO-coxinha americano todo certinho. Fala sem censura dos concorrentes (e da ausência deles), do mercado de mobilidade, das burradas que o Google fez com o Android, do potencial do Windows RT para ARM e sobre a nova aposta da Nvidia, a computação em nuvem. Huang participou de um painel na tarde desta quarta-feira no GTC Technology Conference, em São Jose, onde respondeu perguntas do analista e consultor Tim Bajarin, da Creative Strategies.

Jen-Hsun Huang falou sobre o futuro da Apple, do Windows e da tecnologia
Jen-Hsun Huang falou sobre o futuro da Apple, do Windows e da tecnologia
Foto: Reprodução / ZTOP

Confira um resumo dos principais temas a seguir.

Sobre o domínio da Apple no mercado de mobilidade:
"Não tenho ideia de como um sistema operacional consegue escapar da sombra do iOS hoje. Se existe, está no início do seu desenvolvimento. Tem que ter software, processador, sistema operacional, serviços, distribuição, com o problema de ter tudo integrado. Estamos apenas no começo da era da mobilidade. A Apple tem uma vantagem única como a IBM teve no começo da era do PC. As coisas vão mudar quando inovação vier dos outros 99% de desenvolvedores ao redor do mundo. Precisa de um tempo ainda para estruturar a indústria."

Sobre o tempo que vai durar a vantagem da Apple:
"A resposta depende. O que é popular, mainstream, nem sempre é desejável para os extremos dos consumidores. Tem que encontrar nichos específicos e explorá-los. Um sedã de quatro portas não é o carro ideal para todo mundo, certo? Então, é uma questão de tempo, não muito, para esses mercados de nicho crescerem. Não existe um "tamanho único" para telefones. Se você tem um iPhone e todo mundo também, ninguém é especial. Vai acabar ocorrendo uma saturação de marca. Você lembra do Motorola Razr? Era 'o' telefone. Quem tinha um Mac agora se sente menos cool. Se sua avó usa um Mac, é claro que não é mais cool."

Sobre a falta de diversidade nos tablets:
"Estou empolgado com o Windows RT. Vai ser compatível com tudo que eu preciso e faço, bom para o mercado corporativo. Prefiro que meu aparelho que tem Outlook toque música do que meu tocador de música rode o Outlook. Mas teve um engano feito com o Android para tablets. Quebramos a plataforma do sistema operacional, o Honeycomb era incompatível com o Gingerbread, e ninguém fez apps para os tablets. Pelo menos o Google pensou no caso e ampliou o sistema para a plataforma dos telefones."

Sobre Windows RT versus Android:
"As pessoas não compram um sistema operacional. Não digo 'hoje vou comprar um iOS. Ou você reclama da vida e um amigo diz 'você precisa de iOS'. Tem que ver do ponto de vista do consumidor final, e isso cria uma perspectiva única para o Windows RT. No Android, tudo que você faz deve aparecer no seu tablet por causa da nuvem, numa tela grande. Muita gente que usa o PC como centro da sua vida hoje deve ir para o Windows RT.A Microsoft teve uma ideia genial com o Windows 8. Ela sabe que não pode reposicionar o PC. Um PC é um PC, é o que é. Um novo aparelho tem suas virtudes, como ver documentos criados no ecossistema do Windows. Bote um design bonito, feito para mobilidade e pronto. Já imaginou se a Apple dissesse que o iPad rodava Mac OS? É um Mac Tablet? Não? É um iPad? Fantástico. Um tablet com Mac OS vai vender? Provavelmente. Do mesmo jeito que um iPad? Sem condições.É mais fácil começar do zero e posicionar o aparelho daí. Então, é a chance de reinventar o Windows nesse mundo novo, dêem a ele um novo nome, novas virtudes. Mas tem que olhar como o consumidor quer que o computador faça. Não espero que um Xbox rode Office, então não vou pirar por causa disso. Mas o mais legal é que tudo vai estar na nuvem. Vai ser incrível comprar um computador novo e sincronizar tudo direto."

Sobre a nuvem:
"Cresce rápido, com pouca fricção entre comprar algo e começar a gostar de usar, assim como a Apple cresce rápido. Mas estamos há sete anos pensando na nuvem para chegar hoje aqui, pagamos um pedágio caro para chegar onde estamos. Para empresas, os dados são mais importantes que os aplicativos, que serão transmitidos da nuvem. E isso vai deixar os dispositivos cada vez menos importantes em comparação aos serviços oferecidos a longo prazo. Em cinco anos, fabricantes de PCs terão que oferecer mais serviços, seja produtividade ou videogame pela nuvem."

Sobre a nuvem para games:
"As pessoas têm consoles. Eu coleciono filmes, tem gente que não coleciona, vê na TV a cabo. Tem quem prefira a mídia física. Tem quem ainda compre CDs! Fale para um pirralho que você tem CDs e ele vai achar que você é retardado. Claro que a direção para outro lado é inevitável. Comprar uma caixinha de software é estranho. Pense que o videogame é um aplicativo. Você vai comprar Call of Duty pela terceira vez na Best Buy, consegue e quando chega em casa o console avisa que vai baixar um patch. Dá vontade de se matar, não? Agora imagina falar 'saiu Call Of Duty novo hoje' e você liga a TV e ele está lá, sem patches. Esse é o futuro."

Conselhos para quem começa no mundo dos negócios:
"Pense em mobilidade e na nuvem. A nuvem é mobilidade e a mobilidade é a nuvem. É redundante, e um dia será apenas 'móvel'. E não faça GPUs, claro. Já tenho concorrência demais."

Sobre o futuro da Nvidia:
"Vejo a Nvidia como uma companhia que faz coisas que importam. Sentimos que fazemos um trabalho importante e que contribui pra sociedade (artistas, gamers, profissionais). Se sumirmos, terá um buraco a ser preenchido."

Sobre o Facebook (já que o IPO está chegando)
"Não tenho uma conta, fiquei assustado quando era algo pequeno ainda, criei uma e não pararam de surgir pedidos de amizade. É assustador mesmo. Mas adoro o fato de que você pode documentar a vida de uma empresa no Facebook. Para os mais jovens também é fantástico, mas precisa usar com cuidado, ser esperto."

ZTOP
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