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Testamos: feira exibe dispositivos que usam o poder da mente

14 abr 2012 - 15h27
(atualizado às 15h32)
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Roseli Andrion
Direto de Birmingham (Inglaterra)

A reportagem do Terra esteve na Gadget Show Live, a maior feira de eletrônicos de consumo do Reino Unido, que termina neste domingo, em Birmingham, e testou algumas tecnologias que devem estar presentes em nossas vidas num futuro não muito distante. São produtos que exploram o uso das ondas cerebrais - mais popularmente, o poder 'da mente' -, inclusive um vestido. Entre os mais interessantes estão os que levam o chip da NeuroSky. E eles funcionam, mesmo sendo um pouco mais difíceis de operar - o que importa mesmo são os impulsos cerebrais, e é aí que pode estar a dificuldade maior.

Não adianta simplesmente "pensar na ação que se quer fazer". É preciso colocar a mente em ação para que ela envie ondas para o aparelho. Para fazer isso, vale qualquer truque: contar apenas números ímpares, contar de trás pra frente, soletrar nomes ou outras atividades parecidas. Como requerem concentração, essas atividades fazem as ondas cerebrais ficarem mais "nítidas" para serem captadas pelo eletrodo que, ligado à testa do usuário, vai lê-las.

O primeiro teste foi no MindFlex, um jogo com obstáculos que devem ser superados por uma bolinha. Completando o sistema, uma faixa vai na cabeça de quem está no comando do brinquedo. Essa faixa tem três eletrodos: um vai diretamente na testa e os outros dois são conectados às orelhas - segundo Jennifer Cooke, uma das porta-vozes da empresa, eles "fecham o circuito elétrico". Não há nenhum desconforto, embora a marca do eletrodo fique na testa por algum tempo depois que se tira a faixa. Mas o pior mesmo é a pressão psicológica para fazer o brinquedo funcionar.

O objetivo é mover a bolinha com o poder da mente. Pra começar, é preciso um nível mínimo de concentração para que o motor do aparelho funcione. Eu me distraí e a máquina desligou. Duas vezes! Esse motor envia uma corrente de ar que mantém a bolinha flutuando, mas é a concentração do jogador que define a intensidade do vento e, portanto, se a bolinha sobe ou desce. Eu achei um pouco difícil controlar a força da corrente de ar e demorei bastante para passar pelos obstáculos. Resultado: minha tendência à dispersão ficou escancarada.

Jennifer explica que esses jogos são como uma ginástica para o cérebro. "O uso do brinquedo vai fazer a pessoa treinar a concentração. E cada um tem uma maneira muito pessoal de fazer isso", diz. "Com o treino, a pessoa descobre como fazer isso quando quiser e de forma mais automática." Segundo ela, o aparelho foi testado em crianças com dificuldade de concentração e as ajudou a melhorar. "Elas pensam que estão brincando, mas, na verdade, estão treinando essa capacidade."

Outro produto que leva o selo da NeuroSky é o MindWave - o aparelho lembra um fone de ouvido e tem dois eletrodos: um vai na testa e o outro, para fechar o circuito elétrico, é conectado à orelha. Ligado a um aplicativo da MindPlay, o aparelhinho lê as ondas cerebrais (tanto de concentração quanto de relaxamento) e as transforma em ações dentro de jogos e filmes. Ou seja, você joga apenas se concentrando. E aqui, confesso, tive uma ajudazinha da Jennifer: foi ela quem me ensinou os truques de contar e soletrar. As ótimas dicas me garantiram a vitória no cabo de guerra mental.

Essa 'leitura da mente' pode ajudar, no futuro, no contato com pessoas com alguma deficiência, por exemplo. Segundo Jennifer, pacientes com Síndrome do Encarceramento - uma doença em que o indivíduo não consegue se comunicar com o mundo exterior, embora esteja consciente - já testaram o aparelho. "Para os parentes dessas pessoas, saber que elas estão conscientes é algo muito importante. E o paciente interage não apenas com eles, mas fazendo uma atividade divertida", avalia.

Moda e outros produtos

Pensando justamente em pessoas com dificuldades de movimentação, a estilista Nange Magro se uniu à NeuroSky e criou roupas que podem ser controladas apenas com a concentração. Na feira, exibe um vestido preto. "Pensei em aplicações médicas para elas", diz. "Um paciente que não pode arregaçar a manga da camisa fisicamente, por exemplo, pode usar a concentração para fazer isso." No vestido criado por ela, um feixe de fibra ótica indica quando a concentração atinge o nível máximo. Ao mesmo tempo, a saia - que tem 'costuras magnéticas' - vai lentamente se abrindo. Os materiais usados na produção são, na maioria, recicláveis.

Já a criação da Leonar3Do, batizada de 'bird', é basicamente um mouse para aplicações em 3D - como games ou design. É bem fácil de usar e, certamente, bem mais confortável que o mouse nesses casos. Cada vez que se 'toca' o objeto, é possível senti-lo, ainda que de leve, fisicamente. A manipulação de objetos também é mais fácil: ao girar o bird, a figura em 3D gira também. É a primeira vez que o produto é apresentado no Reino Unido.

Outra empresa, a Festo, exibiu produtos biônicos que podem servir de base para equipamentos específicos, inspirados na natureza. Como o Robotino, uma haste flexível que lembra a tromba de um elefante. Muito leve, o material usado na ponta é maleável e se adapta a qualquer objeto que segure - assim, não há o perigo de machucar alguém. Steve Sands, porta-voz da empresa, diz que ainda não há aplicações específicas para os equipamentos. "Queremos mostrar que dominamos essas tecnologias inspiradas na natureza. A partir delas, podem surgir ideias de produtos."

A Aurasma mostra a 'propaganda do futuro': ao colocar o celular ou tablet na frente de uma propaganda estática, ela se transforma em real. Personagens que dançam, modelos que desfilam, carros que correm e o que mais você pensar. No fim da propaganda, um link leva diretamente para a loja que está fazendo a promoção, para o cinema que está divulgando o trailer ou para o hotel que está apresentando suas novas instalações. Com os smartphones cada vez mais disseminados, os anúncios logo devem ser todos assim.

Por último, o BubbleScope, da BubblePix. O conceito é simples: pense num periscópio, depois, acople um espelho. Pronto, você tem um aparelhinho que adiciona qualidades 3D à câmera do seu smartphone. O mais genial é que a câmera continua sendo a existente no seu celular, já que o BubbleScope apenas pega a imagem feita por ela e, em conjunto com o aplicativo da BubblePix, a incrementa. Deve ser lançado em junho, inicialmente apenas na versão para iPhone.

Veja os produtos testados na Gadget Show Live na galeria de fotos e um vídeo sobre a Aurasma nas abas desta notícia.

Fonte: Terra
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