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Conheça o N9, o primeiro e talvez último MeeGo da Nokia

9 jul 2011 - 10h35
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Emily Canto Nunes

Em 9 de fevereiro deste ano, há exatos cinco meses, surgia o boato de que a Nokia, a maior fabricante de celulares do mundo, estava abandonando o MeeGo, sistema operacional que desenvolvia em parceria com a Intel. Dois dias depois, em 11 de fevereiro, a Nokia anunciou oficialmente um "amplo acordo estratégico" com a Microsoft para trabalhar em um novo sistema conjunto baseado no Windows Phone, que concorra com o iOS, da Apple, e o Android, do Google. No entanto, desde lá, nenhum smartphone Nokia com o sistema da Microsoft apareceu por aí, mas com o MeeGo já, o N9, inclusive no Brasil, mais especificamente em Porto Alegre, durante o fisl12 - Fórum Internacional Software Livre, no estande da Intel.

Uma das telas iniciais do MeeGo traz todos os ícones de aplicações instalados no smartphone
Uma das telas iniciais do MeeGo traz todos os ícones de aplicações instalados no smartphone
Foto: Emily Canto Nunes / Terra

O MeeGo é um sistema operacional para dispositivos móveis de código aberto - ou seja, um software livre, motivo pelo qual estava presente no fisl12 -, de distribuição Linux e foi anunciado pela Intel e pela Nokia durante o Mobile World Conferece de 2010. Ele nasceu da união do Moblin, da Intel, e do Maemo, da Nokia, e funciona não apenas em smartphones, mas também em netbooks, tablets, desktops, sistemas de navegação automotiva e até em SmartTVs.

Mesmo sem contar com o apoio da Nokia, que só neste ano ainda lançará smartphones com MeeGo e Symbiam - sua plataforma desde sempre -, o MeeGo não foi totalmente abandonado pela finlandesa. A interface de usuário do framework do sistema operacional são baseadas em Qt, tecnologia nas mãos da Nokia desde a aquisição da Trolltech, em 2008. De acordo com Helio Chissini de Castro, desenvolvedor da Collabora, empresa baseada em Cambridge, no Reino Unido e que trabalha no projeto MeeGo, a Qt é o segundo motivo para Nokia e Intel estarem juntas no mesmo estande, além do Nokia n9 com MeeGo, é claro.

Segundo o desenvolvedor que reside em Florianópolis (SC), o diferencial do sistema operacional é na verdade sua essência. "O MeeGo é Linux de verdade, ele está hospedado dentro da Linux Foundation, ninguém é proprietário, nenhuma empresa é dona. Não é como o Android, que é Linux, mas tem uma máquina virtual Dalvink e um Java modificado rodando em cima. Além disso, eles dizem que o Android é aberto, mas só abrem para os desenvolvedores na época do lançamento, e a versão para tablet, a 3.0, ainda não está liberada", disse ele ao Terra.

Na opinião de Helio, o MeeGo tem espaço na medida em que é um sistema de ponta à ponta, de smartphones à sistema de navegação de carros, e que por usar Qt permite que os desenvolvedores criem uma só aplicação que poderá ser usada em diversos aparelhos e sistemas. "Eu quero vender minha aplicação para todo mundo. O custo de ter desenvolvedores que façam programas para três plataformas é enorme para as empresas", comenta.

Quanto ao futuro do MeeGo sem a Nokia, mas ainda com a Intel, Helio contou que a Toyota terá carros com o sistema, que a LG já mostrou interesse e que há rumores de um smartphone com MeeGO. Para logo, os consumidores podem esperar ver tablets com MeeGo e até uma possível parceria com a Samsung. Além da Intel, também a AMD e ARM, concorrentes da Intel no mercado de chips, estão interessadas no projeto.

Nokia N9, um Nokia com MeeGO

Apresentado em 21 de junho em Cingapura, o Nokia N9 é amor à primeira vista para quem sempre foi fã de aparelhos da finlandesa. O smartphone é o sucessor do N900 e usa uma interface nova, baseada em toques, para mostrar suas telas e aplicativos. Tudo isso graças ao MeeGo. Com tela AMOLED de 3,9 polegadas e vidro Gorilla Glass (aquele ultrarresistente) curvo, para que o usuário sinta onde a tela começa. O Nokia N9 não tem nenhum botão frontal. Os únicos botões ficam na lateral direita, de volume e para bloquear/desligar o dispositivo.

Com uma interface baseada em "swipes" - no deslizar das pontas dos dedos -, ele parece menos responsivo do que os touchscreen mais comuns, mas é tudo uma questão de adaptação. Alguns minutos com o N9 na mão e eu estava acostumada: melhor um toque preciso que abre exatamente o que estamos querendo do que um toque que abre mais de uma aplicação ao mesmo tempo de tão sensível que é (ou de tão atrapalhado que o usuário é).

As configurações técnicas também satisfazem: processador de 1 GHz, opções de armazenamento de 16 GB ou 64 GB, conectividade 3G/Wi-Fi/Bluetooth e NFC (Near Field Communications, para troca de dados entre aparelhos compatíveis), som Dolby Digital Plus e Dolby Headphone, o que proporciona uma experiência de som ambiente para qualquer conjunto de fones de ouvido, câmera de 8 megapixels com lentes Carl Zeiss e câmera frontal (que por enquanto não está funcionando). Além de resistente e bonito, uma versão melhorada do Nokia N8, ele é leve e traz o MeeGo, que mesmo já sendo novo para o usuário já está no nível do iOs e do Android, e bem longe do Sybiam. "Ele é orientado para o uso pessoal, dá bastante atenção ao que o usuário acessa, ao fato dele não conseguir acompanhar tudo o tempo todo", comenta Helio Chissini de Castro.

E difícil dizer se o MeeGo é um sistema da força que tem o Android, do Google, e o iOS, da Apple, mas aparentemente, pode-se dizer que ele tem potencial. A fonte utilizada pode parecer pequena, mas é bastante nítida. Bastante intuitivo, com botões (na tela) onde o usuário espera encontrar, o MeeGo tem ícones que lembram os do iOS, mas outras funcionalidades que remetem ao Android, como a cortina de notificações. Outra referência é a plataforma da BlackBerry, do RIM: o MeeGo possui uma página de notificações, a cortina, de todos os tipos: Twitter, mensagens de SMS, Facebook, e-mail, feeds e o que mais o usuário desejar ser avisado. A lista de aplicativos compatíveis com o N9 divulgada pela Nokia inclui Facebook, Skype, Vimeo, Twitter, Foursquare, AP Mobile, AccuWeather, Wi-Fi Hotspot e Angry Birds Magic, além de acesso à loja Ovi/Nokia Store para download de novos apps.

Uma diferença do MeeGo para seus concorrentes é a home, com ícones de todas as aplicações e que é uma de suas três telas iniciais. A segunda traz os programas abertos, como se fossem páginas, e a terceira, data e hora. De acordo com Helio Chissini de Castro, os aplicativos não ficam rodando o tempo todo. "Ele guarda um contexto, que fica em espera, e recupera quando o usuário abre", explica ele, que contou também que já testou o smartphone com mais de 20 aplicações abertas. Para quem está acostumado com o padrão Windows, de ter atalhos na área de trabalho, e também em seu dispositivo móvel, seja ele Android ou iOS, ter uma home com tudo pode parecer assustador, mas Helio afirma: "não somos mais nós que ditamos a tendências, são nos adolescentes de 15 anos que os fabricantes estão interessados, eles são o mercado". É possível mudá-los de lugar e excluir alguns, que não são de sistema, mas priorizar, não. Como não sou mais adolescente, confesso que prefiro escolher os ícones da minha home.

Segundo a Nokia, o N9 estará disponível ainda este ano em três cores (preto, azul e magenta), mas não divulgou o preço. A subsidiária brasileira já informou que não há previsão de lançamento para o Brasil por enquanto, ainda que o MeeGo já tenha uma versão em português. Por enquanto, dá para ter uma ideia do que seria uma linha da Nokia com MeeGo em http://swipe.nokia.com/. Ah, e importante, durante toda a apresentação do Nokia N9 com MeeGo 1.0 (o sistema já está na versão 1.3, que deve ser lançada em breve), o aparelho não travou nenhuma vez.

Fonte: Terra
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