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Facebook, Apple, Google e Amazon planejam novas sedes futuristas

28 mai 2013 - 07h31
(atualizado às 07h31)
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As quatro maiores companhias de tecnologia do Vale do Silício americano estão planejando mudar de endereço - mas sem deixar a garagem do setor nos Estados Unidos. A Amazon foi a última a anunciar um projeto de sede gigante e futurista, na semana passada.

A gigante do varejo online inovou no design dos prédios, que parecem três bolhas envidraçadas, planejadas para a região central de Seattle. A Apple está em processo de aprovação junto à prefeitura de Cupertino de uma nova casa em formato que lembra uma nave espacial. O campus para o onde o Google pretende se mudar já tem nome, Bay View, e o Facebook projeta o "campus hacker" em um complexo amplo assinado por Frank Gehry.

As construções, segundo a professora de História Margaret O'Mara, da Universidade de Washington, "sinalizam um desejo, uma afirmação para dizer, 'somos especiais, somos diferentes, mudamos o mundo e vamos continuar a fazer isso'". "Também reflete as robustas contas bancárias (das companhias). Elas têm muito dinheiro", continua.

De acordo com a especialista, no entanto, a história mostra que quando uma empresa começa a se preocupar com a grandeza de suas instalações, é porque atingiu o ponto mais alto de sua fortuna. O que significa que essas sedes fantásticas podem ser pouco mais do que monumentos caríssimos à vaidade e um símbolo da perda de foco no negócio que fez a companhia chegar a esse tamanho, diz a professora.

<p>A Apple planeja nova dese, em Cupertino, em formato de nave espacial</p>
A Apple planeja nova dese, em Cupertino, em formato de nave espacial
Foto: Divulgação

Investidores também temem o tamanho do investimento sendo feito nas novas sedes. Ex-acionista da Apple, Jeff Matthews, da Ram Partners, apelidou o novo campus da Apple de 'estela da morte', porque implica em um custo extra em um momento difícil - já que os produtos da Maçã, para ele, atingem um ponto de maturidade, enquanto perdem mercado para concorrentes.

Também ex-acionista de Cupertino, Walter Price, da RCM Capital Management, ecoa a posição. "Quando as companhias constroem grandes QGs, é porque estão indo muito bem e têm boas perspectivas, e isso em geral coincide com o pico de suas ações", diz. Uma sede atraente ainda agrada aos olhos dos jovens talentos que as companhias tentam atrair para si.

Maldição?

A construção de grandes complexos para alojar companhias em seus melhores amigos parece ter sido um mau presságio em outros momentos da história. A AOL, por exemplo, começou a construir o Time Warner Center, um QG de 260 mil metros quadrados ao lado do Central Park nova-iorquino logo antes de a bolha ponto-com explodir na virada do milênio - a empresa perdeu 75% do valor de mercado na ocasião.

A New York Times Co., o banco de Wall Street Bear Sterns e a química Union Carbide também estão na lista dos empreendimentos que jogaram seus dólares em novas e gigantes sedes logo antes de passarem por períodos de arroxo financeiro. No mundo da tecnologia, a 'maldição do campus' se abateu ainda sobre a Borland Software, no fim dos anos 1990, à época a segunda maior desenvolvedora independente. Depois de US$ 100 milhões no novo escritório no Vale do Silício, com quadras de tênis, piscina e lagos artificiais, a companhia tomou uma rasteria quando a Microsoft assumiu a liderança do setor.

<p>O Google planeja nova sede Bay View com 102 mil m²</p>
O Google planeja nova sede Bay View com 102 mil m²
Foto: Reprodução

A lição foi suficiente para que o Google e o Facebook, por exemplo, adiassem planos de construção e se mudassem, respectivamente, para o ex-QG da Silicon Graphics e para a antiga sede da Sun. E se os dois gigantes da internet voltam agora aos planos de ter casas novas e próprias, outras companhias da tecnologia seguem segurando as contas - Yahoo, MySpace, Inktomi e Sun Microsystems estão nessa lista.

A Salesforce.com também está, e desistiu em fevereiro de 2012 de um investimento de US$ 2 bilhões previsto para uma nova sede em São Francisco. A companhia na época estava sob pesados ataques pelos altos gastos em marketing e equipe de vendas e viu as ações despencarem no final de 2011 após o pico de valor em julho do mesmo ano.

O outro lado

Não existe apenas o lado negro da força na construção de novos QGs, no entanto. O investimento numa nova sede é benéfico a longo prazo, uma vez que garante mais controle sobre produtividade e custos energéticos, enumera John Barton, diretor do programa de Design Arquitetônico da Universidade de Stanford.

<p>Amazon foi a última a anunciar um novo QG, no formato de três bolhas gigantes de vidro e aço</p>
Amazon foi a última a anunciar um novo QG, no formato de três bolhas gigantes de vidro e aço
Foto: Divulgação

"Ao verem os preços de energia subindo, eles reconhecem que esses prédios precisam durar mais, e precisam de mais controle sobre a operação de custos desses edifícios. Um desenvolvedor imobiliário não se foca nesses aspectos de longo prazo", argumenta. "Funcionários são mais produtivos no tipo certo de ambiente. Isso pode ser mais caro, mas se valer a pena com o aumento de 5% na produtividade, pode ser (uma escolha) inteligente", continua.

Para a historiadora Margaret, as gigantes de tecnologia podem estar imitando, com as novas sedes futuristas, o lendário Bell Labs, casa do braço de pesquisa da AT&T onde nos anos 1950 foi inventado o transistor e o laser, tecnologias por trás de equipamentos móveis há décadas. Mas a pesquisadora pondera que o prédio espelhado de 400 metros de largura pode não ser um bom ícone, já que hoje - propriedade da Alcatel Telecom - está vazio e com perspectivas de virar centro hospitalar ou ser destruído.

Com informações da Reuters.

Fonte: Terra
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