Três robôs de grande porte vão aumentar em mil vezes a precisão na montagem de aviões brasileiros. O desenvolvimento dos autômatos, uma parceria entre o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), foi concluído em dezembro, após um ano de pesquisas e testes.
Os robôs fazem parte de um sistema automatizado de montagem estrutural, ou seja, trabalham no processo de unir as partes metálicas da aeronave. Ao Terra, Paulo Pires, gerente de automação industrial da Embraer, e Francisco Soares, diretor de engenharia manufatura da companhia, explicam que há duas etapas: furação e cravação de rebites. A indústria brasileira ainda não usa robôs neste processo, embora em outras partes do mundo a tecnologia já exista.
A vantagem do uso dos robôs é que eles garantem mais precisão na montagem, diminuindo a chamada taxa de "perfeitos por milhão" (PPM) de até 3.000ppm, no caso do processo manual, para cerca de 3ppm, com auxílio robótico. "Na indústria automobilística, que é similar à aeronáutica, os robôs têm precisão da ordem de milímetros, mas quando se parte para a fabricação de aviões, nossos robôs precisam ter precisão de décimos de milímetros", explicam os executivos da Embraer. "É o equivalente a um fio de cabelo", comparam.
Essa diferença impossibilita usar os robôs das fábricas de carros na produção de aeronaves, o que justifica a criação de autômatos específicos. Além disso, na planta automobilística cada máquina desempenha uma única função e em alta cadência, pois produz cerca de três mil veículos por dia. Por outro lado, na aeronáutica a flexibilidade é mais importante, uma vez que são fabricados 10 aviões por mês e um mesmo robô precisa ser capaz de perfurar e cravar rebites em diferentes metais e distintas posições.
Dos três robôs desenvolvidos na parceria, dois são braços antropomórficos, ou seja, têm estrutura que lembra um membro humano e se movem livremente. O terceiro, e também último a ser entregue, é do tipo cartesiano, que se move nas coordenadas X e Y do plano homônimo. "Ele é menos flexível, porque não fica livre no espaço como os outros, que têm manipuladores e torres, por outro lado é mais preciso", resumem Pires e Soares.
Avanço para todo o setor
No acordo entre Embraer e ITA, com financiamento do Finep, a instituição de ensino ganhou o Laboratório de Automação da Montagem Estrutural de Aeronaves (LAME), espaço usado para o desenvolvimento dos robôs e ligado ao Centro de Competência em Manufatura da universidade, em São José dos Campos (SP). "O ITA já é um centro de excelência em tecnologia aeronáutica, e a parceria permite a formação de pessoas e processos para atender à indústria nacional e realmente colocar o Brasil em posição de destaque no cenário mundial", explicam os representantes da companhia.
Além dos benefícios diretos do desenvolvimento dos robôs, os executivos da Embraer destacam que outros elos da cadeia produtiva do setor também se beneficiam da pesquisa concluída neste mês. "Os resultados são compartilhados em relatórios periódicos, apresentações em workshops e oficinas com participação de acadêmicos, e outras indústrias podem usar as mesmas tecnologias que desenvolvemos", concluem.
Inspirados em animais que vão desde ursos até baratas, robôs podem ajudar a tranquilizar o sono, salvar vidas ou até participar de guerras. Confira alguns deles na galeria
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Garra robótica desenvolvida por pesquisadores de Harvard e Yale promete acabar com os problemas atuais no controle de força e velocidade, tendo como principal inspiração o modo como as baratas se movem em superfícies irregulares
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Pesquisador Andy Russell se inspirou em gafanhoto africano para criar técnica que permite que robôs conversem pelo ar por um anel de ar pressurizado invisível similar a um anel de fumaça
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Robô em forma de libélula vira arma de espionagem nos EUA, pois pode filmar ação inimiga sem ser notado
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Japoneses criam robô cão-guia para ajudar deficientes visuais. "Patas" do robô têm articulações, o que permite movimentos mais rápidos, quase na mesma velocidade dos feitos pelo humano que acompanha a máquina
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Travesseiro que se parece com urso de pelúcia é na verdade um robô para ajudar o usuário a dormir melhor e sem roncar. Assim é o Jukusui-kun (sono profundo, em tradução livre), autômato apresentado pelo professor Kabe, da Universidade de Waseda, em Tóquio
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Inspirado em seres desprovidos de esqueleto interno - como estrelas-do-mar, lulas e vermes -, a invenção tem como objetivo chegar a recantos que robôs rígidos não podem alcançar
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Com a intenção de mostrar que estruturas infláveis podem ter bastante capacidade de carga, a Otherlab desenvolveu o robô inflável Ant-Roach - algo como Tamandurata (tamanduá + barata) -, de 4,5 m de comprimento. O autômato pesa 31,8 kg (sem contar o compressor de ar), e é capaz de suportar 454 kg nas costas.