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Privacidade: empresas estão de olho nos dados de internautas

24 out 2011 - 15h28
(atualizado às 15h51)
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Roseli Andrion
Direto de Londres

Se o que você busca é privacidade, saia agora mesmo das redes sociais. Cada vez mais seus dados - desde os pessoais até os psicológicos - estão expostos. E já tem quem faça uso desses dados de formas inusitadas: uma tese de doutorado da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, virou aplicativo do Facebook e já analisou a personalidade de 6 milhões de usuários do site. Ainda não é um produto comercial, mas em breve deve atrair a atenção das empresas que estão de olhos nos dados de potenciais clientes.

Dados dos usuários ajudam as empresas a prever comportamentos futuros
Dados dos usuários ajudam as empresas a prever comportamentos futuros
Foto: Divulgação

O programa separa as pessoas de acordo com suas características psicológicas e, a partir daí, permite que diferentes grupos recebam atenção por motivos específicos. "A personalidade é a influência mais forte no comportamento das pessoas. Os dados dos usuários nos ajudam a prever seus comportamentos futuros", conta Stephen Haggard, diretor de negócios da myPersonality Research, a empresa incubada no Centro de Psicometria da Universidade de Cambridge que é responsável pelo aplicativo myPersonality.

Segundo Haggard, essa invasão de privacidade não é necessariamente ruim. Se por um lado essa exposição ajuda as empresas a descobrirem como 'vender' para potenciais consumidores, por outro ela pode trazer diretamente até a sua tela informações que você esteja procurando. "É uma troca: você usa a plataforma e a empresa usa seus dados", compara Haggard.

Ele lembra que isso não é nenhuma novidade e que o Google tem acesso a dados pessoais de todos os usuários do Gmail há mais de 10 anos. "Eu particularmente acho que é uma troca bem interessante. Por enquanto, não vejo motivo para me preocupar. Quem se sente incomodado, porém, tem de avaliar o custo-benefício do uso da ferramenta."

Enquanto todos nós passamos tempo socializando online, encontros entre marqueteiros e especialistas do Facebook ocorrem offline. A ideia é mostrar para as empresas o caminho para conquistar novos clientes usando dados disponíveis no site. "As empresas estão mudando a forma como se relacionam com os clientes e, consequentemente, o modo como operam no mercado", diz John Lamphiere, gerente de vendas do Facebook para Europa, Oriente Médio e África.

E tem mais: o Facebook, que hoje tem acesso a uma fonte riquíssima de dados cada vez mais contextualizados, permite que os departamentos de marketing das empresas vejam dados bastante valiosos de seus usuários ¿ e isso não é segredo para ninguém. "A criação de novas oportunidades está acontecendo muito rapidamente e as empresas que reconhecem que a web é organizada em torno das pessoas estão ganhando uma vantagem competitiva clara", destaca Lamphiere.

Boa parte das novidades apresentadas há duas semanas na f8, a conferência para desenvolvedores do Facebook, refoça justamente essa possibilidade de novos negócios para empresas. De certa forma, o fato de se compartilhar diferentes ações e dados no site já os tira da categoria 'privados' - sempre que se 'curte' algo ou se faz um comentário, por exemplo, isso vira 'público'.

O fato de o usuário agora poder ir além do 'curtir' e se expressar por meio de outros verbos aumenta ainda mais essa exposição. "Os dados serão muito mais ricos e isso traz novas possibilidades de aproveitamento das informações", avalia Lamphiere. Agora é com você: vai querer continuar nas redes sociais?

Fonte: Especial para Terra
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