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Designer brasileiro lança livro e conta sobre emprego no Google

3 mai 2012 - 09h42
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Ele entrou no Google no início de 2011, e a primeira tarefa que se lembra de ter feito em Mountain View foi o doodle de Carnaval do ano passado. O brasileiro Fábio Sasso trabalhou na arte com Roger Oddone, outro nascido por aqui, a convite dos colegas do time responsável pelo logos comemorativos da companhia. Antes de chegar à Califórnia, porém, o designer criou um blog, o Abduzeedo, que originou o livro homônimo, lançado no Brasil nesta quarta-feira.

Fábio Sasso, que hoje trabalha com geocommerce no Google, na Califórnia, é cocriador do blog Abduzeedo, que deu origem ao livro de mesmo nome
Fábio Sasso, que hoje trabalha com geocommerce no Google, na Califórnia, é cocriador do blog Abduzeedo, que deu origem ao livro de mesmo nome
Foto: Divulgação

Sasso, formado em Desenho Industrial pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), hoje trabalha em produtos como de geocommerce, como o Google Wallet. Ele foi parar no gigante de buscas após um convite que recebeu da companhia, por e-mail. "Eles achavam que eu seria um bom candidato para o time deles, e perguntavam se eu não gostaria de participar de um processo seletivo que estava aberto", lembra o designer brasileiro, em entrevista ao Terra. E como os atuais colegas o encontraram naquele final de 2010? Por causa do blog, que Sasso criou com um amigo em 2006.

O livro Abduzeedo - guia de inspiração para designers, originado do blog, é uma obra colaborativa que traz referências de Sasso acompanhadas de entrevistas e depoimentos de ícones do Design. O volume de 219 páginas foi lançado nos Estados Unidos no ano passado, e chega ao Brasil em 2012 pela Bookman, com preço sugerido de R$ 74. "Foi um sonho realizado, fazer um livro físico", conta Sasso.

O livro trata de diferentes estilos de design, com muitas ilustrações, inspirações e bibliografias. "Mas o melhor são as entrevistas com os profissionais que a gente (do Abduzeedo) considera os melhores em cada estilo, porque o que inspira, mais do que a parte visual, é saber como eles chegaram aonde estão, como é o dia-a-dia de trabalho, como começaram, como tiveram ideias e onde eles buscaram inspiração", conta.

"O acesso à informação quando comecei a atuar profissionalmente, na década de 1990, era difícil, a gente não conseguia saber o que estava acontecendo no mundo, ficava dependente de livros e revistas, em geral importados", lembra. "Hoje o acesso é fácil, tem como saber que um profissional da Colômbia está inovando, tem como compartilhar o trabalho, as referências, como buscar inspirações mais facilmente", enumera, indicando a internet como o grande fator que possibilita a situação atual.

E se a web está tão cheia de informações, por que o livro? "Se você tentar procurar na internet, vai encontrar essas referências, mas o livro é um agregador, fizemos uma curadoria dos trabalhos de cada estilo", afirma. "É uma coleção de trabalhos de outras pessoas, e tem as entrevistas com amigos e profissionais, pessoas que ajudaram o blog a crescer e que o blog ajudou a crescerem também", continua.

Para Sasso, a internet possibilita a colaboração de diferentes maneiras, e com cada uma delas estudantes e profissionais têm a chance de aprender. "Tem muito site ensinando, é possível encontrar infográficos, é possível começar o próprio site", diz. O dele, iniciado em 2006 com o sócio do estúdio de design que tinha em Porto Alegre, está nesta lista.

"Um dia, no final de novembro de 2006, voltamos do almoço e a porta do escritório estava quebrada, fomos roubados e levaram todos os nossos equipamentos, incluindo meus discos de backup. Perdi tudo o que tinha reunido em dez anos, materiais de clientes, imagens de inspiração, trabalhos de faculdade." O blog veio na sequência, como uma forma de fazer um "backup público", uma espécie de diário dos dois designers. "Qualquer coisa que eu aprendesse fazia um pequeno tutorial, às vezes pedia para um cliente se podia publicar o processo de criação da peça", diz.

Mas a "grande sacada" para que o blog atingisse as 100 mil visitas diárias que tem hoje em média, para Sasso, foi escrever em inglês. "Na época os blogs da área eram de países de língua inglesa, e atraímos muito interesse porque o nosso blog era em inglês mas era feito por brasileiros", opina. O projeto, que começou com Sasso e o sócio, expandiu-se em 2008, quando começaram a publicar todos os dias, os acessos acresceram e outras pessoas quiseram participar. Hoje, o designer diz que está afastado do blog, por causa do Google, mas que há seis pessoas, em diferentes lugares do mundo, que cuidam da atualização diária. "Estamos abertos para quem quiser mandar um artigo como convidado de vez em quando", incentiva.

"A nossa ideia sempre foi de um projeto pessoal, algo que a gente não considerasse um trabalho, mas um lugar para inspiração", explica, "nunca fizemos planejamento de crescimento, e a gente quer continuar postando o que nos inspira, porque se chegar o momento em que escrever for uma obrigação, será a hora de parar". Dos planos para o futuro, ele revela que há interesse em criar oportunidades para que os cerca de 3 milhões de visitantes mensais possam interagir mais, mas a dificuldade de ter uma ferramenta para isso e gerir essa ferramenta por enquanto estão segurando os planos.

O designer do Google aconselha aos estreantes da profissão que se mantenham sempre aprendendo, se atualizando e promovendo o trabalho na internet. "Usar sites como portfólio é uma maneira fácil de botar o nome lá fora, de se posicionar no mercado, um mercado que tem carência de designers porque o mundo todo entende que o design é importante", garante, afirmando que o "o diferencial dos produtos hoje é menos a tecnologia e mais o design".

Quanto à sua realização pessoal no gigante da internet, Sasso afirma que sua maior felicidade é poder "aprender muito" com a equipe com que trabalha, e poder compartilhar as informações. "Ver como as pessoas usam (os produtos), como elaborar o design visual, quais os erros comuns, é um trabalho realmente de design, e a estrutura que o Google fornece de trabalhar bastante descobrindo e inovando, com uma equipe em que todo mundo tem uma opinião embasada, isso tudo me realiza", garante.

Fonte: Terra
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