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Ex-executivo diz que Apple não leva código de conduta a sério

26 jan 2012 - 12h26
(atualizado às 12h40)
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"Se isso fosse realmente sério, as violações graves iriam desaparecer", criticou um ex-executivo da Apple falando sobre como a empresa lida com o próprio código de conduta para fornecedores. O ex-funcionário falou ao The New York Times, que produziu uma extensa reportagem sobre as condições de trabalho nas fábricas que produzem iPhones, iPads e iPods para a gigante de Cupertino e que não estão cumprindo o disposto no código. O texto dá destaque aos problemas da Foxconn, taiwanesa que já está oficialmente habilitada a iniciar as operações no Brasil, em uma planta em Jundiaí (SP).

Taiwanesa Foxconn, que foi autorizada a produzir tablets e smartphones no Brasil, é uma das fornecedoras acusadas de não cumprir o código que determina condições de trabalho mínimas a funcionários
Taiwanesa Foxconn, que foi autorizada a produzir tablets e smartphones no Brasil, é uma das fornecedoras acusadas de não cumprir o código que determina condições de trabalho mínimas a funcionários
Foto: AFP

O jornal norte-americano conversou com mais de 30 funcionários e ex-funcionários da Foxconn, e também com executivos e ex-executivos do primeiro escalão da Apple responsáveis pela relação com os fornecedores. As informações aprofundam os problemas relatados pela gigante de tecnologia sobre as auditorias de condições de trabalho em 229 unidades de sua cadeia de fornecedores.

As auditorias começaram em 2007, como uma forma de checar o cumprimento do código de conduta da companhia. Em 2005, seguindo a onda de outras empresas do setor, os executivos da marca da maçã criaram o documento que rege as condições de trabalho nas fábricas de seus fornecedores e até de algumas empresas da terceira linha da cadeia. O texto determina que as condições sejam "seguras, que os trabalhadores sejam tratados com respeito e dignidade e que o processo de produção seja ambientalmente responsável".

Segundo a Apple, quando uma auditoria constata uma violação, o fornecedor é solicitado a resolver o problema e tomar providências para garantir que ele não volte a ocorrer. O prazo para isso é de 90 dias. "Se um fornecedor não quiser mudar, ele será desligado de nossa rede", afirma a empresa em seu site. Mas, de acordo com o ex-executivo, desde 2007 - quando a Apple começou a fazer auditorias nas empresas que fabricam seus produtos - apenas 15 parcerias foram encerradas. "Se você vê o mesmo padrão de problemas, ano após ano, isso significa que a empresa está ignorando o assunto, e não tentando resolver", opina.

Entre as transgressões apontadas pelos entrevistados do jornal norte-americano e pelos relatórios da companhia de Cupertino estão jornadas semanais de mais de 60 horas e por mais de seis dias e contratação de menores de idade, além de falsificações de registros. As histórias de quem está no chão da fábrica incluem pernas inchadas de tanto ficar em pé e um cartaz que diria "trabalhe duro no emprego hoje ou trabalhe duro amanhã para procurar um emprego".

No ano passado, a Foxconn foi palco de duas explosões causadas por pó de alumínio, uma delas deixando quatro mortos e 77 feridos, na fábrica de Chengdu. E a Apple saberia da situação, segundo um grupo chinês que teria avisado à gigante norte-americana sobre as condições perigosas das plantas. "Se a Apple foi avisada e não agiu, é repreensível", opina Nicholas Ashford, ex-diretor do Comitê Nacional de Consultoria sobre Saúde e Segurança Ocupacional dos Estados Unidos, que trabalha com o Departamento de Trabalho do país. "Mas o que é moralmente repugnante em um país é aceitável como prática comercial em outro, e as empresas tiram vantagem disso", comenta.

"A Apple nunca se importou com nada além de aumentar a qualidade de seus produtos e diminuir o custo de produção", critica Li Mingqi, que até abril trabalhava na parte administrativa da Foxconn. Ele, que está processando a taiwanesa por ter sido demitido, era um dos gerentes da fábrica de Chengdu na época da explosão. Depois dos dois acidentes, a Apple afirmou que, embora relacionados ao mesmo material químico, tiveram causas diferentes. Sem dar mais detalhes, a empresa afirmou que criou normas preventivas mais rígidas para as fábricas que lidam com pó de alumínio.

Em comunicado, a Foxconn afirmou que na época da explosão a planta estava de acordo com as leis e regulamentações relevantes, e que garantiu que as famílias dos mortos recebessem o suporte necessário, bem como que os funcionários feridos receberam "o melhor cuidado médico possível". A produção também teria sido interrompida para melhorar a ventilação e o descarte do pó, além de implantar tecnologias para melhorar a segurança dos trabalhadores.

Fonte: Terra
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