PUBLICIDADE

Para pioneiro da internet, o futuro está na "nuvem"

16 nov 2010 - 11h34
(atualizado às 11h35)
Compartilhar
RAFAEL MAIA

Como pensar em futuro se, no mundo digital, o que é novidade hoje torna-se obsoleto em cinco minutos? Para além do exagero da afirmação, a internet tem pouco mais de 30 anos de existência e um número de evoluções que parece não caber em um espaço de tempo tão curto. Para Aleksandar Mandic, um mestre da computação nacional, o futuro online ainda dá pequenos passos, mas já possui uma direção clara: a computação na "nuvem", disse ele em entrevista ao Terra.

Filhos de pais sérvios, especialista se tornou um dos pioneiros da internet no Brasil
Filhos de pais sérvios, especialista se tornou um dos pioneiros da internet no Brasil
Foto: Divulgação

Mandic é pioneiro na áerea de telecomunicações no Brasil. Foi o primeiro a explorar comercialmente o provedor de acesso à internet no País, com a Mandic BBS, e é co-fundador do iG - Internet Group. Para ele, a melhor e mais complexa perspectiva que a rede pode oferecer ao mundo é a "nuvem", que é o uso da capacidade de armazenamento de dados na "memória" não física da própria internet, sem a necessidade da utilização da memória física dos PCs, por exemplo. A máquina, aqui, se torna uma espécie de "USB" conectado a essa grande "nuvem" de arquivos e dados compartilhados e integrados pela internet.

Ele aponta, no entanto, que há um longo caminho pela frente. Do desafio da autorregulação, que, de acordo com ele, deveria ser discutida de maneira mais ampla e eficaz, até a questão de que redes sociais, por exemplo, podem acabar sendo vistas muito mais como um sinônimo de conforto, deixando de lado seu incrível potencial de interatividade e se tornando um "barzinho" da esquina.

Segundo a Internet World Stats, são cerca de dois bilhões de usuários conectados em todo o mundo. Apesar do alto número, o que se vê são os Estados Unidos na liderança absoluta de geração de ideias e um mundo, literalmente, de pessoas seguidoras do que já está criado. O grande problema aqui é a falta de apoio, seja governamental, seja de empresas, à iniciativa, ao empreendedorismo, o que acaba por cultivar a visão da internet como ferramenta passiva. Sem fronteiras, mas um "brinquedo", que não gera conteúdo, lucro e, principalmente, reflexão.

Para Mandić, o Brasil é bom em usar a novidade. E muito disso se deve à natureza do brasileiro, que gosta de compartilhar pensamentos, novidades, notícias. Mas ele ainda não sabe criar, o que, para o especialista, possui raízes muito mais profundas do que a simples relação com o universo online.

Para ele, a maneira como usuários brasileiros lidam com a internet reflete o retrato da desigualdade social do País, da falta de oportunidades para grande parte da população e um preocupante problema educacional, que forma reprodutores de pensamento em vez de criadores e pensadores independentes.

"A internet é, sem dúvida, uma grande fonte de informação. Não há uma só escola que ouse proibir o aluno de procurar informações no Google, por exemplo. Mas de que servem as informações se a pessoa não consegue criar ideias próprias a partir disso?", refletiu Mandic.

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade