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Facebook pode criar mil milionários com entrada na bolsa

9 dez 2011 - 19h06
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Viajar para o espaço ou embarcar numa expedição para escavações nas ruínas maias são atividades comuns de histórias de aventura. Mas para os funcionários do Facebook, esses e outros sonhos podem estar próximos de se realizar, uma vez que a maior rede social do mundo se prepara para lançar uma mega oferta inicial pública de ações (IPO, na sigla em inglês). Pelo menos mil milionários podem surgir depois disso.

Estima-se que rede social lance IPO de US$ 100 bilhões, na abertura de capital mais esperada de 2012
Estima-se que rede social lance IPO de US$ 100 bilhões, na abertura de capital mais esperada de 2012
Foto: AFP

A abertura de capital mais esperada de 2012 está sendo estimada em US$ 100 bilhões, valor que superaria a maioria dos IPOs das companhias do Vale do Silício, berço das empresas de tecnologia nos Estados Unidos, de Netscape a Google. Enquanto o mercado de ações fraco poderia diminuir a valoração da abertura de capital de outras empresas, a maioria dos analistas acredita que o Facebook pode estabelecer um novo patamar, fazendo com que funcionários de diferentes níveis de cargos ganhem milhões de dólares.

Colaboradores antigos e atuais da rede social de Mark Zuckerberg já estão fazendo planos para gastar a riqueza antecipadamente, mesmo que as regulamentações em geral impeçam funcionários de vender ações antes de seis meses do IPO. "Há conversas sobre o tipo de planos que as pessoas estão fazendo com ideias que sempre quiseram executar e nunca puderam, mas agora vão ter condições de fazer", comenta à Reuters um ex-colaborador, que entrou na empresa em 2005, logo após seu início.

No caso dele, a ideia é marcar uma viagem ao espaço no Virgin Galactic ou em alguma aeronave das outras empresas de turismo espacial, o que poderia custar US$ 200 mil ou mais. Mas isso é quase um trocado, perto dos US$ 50 milhões que suas ações devem lhe render. "Se o IPO acontecer, eu com certeza vou torrar algum dinheiro", afirma. A fonte não quis se identificar para não atrair atenção a sua situação financeira.

Ao contrário do ex-funcionário, outros estão pensando em algo menos na linha da ficção científica e mais no estilo Indiana Jones. Um grupo de atuais e antigos colaboradores começou a organizar uma expedição ao México, para escavações em ruínas maias. A ideia inicial, segundo pessoas familiares ao assunto, era começar uma escavação em algum lugar mais ou menos intocado, mas agora eles decidiram procurar um programa arqueológico já em andamento para tentar uma parceria.

Grandes pacotes
Fundado no dormitório da universidade de Harvard, nos Estados Unidos, por Mark Zuckerberg e seus amigos, em 2004, o Facebook cresceu e se tornou a maior rede social do mundo, com mais de 800 milhões de usuários e uma receita de US$ 1,6 bilhão no primeiro semestre de 2011. Informações sobre a estrutura de propriedade ou programas de bonificação de funcionários são difíceis de obter, uma vez que a companhia, ainda privada (Ltda.), revela muito pouco sobre o assunto.

Está claro que os funcionários antigos do Facebook, que receberam ações da empresa, e investidores de risco iniciais - como a Accel Partners, Greylock Partners e o cofundador do PayPal Peter Thiel - vão receber uma boa fatia do bolo. Zuckerberg sozinho teria pouco mais de 20% das ações da empresa, segundo estimativas do livro The Facebook Effect (O Efeito Facebook, em tradução livre), de David Kirkpatrick.

Mas a riqueza vai pregar peças a engenheiros, vendedores e outras pessoas que se juntaram à companhia mais tarde. Isso porque a maioria recebe salários e algum tipo de bonificação, como gratificações iguais independente do cargo ou ações individuais restritas. Ainda assim, a expectativa das pessoas familiares com o assunto é de que ao menos cerca de mil dos atuais três mil funcionários recebam contracheques de mail de US$ 1 milhão quando o IPO acontecer.

Lou Kerner, diretor da empresa privada de negociação de ações Liquidnet, estima que o Facebook tenha mais de 2,5 bilhões de ações, o que significaria um preço de US$ 40 por unidade se a abertura de capital for de US$ 100 bilhões. Os engenheiros seriam os maiores beneficiados. Segundo um ex-funcionário da área de Recursos Humanos, que não se identificou, em 2009 os profissionais com 15 anos de experiências puderam comprar até 65 mil ações por US$ 6 cada. Após uma modificação no sistema em 2010, quando cada ação foi repartida em cinco, e considerando o valor de US$ 40 por unidade, a riqueza dessas pessoas seria de US$ 12 milhões.

Outro ex-funcionário afirma que era comum a companhia de Zuckerberg oferecer a executivos de nível mais alto, para contratação, cerca de 100 mil ações restritas, até três anos atrás. No ano passado, outra pessoa que trabalho no RH da companhia revela, executivos recém-contratados recebiam bonificações de 2 mil a 30 mil ações restritas, dependendo do cargo que assumiam.

Prós e contras
Apesar da alta expectativa em torno do IPO do Facebook, veteranos de outras startups que já abriram capital alertam que o período depois da venda inicial de ações pode estar cheio de novos desafios. Alguns funcionários poderiam ficar com inveja de colegas com mais ações (e consequentemente mais dinheiro), enquanto outros poderiam questionar a lealdade dos que venderam seus estoques muito rapidamente.

Além disso, há o risco de muitos funcionários talentosos abandonarem a rede social e usarem suas novas pequenas fortunas para criar as próprias empresas de tecnologia, ou para investir em outras startups do setor. Alguns colaboradores já fizeram isso, vendendo antecipadamente suas ações através de serviços privados como o SecondMaket e o SharesPost.

Um exemplo dos que já começaram suas próprias iniciativas é o engenheiro Karel Baloun, que entrou para a equipe do Facebook em 2005 e saiu um ano depois para abrir sua própria rede online de para comerciantes de commodities futuras. O investimento foi feito com o valor de uma pequena quantidade de ações. Mas o negócio não prosperou, e Baloun lamenta que poderia ter ganhado muito mais dinheiro se tivesse continuado na companhia de Zuckerberg.

"É realmente maravilhoso poder escolher o seu trabalho de acordo com o significado dele, não de acordo com o tamanho do seu salário", pondera, afirmando que o dinheiro inesperado lhe viabilizou começar novas ideias. O ex-funcionário conta que vendeu apenas metade das ações na época em que começou seu próprio negócio, e que está segurando a outra metade para quando o IPO sair. "Vou comprar uma casa", conta o hoje executivo-chefe de tecnologia da Leap Commerce, de comércio mobile.

Administradores de renda
Para muitos dos funcionários do Facebook, o IPO vai garantir renda para pagar financiamentos universitários e comprar uma casa ou um carro. Os preços de imóveis para compra e aluguel na Bay Area de San Francisco já nunca foram muito suaves, mas agora os corretores e proprietários estão se preparando para um aumento de interesse.

Administradores de renda (para pessoas com alta renda) e consultores de investimentos também estão de olho nos novos ricos gerados pelo Facebook. "A maioria deles colaboradores vai ser multimilionária aos 30 anos e viver até os 100, o que significa criar um plano de 70 anos, o que nunca foi feito", avalia John Valentine, da Valentine Capital Asset Management em San Ramon, na Califórnia. Ele observa que a maioria de seus clientes faz planos para 35 anos.

A companhia de Valentine administra cerca de US$ 600 milhões em ativos. E para chegar aos milionários da rede social, o plano do administrador é usar a rede de contatos de investidores de risco. Nas próximas duas semanas, ele tem reuniões com essas pessoas para estreitar os laços. "É a mina de ouro atual do Vale do Silício", resume.

David Arizini, diretor administrativo da Constellation Wealth Advisors, já trabalha com muitos funcionários, novos e antigos, do Facebook, e afirma que espera ser indicado por essas pessoas aos colegas que enriquecerem após o IPO. Mas contrapõe que levará tempo e trabalho para conquistá-los, uma vez que há muita desconfiança na hora de escolher um administrador. "Os clientes consultam entre 5 e 10 empresas antes de escolher", conta.

Além do benefício dos próprios funcionários, a riqueza gerada pelo IPO do Facebook deve movimentar todos os negócios da região. "Se o cara do Facebook compra uma casa e quer reformá-la, talvez o empreiteiro compre um segundo carro, e talvez o corretor de imóveis troque o seu veículo", ilustra Buff Giurlani, fundador de uma empresa de vinhos e automóveis em Menlo Park. "É um efeito em cascata", resume.

Com informações da Reuters.

Fonte: Terra
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