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Talebã, que resistia a novas tecnologias, agora aposta no Twitter

13 mai 2011 - 19h05
(atualizado às 19h54)
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Os extremistas do Talebã no Afeganistão decidiram mergulhar no Twitter para trocar e divulgar informações sobre suas atividades. A milícia, que já tem mais de três mil seguidores no site de microblog, vem postando mensagens em patane (uma das línguas faladas no Afeganistão) há dois meses, mas há pouco tempo começou a postar também em inglês.

Grupo adepto da Jihad ("guerra santa") agora usa redes sociais como parte de estratégia
Grupo adepto da Jihad ("guerra santa") agora usa redes sociais como parte de estratégia
Foto: Reuters

Um tweet recente afirma que "um avião espião dos Estados Unidos foi abatido em Wardag (província no centro do país)" e grande parte das mensagens reverencia o que eles qualificam como supremacia do grupo.

Segundo o Centro Internacional de Estudo do Radicalismo, esse é mais um sinal de como o Talebã, que costumava rechaçar novas tecnologias por considerá-las anti-islâmicas, agora decidiu ser mais pragmático sobre como espalhar suas ideias.

Apesar de essa não ser a primeira vez que o Talebã usa a internet para divulgar suas mensagens, elas agora têm seu alcance multiplicado por causa da popularidade das mídias sociais. O fácil acesso do Twitter via celular também o torna mais atraente para os grupos radicais.

Relatos de grupos que promovem violência, terrorismo, homofobia, antissemitismo e outras formas de intolerância na internet cresceram 20% no último ano, de acordo com o Centro Simon Wiesenthal.Perfis bloqueados

As mídias sociais costumam a banir as páginas de pessoas ou grupos que propagam o ódio ou a violência. No entanto, os responsáveis por redes sociais afirmam que o problema é que, à medida que alguns perfis são bloqueados, muitos outros são criados.

Outra maneira encontrada pelos extremistas para driblar o controle é usar contas pessoais e não com o nome da organização. "Um perfil no Facebook criado por algum extremista não costuma ter um número gigantesco de seguidores - algumas centenas no máximo", afirma Segundo Mohamed Yehia, editor da BBC Árabe. "Se o número de seguidores aumenta, as pessoas costumam notar e enviar mensagens ao Facebook reclamando da natureza dos comentários, e a página é fechada."

O analista William McCants, do Centro de Estudos Estratégicos dos EUA, analisa mensagens de grupos insurgentes e extremistas em seu blog Jihadica. Em entrevista ao editor de mídias sociais da BBC, Alberto Souviron, McCants disse que, como as contas no Facebook e no Twitter são facilmente fechadas, muitos continuam usando fóruns de discussão online, como fazem desde 2005.

Farc e Hamas

Outras organizações, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o grupo militante libanês Hezbollah e o palestino Hamas, também usam Twitter, Facebook e outras redes sociais para manter contato com seus seguidores.

A Farc até chegou a ter um site oficial, disponível em vários idiomas. Mas o endereço foi tirado do ar. No entanto, o grupo rebelde colombiano - assim como outros grupos - encontrou outras maneiras de driblar o controle. Uma delas é a ANNCOL, uma agência de notícias que costuma difundir as mensagens da guerrilha.

Se o uso do Twitter por extremistas é uma tendência é cedo para dizer. Mas como encontrar simpatizantes é uma boa maneira de recrutar defensores da causa, mídias sociais como o Twitter parecem ser o local ideal para tal tarefa.

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