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Estados Unidos

EUA: cresce ameaça de extorsão sexual a jovens na internet

17 ago 2010 - 12h26
(atualizado às 14h57)
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O pesadelo começou com uma brincadeira: três adolescentes visitavam um site de com videochat e cederam ao pedido de mostrarem rapidamente os seios em frente à webcam. Uma semana depois, uma das garotas, moradora do Estado de Indiana, com 17 anos, começou a receber e-mails com ameaças de um desconhecido. Ele dizia que havia capturado a imagem dela na webcam e a exporia no MySpace a menos que ela posasse para mais fotos e vídeos explícitos. E pelo menos duas vezes ela obedeceu, com medo do que o sujeito pudesse fazer.

Brincadeiras na internet tornam-se casos policiais
Brincadeiras na internet tornam-se casos policiais
Foto: Reprodução

Finalmente, a polícia e as autoridades federais foram envolvidas no caso e, em junho deste ano, acusaram formalmente um rapaz de 19 anos, do Estado de Maryland, por casos de exploração sexual. Casos como este têm acontecido com frequência cada vez maior nos Estados Unidos, onde já se cunhou inclusive o termo "sextorsion", ou sextorsão, em tradução livre, em referência a estas extorsões sexuais praticadas via internet.

Autoridades e especialistas apontam que os adolescentes que enviam mensagens com fotos em que aparecem nus tiradas pelo celular, ou que mostram seu corpo na internet estão sendo contatados por pornógrafos que os os ameaçam: as imagens serão mostradas a amigos e familiares, ou a qualquer um na internet, a menos que as vítimas aceitem posar para mais imagens pornográficas, criando assim um círculo vicioso de exploração.

"Os jovens estão entregando sua cabeça na boca do leão a cada vez que fazem uma coisa dessas", disse Parry Aftab, advogada e ativista pela segurança dos menores de idade na web. "A atitude facilita que o jovem se torne uma pessoa passível de ser extorquida, e ele fará qualquer coisa para impedir que suas fotos sejam publicadas".

Nos juizados estaduais e federais não há um registro completo ou um número confiável de casos em que há extorsão sexual pela internet, mas as autoridades dão como exemplo outros casos recentes que ficaram bem conhecidos.

Em Wisconsin, Anthony Stancl, 18 anos, foi sentenciado em fevereiro a 15 anos de prisão assim que descobriram que ele fingia ser uma menina no Facebook para enganar os garotos que eram seus colegas de aula e fazer com que eles lhe enviassem, pelo celular, fotos em que apareciam nus. Stancl usava depois as fotos para chantagear os garotos e obrigá-los a fazer sexo com ele.

No Estado do Alabama, Jonathan Vance, 24 anos, foi sentenciado em abril a 18 anos de prisão depois de admitir que havia enviado mensagens ameaçadoras no Facebook e no MySpace para extorquir mais de 50 jovens do Alabama, Pensilvânia e Missouri para que lhe mandassem fotos em que elas apareciam sem roupas.

Na Califórnia, um homem de 31 anos foi preso em junho por "sextorsão" assim que as autoridades descobriram que ele havia invadido mais de 200 computadores. Ele armazenou as fotos de nus que encontrou e ameaçou publicá-las na internet - para evitar isso, as vítimas teriam que posar para ele em vídeos mais explíticos.

Das vítimas desse homem, 44 eram menores de idade, segundo as autoridades, que disseram ainda que ele teria ativado a webcam de algumas das vítimas sem que elas soubessem, e havia gravado imagens em que apareciam trocando de roupa e até mantendo relações sexuais.

Estes e outros casos têm levado os agentes de segurança e os ativistas a prevenir os adolescentes sobre este perigo, já que eles são mais vulneráveis a chantagens como essa porque é mais fácil intimidá-los.

E muitos desses chantagistas estão dispostos a cumprir suas ameaças, afirma Steve DeBrota, de Indianápolis, que esteve envolvido em investigações relacionadas a casos de "sextorsão".

Fonte: AP AP - The Associated Press. Todos os direitos reservados. Este material não pode ser copiado, transmitido, reformado o redistribuido.
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