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Como a China se tornou a superpotência dos computadores

1 nov 2010 - 09h54
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RAFAEL MAIA

Por uma década, os Estados Unidos encabeçaram a lista dos mais potentes supercomputadores do mundo. O reinado, no entanto, está prestes a ser tomado pela China, que anunciou, nesta quinta-feira, ter criado o mais veloz computador do planeta, o Tianhe 1-A. De país conhecido por eletrônicos de qualidade duvidosa, a China passou ao topo dos países de tecnologia de ponta na informática. E esta é só uma pequena parte de um iceberg que esconde um contexto muito mais amplo.

Supermáquina chinesa deixou para trás a hegemonia norte-americana com o Jaguar
Supermáquina chinesa deixou para trás a hegemonia norte-americana com o Jaguar
Foto: Divulgação

Fisicamente, o Tianhe-1A tem 262 terabytes de memória e está alocado em 140 gabinetes, além da capacidade de rodar 2.507 petaflops. Em uma conferência, cientistas disseram que a supermáquina, que é capaz de realizar operações matemáticas com uma velocidade 29 milhões de vezes maior do que os primeiros computadores de 1976, será usada para fins astronômicos e pesquisas biomoleculares.

Não é necessário ser um gênio da computação para criar uma supermáquina. É preciso ter dinheiro, definitivamente. Uma máquina como a Tinhae 1-A, desenvolvida pela Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa da China, não é uma peça única: ele é a junção de milhares de pequenos sistemas e servidores unidos por um software. As peças, em conjunto, chegam a custas dezenas de bilhões de dólares. Mas o que mais impressiona no caso chinês, cujas peças são todas compradas das companhias americanas Intel e Nvidia, é o desenvolvimento do software responsável por fazer tudo funcionar.

De acordo com Jack Dongarra, criador da lista dos supercomputadore do site top500.org, a real tecnologia por trás do Tinhae 1-A, que tirou a coroa do Jaguar, foi contruída pelos chineses e é um exemplo de quão empenhados eles estão em se tornarem uma potência também da computação. Para ele, a máquina chinesa exterminou ferozmente a concorrência americana. "A nova lista dos supercomputadores só sera concluída em 1º de novembro, mas já podemos afirmar que é bastante improvável que encontremos um sistema tão rápido quanto esse", declarou ao jornal americano The New York Times .

Para o professor Wu-chu Feng, do Instituto Politécnico da Universidade da Virgínia, nos EUA, o que assusta, nesta caso, é que a tradicional dominação dos EUA na computação de alta performance está seriamente em risco. Segundo Feng, este cenário é um reflexo de que a China está a caminho de se posicionar como principal peça econômica em um futuro bastante próximo.

Despontando como potência econômica há pelo menos uma década e se consolidando como um dos mercados com maior potencial de compra, impulsionado pela enorme população que possui, a China alcançou, ao desbancar os EUA, um status de respeito, ao menos no que se refere à tecnologia de ponta.

Ainda ao The New York Times , o especialista Steven Wallach pediu cautela aos entusiastas. "O mundo não para e a vitória da China significa apenas um traço no tempo", comparou. Na batalha dos supercomputador, por enquanto, a China sai na frente. Mas, ao que tudo indica, a corrida pela coroa da supercomputação está apenas no início.

Fonte: Redação Terra
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