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ONU pede combate ao lixo eletrônico no Brasil e emergentes

22 fev 2010 - 08h22
(atualizado às 10h35)
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A ONU pediu nesta segunda-feira medidas urgentes contra o crescimento exponencial do lixo de origem eletrônica em países emergentes como o Brasil, o que considera um grave problema para o meio ambiente e a saúde pública.

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O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) apresentou hoje na Indonésia um relatório sobre o tema. Nele, prevê sérias consequências ainda nesta década pelas montanhas de resíduos "perigosos" e "tóxicos" que se acumulam sem nenhum controle nas economias em desenvolvimento.

Ao longo do ano, foram gerados 40 milhões de toneladas de restos de computadores, impressoras, telefones, câmeras, reprodutores de música e geladeiras abandonadas, segundo o Pnuma.

"Este documento reaviva a urgência de estabelecer um processo ambicioso e regulado de coleta e gestão adequada do lixo eletrônico", assegurou o alemão Achim Steiner, diretor-executivo do Pnuma e subsecretário da ONU. Steiner explicou que Brasil, China, Índia e México serão os principais prejudicados pelo lixo e enfrentam "crescentes danos ambientais e problemas de saúde pública".

O estudo destaca, por tamanho, taxa de crescimento econômico e perspectivas, os casos de Índia e, sobretudo, China, o segundo maior produtor de lixo eletrônico do mundo (2,3 milhões de toneladas ao ano) atrás apenas dos Estados Unidos.

Os especialistas do Pnuma estimam que, até 2020, o volume de resíduos procedentes de computadores abandonados crescerá 500% na Índia em relação a 2007, e 400% em China e África do Sul. Nesse mesmo ano, a quantidade de telefones celulares abandonados na Índia e na China será 18 e sete vezes maior que a atual, respectivamente, enquanto as televisões e geladeiras sem uso em ambos os países se multiplicará por pelo menos dois.

A China é um dos maiores lixões internacionais de resíduos de origem eletrônica, apesar de ter proibido a importação de tais produtos. O relatório, intitulado "Reciclando - Do lixo eletrônico a recursos", aponta que a maioria dos eletrodomésticos e aparelhos comuns em casas e empresas contém dezenas de peças perigosas.

Admite também a dificuldade de enfrentar o desafio, devido à "complexidade" de desenvolver programas integrais de reciclagem em países em desenvolvimento e aos obstáculos que um sistema de transferência de tecnologia de nações industrializadas para emergentes encontraria. No entanto, o Pnuma apresenta soluções que requerem a participação de toda a comunidade internacional.

"Temos que chegar às pessoas prejudicadas por esses produtos químicos e apresentar soluções aos líderes locais, nacionais e regionais que representem uma diferença", assinalou Donald Cooper, especialista em resíduos perigosos do Pnuma.

Nessa linha, a agência da ONU propõe a aplicação de novas tecnologias e mecanismos, além do estabelecimento de "centros de gestão de lixo eletrônico" nos países em desenvolvimento. O Pnuma adverte sobre a resistência representada pelo setor que até o momento lucrou com a gestão desses resíduos e dos problemas que surgiram em certas nações pela falta de infraestrutura.

O documento sugere enviar as peças especialmente perigosas, entre elas circuitos integrados e pilhas, a países industrializados com capacidade de processá-los adequadamente. "O lixo de uma pessoa pode ser a matéria-prima de outra. O desafio dos resíduos eletrônicos representa um passo importante na transição a uma economia ecológica", afirmou Konrad Osterwalder, reitor da Universidade das Nações Unidas (UNU).

EFE   
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