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Cientistas criam robô que aprende emoções com humanos

10 ago 2010 - 06h30
(atualizado às 08h59)
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Cientistas britânicos e de outros países europeus estão criando um robô que seria capaz de "aprender" emoções ao interagir com seres humanos. O protótipo, batizado de Nao, foi programado para se comportar como uma criança de dois anos.

Nao foi programado para se comportar como uma criança de dois anos
Nao foi programado para se comportar como uma criança de dois anos
Foto: Divulgação

Segundo a equipe de cientistas responsável pelo androide, o que distingue Nao de outros robôs em desenvolvimento no mundo é sua capacidade de aprender emoções, expressá-las e, interpretando sinais, perceber emoções nas pessoas.

Um dos objetivos do projeto é desenvolver o protótipo até um ponto em que ele possa ser usado para fazer companhia para crianças diabéticas em hospitais.

Bebês e chimpanzés

O robô Nao foi programado para aprender a interagir e responder a humanos da mesma forma que uma criança. Ele incorpora os mesmos códigos de comportamento e de expressão que bebês aprendem em suas interações sociais e emocionais com outras pessoas.

Por exemplo, quando está triste, Nao abaixa a cabeça e contrai os ombros. Quando está alegre, ergue os braços e levanta a cabeça para pedir um abraço.

O protótipo foi criado a partir da observação de como bebês chimpanzés e humanos e os adultos que cuidam deles foram laços afetivos. Assim como os bebês dessas duas espécies, Nao também é capaz de desenvolver uma preferência por uma das pessoas que cuidam dele.

Ele foi programado para se adaptar às ações e estados de humor dos humanos que cuidam dele e se torna mais ligado ao indivíduo que interage com ele de maneira particularmente apropriada ao seu tipo de personalidade e necessidades de aprendizado.

À medida que aumentam o número de interações, a quantidade de respostas adequadas ao temperamento de Nao e a dedicação do humano ao robô, mais forte se torna o vínculo entre a máquina e o indivíduo e também o nível de aprendizado do robô.

Feelix

As pesquisas com o protótipo integram o projeto europeu Feelix Growing (anagrama baseado, entre outras, pelas palavras inglesas Feel, Interact e Express ("Sentir, Interagir, Expressar", em tradução literal).

O trabalho é liderado pela especialista em computação Lola Cañamero, da Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, em colaboração com universidades e empresas de robótica europeias.

O robô é capaz de expressar raiva, medo, tristeza, felicidade, excitação e orgulho. Ele fica visivelmente perturbado se a pessoa responsável por ele deixa de confortá-lo quando ele enfrenta uma situação estressante.

"Este comportamento é baseado no que uma criança pequena faz", disse Cañamero. "Também é muito semelhante à forma como chimpanzés e outros primatas não humanos desenvolvem vínculos com os adultos responsáveis por eles."

Segundo a equipe, esta é a primeira vez que modelos de formação de vínculos observados em primatas humanos e não humanos são usados para programar robôs que desenvolvem emoções a partir de interação com humanos.

"Estamos trabalhando em códigos de linguagem não verbal, e as emoções são reveladas por meio de posturas físicas, gestos e movimentos do corpo em vez de expressões faciais e verbais", acrescentou Cañamero.

A ideia, no entanto, é de que os robôs que servirão de acompanhantes para as crianças diabéticas nos hospitais sejam capazes de combinar comunicação verbal e não verbal para interagir com elas, tornando-se cada vez mais adaptados ao seu perfil individual.

O objetivo da equipe é que o robô não apenas auxilie no tratamento como também contribua para o bem estar emocional e social da criança.

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