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Psystar entra com novo recurso, agora secreto, contra a Apple

9 ago 2010 - 11h41
(atualizado às 12h12)
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A briga judicial entre a Apple e a Psystar parecia ter terminado em dezembro de 2009, quando a fabricante de hackintoshes foi proibida de comercializar computadores com o Mac OS X, mas foi apenas uma pausa. Na época, a Psystar preencheu uma apelação contra a empresa de Cupertino, que está sendo mantida em segredo. A Psystar também abriu um processo na Flórida, com os mesmos argumentos de antes, mas tendo como alvo o Mac OS X 10.6 (Snow Leopard).

A Apple, no entanto, não vai dar moleza para a Psystar e abertamente criticou as ações da empresa. "Como a Psystar não tem provas de que a Apple está inibindo a competitividade ou suprimindo a criatividade, eles querem que a Corte abandone a legislação precedente e crie uma nova doutrina de direitos autorais", foi a resposta de Cupertino segundo o site Mac Observer.

A fabricante não autorizada de clones de Mac diz ainda que o juiz William Alsup, que acompanhava o caso original, exagerou ao incluir o Mac OS X 10.6 no processo do Rebel EFI. O EFI é o programa montador (semelhante à BIOS dos PCs) que carrega o sistema operacional nos computadores da Apple. O Rebel EFI é uma "EFI pirata", na forma de um componente conectado via USB, que dá aos PCs comuns a capacidade de rodar o Ma c OS X.

A Psystar alega nesta sua nova moção que o Mac OS X 10.6 não estava sendo comercializado quando o processo começou e querem que a nova versão do Mac OS seja vista como um novo produto que não estava incluso originalmente na batalha judicial ¿ e, portanto, está fora da decisão do juiz Alsup e pode ser comercializado por ela.

"A Psystar afirma que o Tribunal de Justiça deveria ter excluído seus produtos mais recentes (da decisão judicial), como o Rebel EFI, que usa a versão mais recente do Mac OS X. Eles argumentam que esses produtos estão inclusos na segunda ação preenchida na Flórida", disse a Apple. "Mas a Psystar deveria se analisar melhor: a questão não é se algum produto ou conduta deveria ser excluído do mandato; a questão é quais condutas infratoras foram provadas e as consequências vindas das provas", completou.

Entenda a Guerra dos Clones

Em uma novela que parece não ter fim, a Apple sempre combateu duramente seus concorrentes diretos. Por isso, seu atual modelo de negócios compreende uma solução fechada e integrada de hardware e software que não pode ser produzida ou sequer licenciada por terceiros. Embora nunca tenha sido realmente questionada por práticas monopolistas, de tempos em tempos aparecem empresas que desafiam o poderio da maçã de Cupertino usando esse argumento.

Desde os dias do Apple II, no final da década de 70, a Apple sempre sofreu com a exploração supostamente indevida de seus produtos. Basta lembrar do famoso caso da americana Franklin Computer, que nos anos 80 produzia cópias exatas (e ilegais) desse que foi o primeiro sucesso da Apple.

Os Macintoshes, introduzidos em 1983, com seu projeto de hardware e software monobloco tornaram a clonagem muito mais difícil, legalmente falando. Os concorrentes precisariam fazer um dispendioso trabalho de engenharia reversa para produzir um computador legal e de funcionalidade minimamente compatível, ou partir para a infração de copyright com uma cópia descarada. De fato, os clones ilegais que apareceram em sua maioria foram tirados do mercado pela empresa e seus advogados, e mesmo muitos espécimes supostamente legais foram esmagados ¿ como é o caso da brasileira Unitron, cujo clone alegadamente obediente à lei, produzido por engenharia reversa, foi cancelado por pressão da Apple e do governo americano.

Pouco mais de uma década depois, em 1995, a empresa mudou de idéia e licenciou seu sistema operacional e ROMs para terceiros, permitindo a produção de clones "legalizados". O programa de licenciamentos, todavia, foi cancelado por Steve Jobs em seu retorno à Apple em 1997. A evolução do sistema operacional System 7, que era licenciado, para o Mac OS 8, cuja licença proibia a instalação em outro hardware que não fosse Apple, terminou por enterrar o programa de licenciamento. Desde então, clonar um Apple teria sido, além de ilegal, tecnicamente muito difícil.

Teria sido, e foi durante outra década. Mas em 2006 a Apple resolveu abandonar os processadores PowerPC e adotou a plataforma Intel, a mesma dos PCs padrão IBM. Essa mudança, com uma pitada de inventividade dos hackers de plantão, levou à modificação do sistema operacional Mac OS X para funcionar (ilegalmente) em qualquer PC com processadores Intel.

Muitos entusiastas começaram a montar seus "hackintoshes" com PCs comuns e versões modificadas do Mac OS X, a maioria com relativo sucesso.É nesse ambiente que a Psystar Corporation, fabricante de equipamento de segurança e comunicações, resolveu "peitar" a Apple. Com sede em Miami, lançou em 2008 o que cham ou de OpenMac, um PC bastante compatível com um Mac da época e que vem com o sistema operacional da maçã instalado de fábrica. Rapidamente rebatizado como OpenComputer e equipado com o Mac OS X Leopard, o produto da Psystar foi o primeiro hackintosh oferecido comercialmente já pronto para uso.

De 2008 para cá, a Apple e a Psystar têm protagonizado uma queda de braço em público, com vitórias, derrotas e "empates" a cada jogada. De julho a dezembro de 2008, ambas trocaram processos na justiça americana, com leve vantagem para a Psystar. Desde então, surgiram mais candidatos a Davi, como a russa Russian Mac, a argentina Openimac, a também americana Quo Computer e a alemã PearPC. Mas 2009 viu a Psystar enrolar-se em problemas com acionistas, que a levaram a pedir concordata em abril. Em dezembro desse mesmo ano, a Apple ganhou o processo judicial contra a Psystar, no que parecia ser um cheque-mate. Pelo visto, não foi.

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