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Terra faz 10 perguntas a Julio Vasconcellos, do Peixe Urbano

5 dez 2010 - 16h26
(atualizado às 17h16)
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Entusiasta da internet e especialista em mídias socias, Julio Vasconcellos é conhecido por seu espírito empreendedor. Sua formação educacional e profissional foi finalizada nos EUA, onde, por algum tempo, ministrou aulas sobre marketing viral na Universidade de Stanford, uma das mais importantes do mundo.

Julio, o primeiro representante do Facebook no Brasil, possui uma série de iniciativas empreendedoras na internet no Brasil e em todo o mundo
Julio, o primeiro representante do Facebook no Brasil, possui uma série de iniciativas empreendedoras na internet no Brasil e em todo o mundo
Foto: Divulgação

Hoje, seu nome viaja pela rede principalmente pela sua iniciativa mais bem sucedida até o momento - a criação do site de compras coletivas Peixe Urbano, que, em alguns meses, tornou-se líder absoluto no ramo no mercado brasileiro.

O Terra fez 10 perguntas para Julio Vasconcellos:

Como surgiu a ideia de criar o Peixe Urbano?

O Peixe Urbano surgiu devido a uma brecha de mercado que não existia no Brasil. Nos EUA, por exemplo, era uma ideia posta em prática bem comum até. Quando morei lá, estudei e trabalhei no Facebook, pude ter contato com uma série de experiências que não existiam no Brasil. Quando voltei pra cá, no início de 2009, resolvi criar o site. O sucesso do Peixe Urbano e o crescimento espantoso em apenas alguns meses de existência foi impressionante. Em pouco tempo fomos capazes de criar vários subescritórios locais em diversas cidades do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Vitória. No início, nós entrávamos em contato com os estabelecimentos para conseguirmos promoções. Hoje, recebemos centenas de e-mails diariamente de empresas atrás de parcerias com o nosso serviço.

Falando de empreendedorismo, que é o caso da sua iniciativa, como a internet pode ajudar ou prejudicar aqueles que possuem ideias inovadoras?

A internet sem dúvida é uma janela de oportunidades. Em suma, ela viabiliza que você seja dono de si mesmo. É óbvio que é necessário certo conhecimento sobre as ferramentas e, o mais importante, sobre como usá-las a fim de aproveitar todo o potencial oferecido.

O que te levou a trabalhar no Facebook?

Foi um longo caminho, na verdade. Primeiro fui estudar Finanças e Marketing na Universidade de Whaton. Depois do trabalho como diretor comercial da rede social Experience Project, que na época já tinha 4 milhões de usuários, aconteceu a oportunidade de fazer parte da equipe do Facebook. Lá, eu trabalhava com o setor de crescimento da empresa, com foco maior em questões relacionadas ao marketing propriamente dito. Foi uma experiência muito bacana, mas eu sentia que era o momento de eu criar uma coisa minha mesmo.

Até pouco tempo, você também era o representante do Facebook no Brasil, correto?

Sim, estou me desligando cada vez mais desta função para me focar no Peixe Urbano, que cresce de maneira fenomenal e demanda maior atenção. Quando eu comuniquei ao Facebook que viria para o Brasil, eles comentaram que precisavam de alguém no País em quem eles confiassem para fazer o meio-campo entre a central, na Califórnia. O interesse no Brasil era central no Facebook, já que se configurava com o mercado com melhor potencial de exploração na América Latina.

Ainda falando sobre o Facebook, a rede social de Mark Zuckerberg tem sofrido sérias críticas quanto à questão da privacidade. Você chegou a pegar essa época na empresa?

Muito pouco, na verdade, e também não chegam a ser críticas tão sérias. Até certo ponto, é um pouco normal, levando-se em conta o tamanho da empresa e tudo que ela consegue alcançar. Mas a questão de privacidade na rede e de segurança também tem muito a ver com o usuário. No final das contas, é ele quem tem a responsabilidade de escolher que tipo de informações ele vai compartilhar na rede e com quem ele vai compartilhar. É óbvio que a empresa que oferece o serviço precisa zelar pela segurança do usuário. Mas é o usuário quem tem mais controle sobre essa questão.

O Twitter é hoje uma das mídias sociais com maior crescimento no Brasil. Você utiliza?

Sim, eu sempre tento me manter a par das novidades que surgem, pela própria natureza do que eu faço. Mas eu uso o Twitter basicamente como fonte de informação, uso muito pouco para conversar com amigos. A função do microblog pra mim é de encontrar conteúdo, não enxergo a ferramenta pelo viés da comunicação tão efetivamente, baseando-se na minha própria experiência na rede. A grande sacada é ser, realmente, um grande agregador de informação.

De que maneira você utiliza a internet?

Meu principal uso da internet é para o trabalho, eu passo praticamente 24h conectado todos os dias. Fora isso, não costumo entrar em muitos sites de entretenimento, nem de jogos online. O YouTube mesmo só entro quando acabo vendo, por exemplo, um link no Twitter que me redirecione pra lá. Meu uso é basicamente para informação. Site de notícias são sem dúvida a grande importância da internet no meu cotidiano.

Você acha que o Governo tem exercido grande influência na internet de uma forma geral? Se sim, a tendência é que este controle cresça?

Não, de maneira alguma. Acho inclusive que o Governo não exerce a influência que poderia ter sobre a internet. Ainda bem, ela ainda se trata de um meio livre, sem muito controle. Há vários motivos pelos quais o controle governamental mais rígido seria inviável. Primeiro pela velocidade da troca de informações que acontece na rede, depois pelo próprio desconhecimento do potencial da internet no planeta. Também não acho necessária a criação de leis específicas para controlar a internet. Não de trata de um meio estranho, que necessite de regras específicas. A internet é feita e utilizada pelas pessoas de uma sociedade, e os crimes que acontecem lá podem ser julgados pelas mesmas leis que são aplicadas para qualquer tipo de crime.

Para você, que tem a experiência de ter trabalhado com a internet nos EUA, há uma diferença na maneira como o usuário se comporta nesses dois países?

Sim, mas não é nada grave. O que se pode perceber é que, naturalmente, o usuário brasileiro ainda toma menos cuidados que o norte-americano na web. Mas acho que isso é normal. Até certo ponto, é também reflexo do tempo em que a internet se disseminou nos dois países e de outras questões sociais mesmo, como acesso e velocidade de banda.

Há pouco tempo, a revista Wired lançou a discussão sobre a morte da web como a conhecemos. Você concorda?

Não, de maneira alguma. O artigo citava como embasamento a questão do uso dos aplicativos para acessar sites e outras ferramentas da internet, como redes sociais e o YouTube, em vez do navegador. Ao meu ver, isso é somente um viés, que talvez assuste por ser até certo ponto uma novidade. Mas não deve significar a morte da web. A internet possui essa natureza de conseguir se adaptar a novas maneiras de existir.

Fonte: Redação Terra
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