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Fundador do Megaupload seguirá em liberdade na Nova Zelândia

29 fev 2012 - 01h35
(atualizado às 03h57)
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Um tribunal da Nova Zelândia rejeitou nesta quarta-feira o recurso da promotoria contra a decisão de libertar o fundador do site Megaupload, Kim Schmitz, conhecido também como "Dotcom", cuja extradição é requerida pelos Estados Unidos por suposta pirataria digital.

O Alto Tribunal da cidade de Auckland "rejeitou a apelação" da promotoria, que representa o governo dos Estados Unidos, contra a decisão de outra instância judicial que na semana passada concedeu a liberdade condicional a "Dotcom", informaram fontes judiciais à agência EFE.

Kim Schmitz foi detido em 20 de janeiro em sua mansão nos arredores de Auckland, junto a outros três diretores do Megaupload, no transcurso de uma operação policial internacional que incluiu o fechamento de seu portal de downloads na internet.

A promotora Anne Toohey baseou o recurso na tese de que o tratado de extradição entre Washington e Berlim inclui uma cláusula que permite à Alemanha processar cidadãos americanos dentro de seu território, além de ter levantado a possibilidade de "Dotcom" ter acesso a fundos que não foram confiscados.

A equipe de advogados que defende "Dotcom", por sua vez, sustenta que os argumentos da promotoria não têm solidez e que não há risco algum de seu cliente fugir. Já o acusado alegou inocência e garantiu não ter a intenção de abandonar o país, onde tentará na Justiça recuperar os bens que lhe foram confiscados.

Kim Schmitz foi detido em junho junto ao alemão Mathias Ortmann, de 40 anos e co-fundador do portal; Finn Batato, da mesma nacionalidade, de 38 anos e responsável técnico do site, e o holandês Bram van der Kolk, de 29 anos e chefe de programação.

O alemão teve seu pedido de liberdade condicional negado em duas ocasiões, até que um juiz do tribunal do distrito de North Shore enfim a concedeu, mas com uma série de condições, incluindo vigilância eletrônica, proibição de acessar a internet e usar seu helicóptero pessoal. O alemão também não poderá afastar-se mais de 80 km de sua propriedade.

Está prevista para agosto a realização da primeira audiência do processo judicial de extradição dos quatro executivos do Megaupload.

No Alto Tribunal de Auckland, "Dotcom" e sua esposa pediram a devolução de parte do dinheiro confiscado pelas autoridades neozelandesas, segundo a rede de televisão TV3. A juíza Judith Potter decidiu devolver US$ 61.930 de uma das contas congeladas.

Os EUA acusam um total de sete executivos do site entre eles os quatro detidos na Nova Zelândia, e duas empresas vinculadas ao portal por diversos crimes de pirataria informática e lavagem de dinheiro.

O Megaupload é acusado de ter causado mais de US$ 500 milhões em perdas à indústria do cinema e da música ao transgredir os direitos autorais de companhias e obter com isso lucros de US$ 175 milhões.

Entenda o caso

As autoridades dos Estados Unidos, incluindo o FBI (polícia federal americana), tiraram o Megaupload e outros 18 sites afiliados do ar na noite do dia 19 de janeiro (horário de Brasília) por considerar que o site faz parte de "uma organização delitiva responsável por uma enorme rede de pirataria virtual mundial". O Megaupload teria causado mais de US$ 500 milhões em perdas ao transgredir os direitos de propriedade intelectual de companhias. As autoridades norte-americanas consideram que por meio do site, que conta com 150 milhões de usuários registrados, e de outras páginas associadas, ingressaram cerca de US$ 175 milhões.

Em resposta ao fechamento do Megaupload, o grupo de hackers Anonymous bloqueou temporariamente o site do Departamento de Justiça, do FBI e o da produtora Universal Music, entre outros na noite de 19 de janeiro, horário de Brasília. De acordo com os hackers, foi o maior ataque já promovido pelo grupo, com mais de cinco mil pessoas ajudando.

No dia 20 de janeiro na Nova Zelândia, noite de 19 de janeiro no Brasil, a polícia neozelandesa realizou uma operação na qual confiscou dos detidos e do Megaupload bens avaliados em US$ 4,8 milhões, além de US$ 8 milhões depositados em contas abertas em diversos bancos do país. Nesta operação, Kim Schmitz, mais conhecido por Dotcom, fundador do Megaupload, e os outros três envolvidos, foram presos. Desde então, outros acusados de participar do negócio, alguns fugitivos, vêm sendo presos ao redor do mundo. Dotcom, que teve o pedido de fiança negado, está preso desde o dia 20 de janeiro na Nova Zelândia e deve permanecer até o dia 22 de fevereiro, quando termina o prazo do pedido de extradição para os Estados Unidos.

Megaupload Ltd., e outra empresa vinculada ao caso, a Vestor Ltd, foram indiciadas pela câmara de acusações do Estado da Virgínia (leste) por violação aos direitos autorais e também por tentativas de extorsão e lavagem de dinheiro, infrações penalizadas com 20 anos de prisão. Embora tenham participado da operação, as autoridades da Nova Zelândia não devem apresentar acusações formais contra o site.

O anúncio do fechamento do Megaupload ocorreu em meio a uma polêmica nos Estados Unidos sobre dois projetos de lei antipirataria, o Sopa (Stop Online Piracy Act), que corria na Câmara dos Representantes, e o Pipa (Protect Intelectual Property Act), que era debatido no Senado, contra as quais se manifestou, entre muitos outros, o site Wikipédia, interrompendo seu acesso no dia 18 de janeiro, e o Google mascarando seu logo. O protesto foi chamado de apagão ou blecaute pelos manifestantes.

Kim Schmitz fala com jornalistas na saída do tribunal em Auckland
Kim Schmitz fala com jornalistas na saída do tribunal em Auckland
Foto: Reuters
EFE   
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