Ativistas, jornalistas e blogueiros advertiram nesta quinta-feira que a decisão da Amazon de expulsar o WikiLeaks de seus servidores coloca em perigo a liberdade na Rede e pediram para a empresa americana explicar se sucumbiu a pressões políticas. A Amazon deixou de hospedar o WikiLeaks após receber pedidos do Comitê de Segurança e Assuntos Governamentais do Senado dos EUA, presidido por Joe Lieberman, o que fez com que o site ficasse fora de serviço na maior parte do dia antes de retornar a seu provedor sueco Bahnhof.
A página do WikiLeaks foi vítima de ataques sistemáticos desde que no domingo começou a divulgar documentos diplomáticos confidenciais americanos, que deixaram a política externa do país em péssima situação. A organização pediu nesta quinta-feira a seus seguidores no Facebook que boicotem a Amazon mediante uma foto na rede social do senador Lieberman: "Boicotem a Amazon por ajudar Liberman a censurar o WikiLeaks", diz um texto sobre a fotografia.
O senador por Connecticut disse nesta quarta-feira em comunicado que "nenhuma companhia responsável" dentro ou fora dos EUA deveria ajudar a Amazon a "disseminar material roubado" e anunciou que pediria explicações à empresa americana sobre o assunto. Comentários como esses dispararam os alarmes do grupo de defesa dos direitos humanos Human Rights First, que pediu nesta quinta-feira ao executivo-chefe da Amazon, Jeff Bezos, que explique os motivos de sua decisão e compartilhe com o público dos EUA quais partes do governo americano pressionaram a empresa.
"A decisão da Amazon de deixar de hospedar o WikiLeaks em seus servidores gera sérias preocupações sobre a liberdade na Internet", assinalou nesta quinta-feira a organização em carta dirigida a Bezos. O grupo insistiu que decisões de companhias como a Amazon determinarão se a internet do futuro cumpre com sua promessa de oferecer uma maior liberdade aos cidadãos para se expressar e organizar, ou, pelo contrário, se transforma em uma ferramenta que pode controlar os governos.
A medida propiciou vários tipos de comentários na Rede: "Agora a "Amazon" presta contas a um senador?", se perguntava Amy Davidson na revista The New Yorker. "Lieberman acha que ele, ou qualquer outro senador, pode pedir à companhia que administra a fábrica que imprime o "New Yorker", quando for publicar uma história que inclui material confidencial, para interromper as impressões?", acrescentava Amy.
O blog nova-iorquino "Gawker" fez comentários similares em artigo intitulado: "Amazon.com desaloja WikiLeaks, quem será o próximo?". A imprensa americana reproduziu, nesta quinta-feira, a fotografia de um bunker sueco da Guerra Fria que hospeda o WikiLeaks e que parece tirado de um filme de James Bond.
A empresa Bahnhof acolhe o WikiLeaks literalmente em uma caverna dentro da Montanha Branca, perto de Estocolmo (Suécia), segundo meios como "Forbes" e o sueco "VG Nett". A revista Forbes menciona que o lugar de armazenamento está 30 m embaixo da terra dentro de um bunker com uma grossa porta metálica para acesso e geradores de emergência que provêm de submarinos alemães.
A atenção da imprensa segue centrada no fundador do WikiLeaks, Julian Assange, sobre o qual pesa uma ordem de prisão internacional, e quem, segundo o jornal britânico The Independent, se encontra escondido no Reino Unido. O cerco contra Assange, um cidadão de origem australiana de 39 anos que vive se mudando, se estreitou depois que a Corte Suprema da Suécia rejeitou o recurso de seus advogados para a ordem de prisão ditada contra ele por supostos crimes sexuais. Personagem polêmico e carismático, Assange é um dos favoritos ao título de "Pessoa do Ano" da revista Time.
Segundo os documentos divulgados pelo Wikileaks, um conselheiro presidencial francês, Jean-David Lévitte, disse a um vice-secretário americano, Philip Gordon, que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está "louco" e que até mesmo o Brasil não podia apoiá-lo
Foto: AFP
De acordo com os relatórios divulgados pelo Wikileaks, a embaixada americana em Moscou disse que o presidente russo, Dmitri Medvedev (dir.), "é o Robin do Batman, Putin" - apesar de ser oficialmente o chefe de Estado e chefiar o primeiro-ministro
Foto: AFP
A embaixada dos Estados Unidos em Paris acredita, segundo os documentos revelados pelo Wikileaks, que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, é "suscetível e autoritário", destacando suas críticas a colaboradores
Foto: AFP
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, foi descrito por um diplomata como "irresponsável, vão e pouco eficaz como líder europeu moderno", de acordo com o Wikileaks; outro documento o descreve como "frágil física e politicamente", que não descansa apropriadamente por causa das festas que dá até altas horas da madrugada
Foto: AFP
Um documento divulgado pelo Wikileaks considera a chanceler alemã, Angela Merkel, "contrária à tomada de riscos e raramente criativa". Seu ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, teria uma "personalidade exuberante", mas pouco conhecimento de política externa
Foto: AFP
Segundo relatórios divulgados pelo Wikileaks, um documento descreve o presidente afegão, Hamid Karzai, como "extremamente frágil" e passível de acreditar em teorias conspiratórias; Karzai mantém uma relação difícil com o presidente americano, Barack Obama
Foto: AFP
Diplomatas americanos acusam Ahmed Wali Karzai, irmão do presidente afegão, Hamid Karzai, de "corrupto e envolvido no tráfico de drogas", segundo os documentos diplomáticos revelados pelo site WikiLeaks
Foto: AFP
Segundo documentos divulgados pelo Wikileaks, um cabo endereçado a diplomatas dos EUA emitido sob o nome da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pede que se coletem informações "biográficas e biométricas" de funcionários-chave da ONU - como o secretário-geral, Ban Ki-Moon
Foto: AFP
Um dos documentos recebidos do site WikiLeaks diz que o Departamento de Estado americano pediu à embaixada em Buenos Aires informações sobre "o estado de saúde mental" da presidente argentina, Cristina Kirchner
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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é "elegante e charmoso", mas nunca cumpre as suas promessas, de acordo com um cabo de Cairo relatando um encontro com o presidente Hosni Mubarak, que acrescentou: "Eu disse isso a ele pessoalmente", segundo divulgou o Wikileaks
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Um texto divulgado pelo Wikileaks diz que o líder líbio, Muammar Kadafi, é "quase obsessivamente dependente de um pequeno núcleo de funcionários de confiança" e aparentemente não pode viajar se não o fizer acompanhado de uma "voluptuosa" enfermeira ucraniana
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O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, é tratado como "Hitler" em documentos divulgados pelo Wikileaks
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O presidente do Iêmen, o presidente Ali Abdullah Saleh, foi chamado de "entediado e impaciente" durante durante um encontro com John Brennan, assessor de segurança nacional de Barack Obama, segundo relatórios divulgados pelo Wikileaks
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Os cabos mostram a preocupação dos EUA com a presença de material radioativo em usinas nucleares do Paquistão, que Washington temia ser usado em ataques terroristas; a embaixadora dos EUA no Paquistão, Anne W. Patterson, diz que o país se recusa a aceitar uma visita de especialistas dos EUA
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Zimbábue. Governado pela frágil aliança entre antigos rivais, o Zimbábue começa 2011 em meio a disputas eleitorais. De um lado está Robert Mugabe, que há tempos ocupa a presidência; de outro, Morgan Tsvangirai, o premiê e lider oposicionista. A coalização poderia acabar com um novo pleito, mas divergências emperram o avanço: Mugabe quer eleições para renovar toda a estrutura política, e Tsvangirai espera passar a votação de uma nova constituição
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De acordo com relatórios, o rei Abdullah, da Arábia Saudita, tentou repetidamente convencer os EUA a atacarem o Irã para pôr fim ao programa de armas nucleares iraniano, enquanto a China, por sua vez, direcionou ataques cibernéticos contra os EUA