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Índia supera os 900 milhões de linhas de celulares

15 mar 2012 - 06h02
(atualizado às 06h46)
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O competitivo mercado indiano das telecomunicações cresce a passos largos nesta potência emergente, onde as aquisições de novas linhas de celulares acabam de superar os 900 milhões de unidades.

Dados oficiais divulgados recentemente demonstram que no mês de janeiro as vendas bateram a marca de 903 milhões deste tipo de linhas graças a dez milhões de novas assinaturas nesse mês, o dobro das conexões sem fios totais existentes em uma década.

O número, em um país de 1,210 bilhão de habitantes, pode significar que o objetivo de uma teledensidade plena se aproxima. A realidade, no entanto, é muito diferente: só 70% das linhas estão ativas e o potencial existente ainda é enorme, afirma Mrutyunjay Mishra, porta-voz de Juxt, uma empresa de consultoria especializada no ramo. "Não se deve confundir assinaturas com assinantes", ressalta.

O organismo questiona os dados oficiais e calcula que embora em mais da metade das famílias (61%) há ao menos um usuário de celular, só um quarto dos indianos são usuários ativos. Este fenômeno - alega Mishra - encontra justificativa na disparidade existente entre os centros urbanos e rurais.

A teledensidade é maior nas crescentes cidades do gigante asiático (168%) do que no campo (38%), onde ainda vive a maioria da população, e também é bem superior nos estados mais prósperos.

Apesar disso, a indústria indiana das telecomunicações emprega de maneira direta ou indireta 10 milhões de pessoas, e tem previsão de crescer neste ano 26%, até alcançar volume de US$ 75,8 bilhões, conforme dados do setor.

"Conseguir um celular é barato. As pessoas querem movimentar-se e estarem conectadas. É um sentimento de identidade", argumenta Efe uma fonte da Autoridade Reguladora das Telecomunicações.

A sede da empresa, um imponente prédio de 20 andares no coração da capital, é um reflexo do poder de uma indústria que em 2010 alimentou os escândalos de corrupção mais famosos deste país, relativo à distribuição fraudulenta de licenças.

Longe dali, em um bairro de classe média, está em construção o estabelecimento de Paranjit Singh, uma pequena loja de recargas de celulares pela qual passam a cada dia 400 pessoas.

Entre os visitantes estão jovens ávidos em falar com amigos e namoradas, donas de casa e, principalmente, trabalhadores emigrantes que recarregam com frequência em média 40 rúpias (US$ 0,80) para conversar com suas famílias.

"O negócio despontou realmente quando há sete anos uma companhia começou a vender celulares a 500 rúpias (US$ 10). Antes os aparelhos custavam dez vezes mais", lembra Singh.

Na Índia, onde a renda per capita anual supera por pouco os US$ 1 mil, o preço faz a diferença. Atualmente, ao menos 15 empresas fornecem serviços de telefonia concorrem duramente para captar clientes com contínuas ofertas que fixam inclusive em média o custo da chamada por minuto.

Um estudo elaborado pela Juxt em 2011 revela que 82% dos 446 milhões de celulares nesse momento custavam menos de 3 mil rúpias (US$ 60) e o principal segmento de usuários (40%) era a classe com renda menor.

Só assim se entende que marcas tão implantadas no Ocidente como iPhone e BlackBerry não cheguem a 1% da parcela em um mercado em que apenas um quinto dos celulares utilizados tem câmeras.

Neste contexto, o Governo fixou como objetivo que o celular passe de "instrumento de comunicação a um de poder", um processo que ajudará o barateamento de custos.

"O setor deve desenvolver modelos econômicos, não dependentes da voz", advertiu no ano passado o ministro de Telecomunicações indiano, Kapil Sibal, que apostou por uma gratuidade do serviço "no longo prazo".

As companhias veem uma oportunidade de ouro em uma possível transposição de muitos usuários em direção para os smartphones, atualmente caros e utilizados por menos de 100 milhões de indianos, mas que poderiam quadruplicar em três anos. "Se os preços caem, está claro que (o smartphone) decolará", diz convencido Mishra, o porta-voz da empresa de consultoria.

O desafio - acrescenta - é se essa mudança virá associada a uma "habilidade" para aumentar o acesso à internet e espremer o potencial das novas tecnologias em um país com uma das penetrações de banda larga mais baixas do planeta.

EFE   
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