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'Foi muito fácil', diz grupo que invadiu site da Assembleia do RS

4 ago 2011 - 14h58
(atualizado às 16h26)
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Estêvão Pires
Direto de Porto Alegre

Em um gesto raro, o grupo que deixou fora do ar o site da Assembleia Legislativa do Rio de Grande do Sul rompeu o silêncio e decidiu nesta quinta-feira conceder uma entrevista via Skype para detalhar a ação. O LulzSec Brazil, organização que rechaça o rótulo de hacker e se apresenta como "ativista cibernético", declarou que o objetivo é lutar por "liberdade e contra a censura", o que levou membros do grupo a derrubar o portal governamental, após tomarem conhecimento do processo sofrido pelo músico Tonho Crocco, devido a uma música crítica ao reajuste salarial de deputados gaúchos.

"Os políticos tentam calar a voz do povo e nós, anônimos, somos vozes contra a censura", disse um dos ciberativistas. Quatro pessoas participaram do diálogo com a reportagem do Terra, mas todos preferiram apenas se identificar pelos nicknames: Opus, Phoenixbr, Blie_day e Roleplay.

Eles relataram que moram fora do Brasil e garantiram não temer investigações policiais. "Não tememos o governo. O governo é que deve temer a nós. Temos dupla nacionalidade. Já moramos no Brasil, mas deixamos o País para não correr riscos. Somos brasileiros e defendemos a bandeira do Brasil no peito", disse um deles.

O grupo detalhou que soube pela imprensa da existência do processo contra Tonho Crocco - fundador da banda Ultramen -, alvo de uma ação do Ministério Público (MP), movida a pedido do ex-presidente da Assembleia Legislativa e atual deputado federal Giovani Cherini (PDT-RS), por crime contra a honra. O motivo foi a divulgação do rap Gangue da Matriz, gravado em 2010 como protesto contra o aumento de 73% nos salários que os deputados concederam a si próprios na época. "Foi um cala-boca que os políticos deram para quem protesta por liberdade. É uma reação esperada do governo. Da mesma forma, a mídia distorce nossa imagem", avaliou um dos ciberativistas.

Os quatro riram ao serem questionados sobre o grau de dificuldade da ação para derrubar o site da Assembleia gaúcha. "Foi fácil. Muito fácil. Não demorou muito tempo, não." Na entrevista - obtida após uma longa negociação, que envolveu a troca de pelo menos 10 emails -, os integrantes do LulzSec Brazil também confirmaram ter invadido o site da Receita Federal no ano passado, mas negaram serem os autores dos problemas que geraram lentidão no sistema. "Atuamos contra o site da Presidência, o portal do governo federal, Petrobras, e Ministério dos Esportes. Também invadimos o da Receita Federal, mas a ação inicial foi de outro grupo. Não divulgamos informações para não expor cidadãos honestos."

O LulzSec também tirou do ar por alguns minutos, nesta quinta, o site do Ministério Público do Rio Grande do Sul. O fato foi comemorado no Twitter. O site do deputado Giovani Cherini também ficou fora do ar, mas o grupo não assumiu a autoria do ataque até o momento.

Organização dos Ciberativistas
No relato ao Terra, o grupo ainda detalhou que a maioria dos integrantes começou a se especializar em internet na pré-adolescência. "É uma caminhada de longo tempo. Desde os 13 anos somos curiosos por tecnologia. E quando se adquire o conhecimento, você sabe como não ser enganado."

Sem confirmar em quais países eles residem, os quatro garantiram que contam com apoio de internautas no Brasil e no exterior. "Temos apenas correspondentes, mas estamos distribuídos em cinco países. Nosso contato é via internet".

O grupo também confirmou que já há alvos planejados. "Temos sim, mas não convém divulgar. Até para que as 'casas' não estejam protegidas." Questionados sobre a possível repercussão negativa entre a população de suas ideias, através de ações classificadas como crimes pela legislação, os integrantes do LulzSec avaliaram que a tática é correta. "Creio que seja uma imagem boa. É uma luta pela liberdade e pela população. Lutamos contra o sistema e os grande monopólios."

O grupo hacker LulzSec afirmou ter tirado do ar também o site do Ministério Público do RS
O grupo hacker LulzSec afirmou ter tirado do ar também o site do Ministério Público do RS
Foto: Reprodução
Fonte: Terra
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