Chineses tiram a roupa na web em apoio a artista dissidente
Mais uma vez, os internautas chineses agem em solidariedade ao artista dissidente Ai Weiwei. Depois de atirarem aviões feitos com notas de dinheiro dobradas por sobre os muros da casa do artista, agora a ação é um desnudamento em massa - na internet. Até a tarde desta segunda-feira, mais de 70 pessoas já haviam publicado fotos de si mesmas sem roupas, em um site chamado "Nudez dos fãs de Weiwei - Escute, governo chinês: nudez não é pornografia".
Trata-se de uma forma de protesto muito pouco habitual em um pais onde a nudez em público segue sendo um tabu. Os internautas publicaram as fotos na internet depois que a polícia de Pequim interrogou Zhao Zhao, produtor de vídeos do artista, na última quinta-feira, por "difundir pornografia online". A pornografia em questão era a foto que ilustra esta nota, em que Weiwei aparece sem roupa ao lado de quatro jovens chinesas.
Apoiadores de Weiwei, cuja prisão este ano provocou protestos internacionais, dizem que o interrogatório em função das fotografias de pessoas despidas é a última tentativa do governo para intimidar seu crítico social mais famoso.
O produtor de vídeo contou ter sido interrogado pela polícia durante cerca de quatro horas sobre os motivos "por trás" das fotos. "Eles perguntaram: você não sabe que as fotos são obscenas?" contou Zhao à Reuters por telefone. "Eu respondi: não sabia. E disse: como podem ser consideradas obscena? Eles disseram que elas foram descritas como tal".
Weiwei pagou uma fiança de quase US$ 1,4 milhão na última terça-feira, abrindo caminho para apresentar o que ele teme possa ser uma apelação inútil contra uma acusação de evasão de impostos - considerada por seus apoiadores como uma vingança política. O dinheiro foi arrecadado a partir de contribuições desses seguidores.
Wen Yuchao, que publicou na web duas fotos de si mesmo nu, disse acreditar que a investigação contra o produtor de vídeo de Weiwei era a mais recente forma de "perseguição" contra Weiwei. E muitas das fotos publicadas na web vieram acompanhadas por comentários políticos.
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