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Câmera Polaroid está de volta em versão digital

10 jan 2009 - 12h13
(atualizado às 12h55)
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Um estranho ritual costumava acompanhar o uso das câmeras Polaroid. O fotógrafo apanhava as cópias que saíam da máquina e as sacudia no ar, como se isso pudesse estimular os produtos químicos envolvidos e acelerasse a revelação da imagem. Ficar parado esperando que a imagem surgisse parecia estúpido. A Polaroid deixou de produzir cartuchos de filme no ano passado, e por isso esse item da cultura tecnológica em breve se tornará coisa do passado. Mas no exato momento em que a câmera Polaroid com filme desaparece, surge sua substituta digital.

PoGo produz fotos de 5x7,6 cm, por meio do aquecimento de pontos específicos de um papel especial
PoGo produz fotos de 5x7,6 cm, por meio do aquecimento de pontos específicos de um papel especial
Foto: AFP

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É, vocês leram corretamente: a Polaroid anunciou na feira Consumer Electronics Show a introdução de uma câmera digital que produz cópias na hora. Seria até possível chamá-las de cópias "instantâneas", mas elas demoram cerca de um minuto a surgir, de modo que são tão "instantâneas" quanto a versão passada que usava filme.

A PoGo, uma câmera de US$ 200, essencialmente combina câmera e impressora, e produz fotos de 5x7,6 cm, por meio do aquecimento seletivo de pontos específicos de um papel especialmente tratado. O processo não tem qualquer relação com o velho método da Polaroid química, mas as cópias oferecem um charme bastante parecido, ao estilo Pop Art: são granulosas e as cores não são perfeitamente nítidas; os rostos tendem a uma cor mórbida, azul-esverdeada.

A câmera sucederá a impressora Polaroid separada lançada na metade do ano passado, projetada para conexão com câmeras digitais e celulares fotográficos. Quando eu resenhei a impressora, apontei que se a Polaroid conseguisse combiná-la com um sensor de imagens e uma tela de cristal líquido estaria ressuscitando a câmera instantânea. E a empresa estava trabalhando exatamente nisso, mas infelizmente os consumidores terão de esperar um pouco antes de adquirir o produto. A Polaroid anunciou que a PoGo chegará às lojas em março ou no começo de abril.

A câmera é um produto divertido, e as pessoas que vinham lamentando a morte da Polaroid encontrarão algum consolo com ela. As cópias têm uma película removível na traseira que revela um fundo adesivo, o qual pode ser usado para afixá-las a geladeiras, portas, livros, computadores, celulares e outras superfícies que a pessoa deseje personalizar. Para a festa de despedida de um colega, tirei uma foto dele, imprimi duas cópias e as colei em latas de refrigerante, criando uma "edição comemorativa" instantânea.

A PoGo também oferece vantagens cruciais sobre as velhas câmeras com filme. É possível observar o que se está fotografando, na tela de LCD, e decidir se você deseja ou não a cópia. Pode-se produzir múltiplas cópias de uma mesma foto, ou imprimir cópia de algo fotografado no passado.

A impressora separada e a nova câmera utilizam o mesmo papel, que custa US$ 5 por um pacote de 10 unidades ou US$ 13 por um pacote de 30 unidades. É caro, se comparado ao papel fotográfico para impressoras, mas representa apenas um terço do preço do filme Polaroid (do qual ainda existem estoques nas lojas). Não é preciso tinta ou toner.

A despeito de seus pontos altos, a PoGo tem um jeitão de produto de primeira geração, e por isso apresenta algumas deficiências que merecem ser mencionadas.

Como câmera, ela é primitiva. Não há recurso de foco automático, só uma alavanca com a qual você alterna entre closes e plano infinito. A resolução é de 5 megapixels, bem inferior à das câmeras compactas mais baratas. Nada disso importa muito para a qualidade das cópias, que são pequenas e oferecem baixa resolução de qualquer maneira, mas faz diferença se você deseja utilizar as imagens digitais para outros fins.

Como outras câmeras digitais baratas, existe um atraso substancial entre o momento em que você pressiona o obturador e aquele em que a imagem é de fato registrada, o que torna quase impossível capturar imagens de ação ou expressões fugazes.

As cópias são mais estreitas do que a imagem capturada pelo sensor, de modo que não se pode imprimir a exata imagem vista na tela. Porções substanciais são cortadas no topo e no pé da imagem, para produzir a cópia. No modo normal de fotografia, a câmera não alerta sobre esse efeito. É possível aparar as imagens registradas, fazer zoom sobre determinadas áreas, mas não há como reduzir a imagem de modo a enquadrá-la inteira na cópia.

A duração da bateria recarregável é limitada, por conta da energia necessária a aquecer as cópias. Pode-se imprimir cerca de 20 cópias por carga, se você o fizer de uma vez. Caso você imprima uma cópia por vez com longos intervalos, uma carga pode oferecer menos capacidade, porque a câmera terá de aquecer o papel especial novamente a cada cópia. (As velhas câmeras Polaroid não sofriam problemas de bateria porque a maioria delas incorporava as baterias aos cartuchos de filme - uma idéia de projeto brilhante. Mas chega de nostalgia.)

Nenhum desses defeitos é fatal. Se você não gosta da forma de operação da PoGo como câmera, pode fotografar com outra câmera dotada de cartão SD, transferir o cartão para a PoGo e imprimir as fotos. Mas se você planeja usar a câmera para isso, melhor comprar a PoGo Instant Mobile Printer, a impressora independente, que custa apenas US$ 100 e é um pouco menor, mas se conecta com outras câmeras por meio de um cabo USB.

A câmera é mais simples de usar do que a impressora, e servirá bem a quem deseje recapturar o espírito simples e espontâneo das fotos com uma Polaroid. Infelizmente a empresa pediu concordata em dezembro devido a problemas na companhia que a controla.

Isso coloca em risco o futuro suprimento de papel para a PoGo, mas a Polaroid continua operando, e parece que se manterá aberta pelo futuro previsível. De qualquer forma, é provável que a tecnologia de impressão portátil perdure, porque ela faz algo de único.

Tradução: Amy Traduções

Fonte: AP AP - The Associated Press. Todos os direitos reservados. Este material não pode ser copiado, transmitido, reformado o redistribuido.
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