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E-books estão se tornando cada vez mais populares

8 jul 2010 - 15h08
(atualizado às 16h38)
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Jacqueline Lafloufa

Eles já existem há um tempo, mas foi agora, nos últimos anos, que ganharam destaque. Os e-books (ou ebooks ou ainda eBooks, dependendo de quem escreve), do inglês "eletronic books", são edições digitais de livros que podem ser acessados a partir de computadores e, mais recentemente, a partir de uma grande variedade de dispositivos.

O eReader quadradão Libriè, da Sony, foi lançado em 2004
O eReader quadradão Libriè, da Sony, foi lançado em 2004
Foto: Divulgação

Um dos mais antigos e-books, a versão digitalizada da Declaração de Independência dos Estados Unidos, foi feito por Michael Hart em 1971. Talvez você não o reconheça pelo nome, mas provavelmente conhece o trabalho iniciado por ele no mesmo ano, o Projeto Gutemberg, iniciativa voluntária para a digitalização de trabalhos culturais, em especial os literários, e que encoraja a criação e distribuição de e-books.Uma idéia simples (bem, talvez nem tanto).

Hart recebera de um amigo o privilégio de ter acesso por horas ilimitadas a um computador mainframe Xerox Sigma V na Universidade de Illinois, onde ele estudava. Para retribuir o favor do amigo, ele resolveu fazer algo que pudesse ser considerado grandioso: seu objetivo inicial era catalogar e disponibilizar de forma digital, sem ou com pouquíssimo custo para o leitor, os 10 mil livros mais consultados pelo público até o final do século XX. Apesar de não ter alcançado a sua meta, Hart alavancou o Projeto Gutemberg, que hoje conta com mais de 30 mil títulos digitalizados e disponíveis gratuitamente a partir do site.

Mas apesar de estarem por aí há décadas (tanto os legais quanto os mal-acabados e distribuídos de forma ilegal por sites de compartilhamento e redes peer-to-peer, que não são poucos), os e-books começaram a ganhar destaque mesmo há pouco tempo, com a popularização de alguns leitores eletrônicos como o Kindle, da Amazon e o Nook, da Barnes & Noble e, mais recentemente, o tablet iPad, da Apple.

Um dos grandes problemas dos leitores de e-books anteriores era a falta de conteúdo para ser consumido a partir desses dispositivos - a Sony já fabrica modelos mais "quadradões" de e-readers há anos -, demanda essa que acabou sendo suprida com uma loja inteira da Amazon, uma seção da livraria Barnes & Noble e com a chegada da iBookStore, da Apple.

Como funciona a tinta eletrônica

O desenvolvimento e a constante evolução da tecnologia e-Ink, ou "tinta eletrônica", também foi algo que capitaneou essa recente popularização dos dispositivos de leitura. Isso porque ler em telas comuns de LCD incomoda muito os olhos: os tradicionais displays emitem luz e portanto precisam de um ambiente escuro para sua leitura.

Mesmo sendo uma luz infinitamente mais fraca que a luz do sol (ou mesmo que a de uma lâmpada), a penumbra necessária para sua leitura acaba por ferir os olhos. Some-se a isso o fato de que a tela de LCD é naturalmente brilhante e reflexiva, mesmo desligada, o que dificulta ainda mais a leitura em ambientes superiluminados.

Já a página de papel de um livro apenas reflete a luz do ambiente, de forma difusa e nada agressiva ao olho. Na tentativa de reproduzir essa sensação, foi criada a tecnologia e-Ink, um tipo de "papel eletrônico com tinta mágica", que permite uma leitura confortável em tons de cinza.

O principal componente das telas de e-Ink são microcápsulas que contém partículas de pigmento branco ionizadas positivamente e partículas pretas ionizadas negativamente. Quando um campo elétrico negativo é ativado, as partículas brancas movem-se para o topo da microcápsula, de forma a tornarem-se visíveis, e as pretas são empurradas para baixo, ficando escondidas - isso mostra o "papel" branco.

O processo invertido, com campo elétrico positivo, faz com que as partículas pretas venham para a superfície da cápsula, tornando-se visíveis na tela e mostrando a "tinta" preta. Com esse expediente, é possível até mesmo levar um leitor de livros eletrônicos para a praia, por exemplo, sem o desconforto do reflexo das telas tradicionais.

Além disso, as telas de e-Ink utilizam pouca energia (praticamente apenas o necessário para 'virar' a página), o que faz os dispositivos que a utilizam serem funcionais por um longo período de tempo entre uma recarga e outra, e extremamente ecológicos.

Junto com a popularização dos e-readers e das telas de e-Ink, o ePub foi escolhido pelo Fórum Internacional de Publicações Digitais (IDPF, na sigla em inglês) como formato oficial de arquivo para a distribuição de e-books, por tratar-se de um formato aberto, gratuito, que permite o ajuste do tamanho das fontes, o uso de CSS e a inserção de licenças DRM.

Apesar do aparente constrassenso (e que já gerou alguma polêmica no mundo do software livre), o DRM é desejável por parte das editoras porque impede que o seu conteúdo seja pirateado ou compartilhado de forma não autorizada.

A grande vantagem do formato ePub é, na verdade, ser uma espécie de 'container'. Em uma analogia com formatos de vídeo, o ePub seria como o AVI - com ele, é possível a utilização de diferentes tecnologias de DRM, por exemplo, assim como no formato AVI é possível utilizar uma série de diferentes codecs e formatos de vídeos.

No entanto, a conversão dos livros para o formato digital ainda tem um custo muito elevado. Hoje, a conversão de um livro para o formato ePub custa mais de R$ 1 por página, valor relativamente caro. Na Índia, esse custo pode chegar à metade, mas a qualidade acaba sendo prejudicada - com falta de acentos ou cedilhas, característicos do idioma português, por exemplo.

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